Para comemorar a
100ª EDIÇÃO DO POETIZANDO E ENCANTANDO
100ª EDIÇÃO DO POETIZANDO E ENCANTANDO
Do blogue da Prof. Lourdes Duarte
https://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com/2019/10/100-edicao-do-poetizando-e-encantando.html
a 1ª IMAGEM - Um castelo de areia construído na palma da mão
Dou a palavra ao poeta Alberto Caeiro
Da mais alta janela da minha casa (Poema), de Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa)
Da mais alta janela da minha casa
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a humanidade.
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a humanidade.
E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.
Ei-los que vão já longe como
que na diligência
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo.
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo.
Quem sabe quem os lerá?
Quem sabe a que mãos irão?
Quem sabe a que mãos irão?
Flor, colheu-me o meu destino
para os olhos.
Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas.
Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.
Submeto-me e sinto-me quase alegre,
Quase alegre como quem se cansa de estar triste.
Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas.
Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.
Submeto-me e sinto-me quase alegre,
Quase alegre como quem se cansa de estar triste.
Ide, ide de mim!
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.
Passo e fico, como o Universo
Alberto Caeiro hétéronyme (double) du poète portugais Fernando Pessoa, né en 1888, à Lisbonne, décédé en 1935. Fernando Pessoa s'entoure de personnage imaginaires pour écrire son oeuvre.
ma traduction d'amateur se fait ainsi:
De la plus haute fenêtre de ma maison
Avec un mouchoir blanc je dis adieu
À mes vers qui partent pour l'humanité
Et je ne suis ni gai ni triste.
C'est le destin des poèmes.
Je les ai écrits et je dois les montrer à tous
Parce que je ne peux pas faire autrement
Comme la fleur qui ne peut pas cacher sa couleur,
Ni la rivière qui ne peut cacher son courant,
Ni l'arbre peut cacher qu'elle donne des fruits.
Les voilà qui s'éloignent comme empressés.
Et moi sans le vouloir, j'éprouve de la peine
Comme une douleur dans le corps.
Qui les lira?
Qui sait dans quelles mains vont-ils arriver?
Fleur, mon destin est d'avoir été cueillie pour les yeux.
Arbre, mes fruits m'ont été arrachés pour les bouches.
Rivière, le destin de mon eau était de ne pas rester en moi.
Je me soumets et je me sens presque heureux,
Presque joyeux comme quelqu'un qui se fatigue d'être triste.
Partez, quittez-moi!
L'arbre meurt et est dispersée dans la nature.
La fleur se fanne et sa poussière dure toujours.
La rivière coule, se jette dans la mer et son eau est toujours celle qui fut la sienne.
Je passe et je reste, tout comme l'univers.
À mes vers qui partent pour l'humanité
Et je ne suis ni gai ni triste.
C'est le destin des poèmes.
Je les ai écrits et je dois les montrer à tous
Parce que je ne peux pas faire autrement
Comme la fleur qui ne peut pas cacher sa couleur,
Ni la rivière qui ne peut cacher son courant,
Ni l'arbre peut cacher qu'elle donne des fruits.
Les voilà qui s'éloignent comme empressés.
Et moi sans le vouloir, j'éprouve de la peine
Comme une douleur dans le corps.
Qui les lira?
Qui sait dans quelles mains vont-ils arriver?
Fleur, mon destin est d'avoir été cueillie pour les yeux.
Arbre, mes fruits m'ont été arrachés pour les bouches.
Rivière, le destin de mon eau était de ne pas rester en moi.
Je me soumets et je me sens presque heureux,
Presque joyeux comme quelqu'un qui se fatigue d'être triste.
Partez, quittez-moi!
L'arbre meurt et est dispersée dans la nature.
La fleur se fanne et sa poussière dure toujours.
La rivière coule, se jette dans la mer et son eau est toujours celle qui fut la sienne.
Je passe et je reste, tout comme l'univers.
(da internet, com moderação)
CARLOS CARLOS PAIÃO - VERSOS DE AMOR
Publié par Luis Santos Saudoso Carlos Paião,
um grande abraço onde quer que estejas! RTP 1980
Versos de Amor
Carlos Paião
Com o seu fato domingueiro,
Dormindo a aldeia, brilhando a lua,
Num céu de estrelas, conselheiro
Coração quente, timidamente,
À sua porta então chamou
E abriu-se a janela e só para ela,
Triste, cantou...
Versos de amor,
Lindos esses versos de amor
Que fizera em segredo,
A sonhar, quase a medo,
Um viver tentador.
A sua vida por uns versos de amor,
Lindos esses versos de amor
Na mais terna amargura,
O silêncio murmura uma história de amor
A noite imensa, foi mais rainha,
Quando uma lágrima caiu,
Na recompensa, o amor que tinha,
Ela também chorou, sorriu
Foi tão bonito, tinham-lhe dito,
Que amar ás vezes faz doer,
Mas a dor que sentia,
Não lhe doía, dava prazer...
Versos de amor,
Lindos esses versos de amor
Que fizera em segredo,
A sonhar, quase a medo,
Um viver tentador.
A sua vida por uns versos de amor,
Lindos esses versos de amor
Na mais terna amargura,
O silêncio murmura uma história de amor
Na mais terna amargura,
O silêncio murmura uma história de amor.
Os sentimentos, trá--los o vento,
o dia à espera, o tempo a amar
e o beijo que deram emudeceram tanta paixão!
Versos de amor, lindos esses versos de amor
Que fizera em segredo, a sonhar, quase a medo
um viver tentador.
A sua vida por uns versos de amor
Lindos esses versos de amor
Na mais terna amargura,
O silêncio murmura uma história de amor!