samedi 24 août 2019

Amazónia



Em homenagem à floresta, a 8ª Imagem- O fogo devorando árvores centenárias e a fumaça cobrindo de nuvem escura a terra.
do blog da Prof.ª Lourdes Duarte, quando nos entristece o destino dessas belas criações da natureza.
http://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com/2019/08/94-edicao-do-poetizando-e-encantando.html

Amazónia

Nós te amamos Amazónia!
Quando te vemos como que ferida de morte
Grande é a nossa ansiedade e o nosso clamor.
À frondosa frescura sucede o vazio e o calor.

A terra já nem tem lágrimas de pranto.

A vida dá lugar ao desencanto.
Verde, diversidade, espécies, tudo em cinzas,
Um mundo inóspito, carmim e cinzento

No meio do horror Amazónia não estás só.

Arde a Sibéria com muita dor.
Lá para os lados dos glaciares
Esvoaçam aves e fagulhas transportadas pelo vento
Desaparecem as focas e os ursos polares.


Do Alaska ao Equador
O fogo devora e galga sem compungir.
Gemem as árvores que não podem fugir.
Lúcifer solta gargalhadas de terror.

E sempre o mesmo desespero sem igual
Que nos lembra como já sentimos bater apreensivo
O coração de Portugal.


Angela


Relembrando Alexandre Rodrigues Ferreira (1756-1815)  -  que percorreu a Amazónia de 1783 a 1792.
"...Filho do comerciante português Manuel Rodrigues Ferreira, Alexandre Rodrigues Ferreira nasceu na Bahia em Abril de 1756. Iniciou os seus estudos na Bahia no Convento das Mercês...
Em Coimbra (Portugal), inscreveu-se no Curso de Leis e posteriormente no de Filosofia Natural e Matemática, bacharelando-se aos 22 anos.
Prosseguiu seus estudos na Universidade de Coimbra onde chegou a exercer a função de Preparador de História Natural. Em 1779 obteve, nesta mesma Universidade, seu título de doutor e começou a trabalhar no Real Museu D'Ajuda. Aos 22 de maio de 1780 foi admitido como membro correspondente na Real Academia das Ciências de Lisboa.
Em 1773 a Rainha, Dona Maria I, ordenou a Alexandre Rodrigues Ferreira, na qualidade de naturalista, que empreendesse uma Viagem Filosófica pelas Capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá.

...Em 1783 o naturalista deixou o seu cargo no Museu da Ajuda (Lisboa) e, em Setembro, partiu para o Brasil.
Os nove anos seguintes foram dedicados a percorrer o centro-norte do Brasil, a partir das ilhas de Marajó, Cametá, Baião, Pederneiras e Alcobaça. Subiu o rio Amazonas e o rio Negro até à fronteira com as terras espanholas, navegou pelo rio Branco até à serra de Cananauaru. Subiu o rio Madeira e o rio Guaporé até Vila Bela da Santíssima Trindade, então capital do Mato Grosso. Seguiu para a vila de Cuiabá, transpondo-se da bacia amazônica para os domínios do Pantanal Mato-Grossensse, já na bacia do rio da Prata. Navegou pelos rio Cuiabá, pelo rio São Lourenço e pelo rio Paraguai….

Roteiro da Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira :
...Voltou a Belém do Pará em Janeiro de 1792. Tinha, como se vê, percorrido as capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá de 1783 a 1792....Ficou também encarregado de tecer comentários filosóficos e políticos sobre o que visse nos lugares por onde passasse...
Inventariara a natureza, as comunidades indígenas e seus costumes, avaliou as potencialidades econômicas e o desempenho dos núcleos populacionais. Foi a mais importante viagem durante o período colonial...." (informações encontradas em textos da internet)
Post ilustrado com imagens das estampas preparadas durante a viagem do naturalista Alexandre Ferreira (da net)
Floresta da Amazónia - Imagem da net

dimanche 18 août 2019

Judith Teixeira - "Liberta - Liberee"


O Poetizando e Encantando vai na sua 93a Edição. Obrigada querida Lourdes pelo sempre simpático convite!
Selecionando a 4ª Imagem- Um lindo casal de noivos se beijando ardentemente, num cenário de sonhos.

https://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com/2019/08/93-edicao-do-poetizando-e-encantando.html



Para ilustrar o tema, transcrevo um poema de Judith Teixeira, poetisa portuguesa natural da cidade de Viseu onde nasceu em 1880. Nos seus poemas sempre a Judith Teixeira celebra a paixão amorosa!

Liberta

Noutros cenários a minha alma vive!
Outros caminhos…
Por outras luzes iluminada!
- Eu vim daquele mundo onde estive
tanto tempo emparedada…

Andavam de negro
As minhas horas…
A esquecer-me da vida -
Não me encontrava!
Meus sonhos amortalhados
Em crepúsculo,
A noite não os levava!
...….......................

Um entardecer triste e doloroso
Enrubesceu o céu!
E o meu olhar ansioso
Fundiu-se no teu!
.............................

E as tuas lindas mãos,
Esguias e nevróticas,
Pintam-me telas rubras
Bizarras e exóticas
De largos horizontes…
.............................

Hoje, ergue-me a ânsia enorme
De outras horas viver!
- Sensualizando a vida,
Descobrindo novas fontes
De dor e de prazer…
- Orgias de estranha cor
de que tu fosses somente
o extraordinário inventor!

Judith Teixeira, in 'Decadência'  (1920)


E a minha participação ao tema do dia :

Naquele dia

Naquele dia de grande felicidade,
dissemos que sim a uma vida de amor,
dissemos que sim ao calor de um leito,
forrado com pétalas de rosas e de cor.

Pintámos de vermelho corações entrelaçados,
fizemos projetos, imaginámos filhos,
no nosso peito de jovens abraçados,
dormimos sob o luar acolhedor.

Quem lhe poderia dar maior valor,
a esse dia de devaneio e de magia,
não fosse todo ele de luas e de estrelas

E repleto das nossas promessas singelas,
dos nossos olhares em contínuo encanto,
que espantam e deslumbram o firmamento!

Angela


Convido-vos por fim a acompanhar "O momento em que (a cantora portuguesa) Cuca Roseta canta "Avé Maria" no seu próprio casamento":
e
Publié par Cuca Roseta -  Publicado em 21/06/2017

samedi 10 août 2019

Castelo de sonhos



Castelo de sonhos

Construo o meu castelo de sonhos,
em monte encimado de lua.
Visto a minha vida de folhos,
dou a cara à formosura.
Com emoções redobradas,
passos fortes de gigantes, 
ecoam nas encostas assombradas.

Promessas que o vento levou,
quando a poesia descansa, 
e que o luar em redor amansa, 
formando cenários reais,
com tons quentes de outono,
em circundantes matagais.

Acordam morcegos e vampiros,
cochilam andorinhas nos beirais.
Sonhamos com vidas renascidas,
no amarinhar de frescura, 
incentivadas por veredas,
onde se deita a noite escura.

São pensamentos da beleza,
que me atrapalha o olhar.
É a luz branca que pinta os céus,
desvenda e agasalha a paisagem,

em doce e suave cismar. 

Angela

O Poetizando segue em frente, encantando. E já vai na sua 92ª Edição! Para ilustrar a minha participação, selecionei a 2ª Imagem do blogue da Prof. Lourdes Duarte - Uma linda jovem com vestes finas vermelha, caminha em direção a um castelo.
http://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com/2019/08/92-edicao-do-poetizando-e-encantando.html
Obrigada pelo convite, amiga Lourdes.
"...A brincadeira tem como objetivo incentivar o gosto pela poesia, a interação entre amigos, visitando, comentando e seguindo os blogues participantes…".


E convido-vos de seguida a ver imagens antigas de Sintra (arredores de Lisboa), e ouvir a canção "Castelos no ar" cantada pela atriz portuguesa Beatriz Costa (imagens de um filme de 1933 - "A canção de Lisboa") 
"...O excerto destinado a Sintra retrata o divagar de Alice (Beatriz Costa) num dos seus sonhos, durante o seu trabalho, onde se vê casada com Vasco Leitão…"
Beatriz Costa Beatriz Costa - Castelos no ar (nome da canção)
Cenas do filme "A Canção de Lisboa" - um filme português de 1933 
Publié par Manfredi Buonomo - Publicado a 06/03/2013
com Vasco Santana, Beatriz Costa - Na cena Beatriz Costa, através da personagem "Alice" sonha com o seu casamento com Vasco (Vasco Santana).


(Letra)
Todas nós temos na vida uma ilusão mais querida, ilusão de amor.
Uma esperança mais extremosa, um sonho cor-de-rosa, perturbador.
Também eu vivo a sonhar e vejo-me a passar entre a multidão,
quando um dia eu me casar, saindo com o meu par, cheia de emoção.
Pombas lindas às centenas, vejo-as esvoaçar pelo azul do céu, da cor das açucenas e do meu véu.

Julgo às vezes que é verdade e chego a acreditar que o bom Deus o quis,
que o meu sonho é realidade e que eu vou ser feliz.

Tem tantos encantos, sonhar castelos no ar.
Dormir e não despertar, quem dera!
Viver no falso ideal de uma quimera.
Passar a vida, a sonhar!

Logo após o casamento, eu sonho aquele momento ideal p'ra nós.
Em que iremos enlaçados, meigos namorados, p'ra longe a sós.
Num ambiente de ventura, de paz, de frescura e de solidão,
entre sombras de arvoredo, um beijo dado a medo, imagino então.

O aroma embriagador da primavera em flor, embalsama o ar,
nesse jardim de amor que vejo a sonhar.
E ele, o meu apaixonado, eu vejo-o ajoelhado bem junto a mim,
confessando-me enlevado, uma paixão sem fim.

Tem tantos encantos, sonhar castelos no ar.
Dormir e não despertar, quem dera!
Viver no falso ideal de uma quimera.
Passar a vida, a sonhar!

source:http://quartodeespelhos.blogspot.com/2014/02/esta-oficialmente-aberta-season-de.html?m=0

jeudi 8 août 2019

Antero de Quental As fadas / les Fees


A convite da Prof.ª Lourdes Duarte e da 91ª EDIÇÃO DO POETIZANDO E ENCANTANDO 
imergimos na fantasia e na imaginação do sedutor mundo da infância.




6ª Imagem- Uma criança debaixo de uma árvore bem alta, segurando seu tronco observa sua altura, admirada.



Diz-se que Antero de Quental adotou as duas meninas filhas de um amigo que faleceu ainda jovem. E que terá sido para elas, que ele compôs o poema "As fadas", para lhes dar a conhecer o mundo mágico dos seres encantados que interagem com a natureza. 


Antero de Quental (1842-1891) nasceu em Ponta Delgada, foi um poeta e filósofo português. Foi um verdadeiro líder intelectual do Realismo em Portugal. Dedicou-se à reflexão dos grandes problemas filosóficos e sociais de seu tempo. Contribuiu para a implantação das ideias renovadoras da geração de 1870.

Em 1858, com 16 anos, Antero de Quental ingressou no curso de Direito na Universidade de Coimbra. Tornando-se o líder dos académicos, graças à sua marcante personalidade.

Ainda estudante de Coimbra, Antero de Quental liderou um grupo de estudantes, que repudiava as velhas ideias do Romantismo, causando uma polémica entre a velha e a nova geração de poetas. 
Source:https://www.ebiografia.com/antero_quental/
As fadas

As fadas… eu creio n'ellas!
Umas são moças e bellas,
Outras, velhas de pasmar…
Umas vivem nos rochedos,
Outras, pelos arvoredos,
Outras, á beira do mar...

Algumas em fonte fria
Escondem-se, enquanto é dia,
Saem só ao escurecer…
Outras, debaixo da terra,
Nas grutas verdes da serra,
É que se vão esconder...

O vestir… são taes riquezas,
Que rainhas, nem princesas
Nenhuma assim se vestiu!
Porque as riquezas das fadas
São sabidas, celebradas
Por toda a gente que as viu…

Quando a noite é clara e amena
E a lua vai mais serena,
Qualquer as pode espreitar,
Fazendo roda, ocupadas
Em dobar suas meadas
De ouro e de prata, ao luar.

O luar é os seus amores!
Sentadinhas entre as flores
Horas se ficam sem fim,
Cantando suas cantigas,
Fiando suas estrigas,
Em roca de oiro e marfim.

Eu sei os nomes d'algumas:
Viviana ama as espumas
Das ondas nos areaes,
Vive junto ao mar, sozinha,
Mas costuma ser madrinha
Nos batizados reaes.

Morgana é muito enganosa;
Ás vezes, moça e formosa,
E outras, velha, a rir, a rir…
Ora festiva, ora grave,
E voa como uma ave,
Se a gente lhe quer bulir.

Que direi de Melusina?
De Titania, a pequenina,
Que dorme sobre um jasmim?
De cem outras, cuja gloria
Enche as paginas da historia
Dos reinos de el-rei Merlin?

Umas tem mando nos ares;
Outras, na terra, nos mares;
E todas trazem na mão
Aquella vara famosa,
A vara maravilhosa,
A varinha do condão.

O que ellas querem, n'um pronto,
Fez-se alli! parece um conto…
Mesmo de fadas… eu sei!
São condões que dão á gente,
Ou dinheiro reluzente
Ou joias, que nem um rei!

A mais pobre criancinha
Se quiz ser sua madrinha,
Uma fada… ai, que feliz!
São palácios, n'um momento…
Belleza, que é um portento…
Riqueza, que nem se diz…

Ou então, prendas, talento,
Ciência, discernimento,
Graças, chiste, discrição…
Vê-se o pobre inocentinho
Feito um sábio, um adivinho,
Que aos mais sábios vae á mão!

Mas, com tudo isto, as fadas
São muito desconfiadas;
Quem as vê não hade rir.
Querem ellas que as respeitem,
E não gostam que as espreitem,
Nem se lhes hade mentir.

Quem as ofende… Cautela!
A mais risonha, a mais bella,
Torna-se logo tão má,
Tão cruel, tão vingativa!
É inimiga agressiva,
É serpente que alli está!

E têm vinganças terríveis!
Semeiam cousas horríveis,
Que nascem logo no chão...
Línguas de fogo que estalam!
Sapos com azas, que falam!
Um anão preto! um dragão!

Ou deitam sortes na gente…
O nariz faz-se serpente,
A dar pulos, a crescer…
É-se morcego ou veado…
E anda-se assim encantado,
Enquanto a fada quiser!

Por isso quem por estradas
For, de noite, e vir as fadas
Nos altos mirando o céu,
Deve com jeito falar-lhes
Muito cortês e tirar-lhes
Até ao chão o chapéu.

Porque a fortuna da gente
Está ás vezes somente
N'uma palavra que diz;
Por uma palavra, engraça
Uma fada com quem passa,
E torna-o logo feliz.

Quantas vezes, já deitado,
Mas sem sono, inda acordado,
Me ponho a considerar
Que condão eu pediria,
Se uma fada, um bello dia,
Me quisesse a mim fadar…

O que seria? um tesouro?
Um reino? um vestido de ouro?
Ou um leito de marfim?
Ou um palácio encantado,
Com seu lago prateado
E com pavões no jardim?

Ou podia, se eu quisesse,
Pedir também que me desse
Um condão, para falar
A lingua dos passarinhos,
Que conversam nos seus ninhos…
Ou então, saber voar!

Oh, se esta noite, sonhando,
Alguma fada, engraçando
Comigo (podia ser!)
Me tocasse da varinha,
E fosse minha madrinha
Mesmo a dormir, sem a ver…

E que amanhã acordasse
E me achasse… eu sei? me achasse
Feito um príncipe, um emir!...
Até já, imaginando,
Se estão meus olhos fechando…
Deixa-me já, já dormir!

Antero de Quental


"Les fées" un poème initiatique que le poète portugais Antero de Quental (1842-1891) aurait composé pour ses deux petites filles adoptives (les enfants d'un ami décédé). Le monde enchanté des fées si mystérieux et plein de magie se révèle aux enfants avides de moments magiques.
Dans le texte poètique, le poète donnent des explications sur les comportements des êtres légendaires (les fées) qui savent si bien utiliser leurs pouvoirs mystérieux, et qui s'associent aux éléments naturels et à l'harmonie des lieux; mais par moments ces créatures peuvent aussi paraitre bizarres et agressives!