Ana Paula Tavares
Ana Paula Ribeiro Tavares, née à Lubango le 30 octobre 1952, est une poétesse et écrivain angolaise.
Historienne de formation, elle enseigne, de nos jours, la littérature africaine à l'Université Católica de Lisbonne.
Je vous invite à lire un des poèmes de cette grande poétesse contemporaine, que j'ai traduit (en amateur) pour vous aider à mieux le comprendre. Dans ses oeuvres, l'auteur revisite l'histoire et la condition de la femme africaine.
Canto de nascimento / le chant de la naissance
les mains sont prêtes
le jour a arrêté sa marche lente
pour plonger dans la nuit.
Les mains créent dans l'eau
une nouvelle peau
des draps blancs
une casserole qui bout
plus la lame à couper
Une douleur aigue
qui marque les intervalles du temps
vingt courges de lait
que le vent transforme en beurre
la lune posée sur la pierre à aiguiser
Une femme offre à la nuit
le silence ouvert
d'un cri
pas de son ni de geste
rien que le silence ainsi ouvert au cri
poussé entre les intervales des larmes
Les vieilles égrènent de lentes mémoires
qui éclairent la nuit avec des mots
puis se réchauffent les mains qui allument des feux
Une femme brûle
sur le feu d'une douleur gelée
pareille à toutes les douleurs
la plus douleureuse des douleurs.
Cette femme brûle
au milieu de la nuit perdue
recevant la rivière
pendant que les petits enfants dorment
leurs petits rêves de lait.
Voici le texte original du poème:
Canto de nascimento
Aceso está o fogo
prontas as mãos
o dia parou a sua lenta marcha
de mergulhar na noite.
As mãos criam na água
uma pele nova
panos brancos
uma panela a ferver
mais a faca de cortar
Uma dor fina
a marcar os intervalos de tempo
vinte cabaças de leite
que o vento trabalha manteiga
a lua pousada na pedra de afiar
Uma mulher oferece à noite
o silêncio aberto
de um grito
sem som nem gesto
apenas o silêncio aberto assim ao grito
solto ao intervalo das lágrimas
As velhas desfiam uma lenta memória
que acende a noite de palavras
depois aquecem as mãos de semear fogueiras
Uma mulher arde
no fogo de uma dor fria
igual a todas as dores
maior que todas as dores.
Esta mulher arde
no meio da noite perdida
colhendo o rio
enquanto as crianças dormem
seus pequenos sonhos de leite.
– Ana Paula Tavares, em “O lago da lua”.prontas as mãos
o dia parou a sua lenta marcha
de mergulhar na noite.
As mãos criam na água
uma pele nova
panos brancos
uma panela a ferver
mais a faca de cortar
Uma dor fina
a marcar os intervalos de tempo
vinte cabaças de leite
que o vento trabalha manteiga
a lua pousada na pedra de afiar
Uma mulher oferece à noite
o silêncio aberto
de um grito
sem som nem gesto
apenas o silêncio aberto assim ao grito
solto ao intervalo das lágrimas
As velhas desfiam uma lenta memória
que acende a noite de palavras
depois aquecem as mãos de semear fogueiras
Uma mulher arde
no fogo de uma dor fria
igual a todas as dores
maior que todas as dores.
Esta mulher arde
no meio da noite perdida
colhendo o rio
enquanto as crianças dormem
seus pequenos sonhos de leite.
Ana Paula Ribeiro
Tavares nasceu no
Lubango, província da Huíla, a 30 de Outubro de 1952. Passou parte da sua
infância naquela província, onde fez os seus estudos primários e secundários.
Iniciou o seu curso de História da Faculdade de Letras do Lubango (hoje
ISCED-Lubango), terminando-o em Lisboa. Em 1996 concluiu o Mestrado em
Literaturas Africanas. Atualmente vive em Lisboa,...
source:https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=2258
Je vous invite aussi à connaitre Lubango, ville natale de Ana Paula Tavares, une ville construite par les Portugais dans le sud d’Angola, et qui s’appelait Sá da Bandeira avant l’indépendance de la colonie (1975), et avant la guerre:
Angola de outros tempos Sá da Bandeira Lubango 2
Publié par Ilidio G Ferrão
Angola de outros tempos Sá da Bandeira Lubango 2
Publié par Ilidio G Ferrão
É com muito gosto respondo ao seu convite:) da 39ª EDIÇÃO DO POETIZANDO E ENCANTANDO da querida Prof. Lourdes qui nos propõe várias imagens, entre as quais esta
2ª Imagem - UMA PAISAGEM de um grande lago, sol brilhante a iluminar, uma jovem pensativa, caminha descalça na areia.
source: https://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.pt/
Deusa materna
Eu, mulher, integro por género e condição,
o mar de lamúrios reprimidos e infindáveis
que palmilham o tempo e o rumo,
de ritos longínquos e improváveis
Queimam-me as fagulhas de fogueiras,
da doce terra quente subsariana,
que competem com as estrelas
em delírios azuis, de Copacabana
Oiço os cânticos das divindades,
oriundas de pântanos e de lagos,
chegam-me os queixumes dos morros,
filhos de pálido luar, e leves afagos
Assim sigo pela praia lusitana
descalça, de olhos fixos no cenáriode água e contornos ondulantes,
lendo estrofes, de esmero lendário
E eis que ao acaso, deixada na estrada
a deusa materna de ventre fecundo
esconde o grito do seu clamor
em dobras de silêncio profundo
Angela
QUERIDA ÂNGELA! QUE POSTAGEM MAGNÍFICA! PRIMEIRA PARTE ESSA LINDA HOMENAGEM A GRANDE MULHER, POETISA Ana Paula Tavares.
RépondreSupprimerE quanto a sua participação, uma pérola de poesia!
Destaco aqui seu lindo verso em que descreveu lindamente as areias de Copacabana.
Queimam-me as fagulhas de fogueiras,
da doce terra quente subsariana,
que competem com as estrelas
em delírios azuis, de Copacabana.
Sua inspiração está majestosa amiga!
E Es que finalisaste de fora perfeita e linda sua majestosa poesia.
E eis que ao acaso, deixada na estrada
a deusa materna de ventre fecundo
esconde o grito do seu clamor
em dobras de silêncio profundo
Parabéns e muito obrigada por mais uma vez participar e nos encantar. Seja sempre bem vinda querida. Abraços, tenha um fim de semana feliz e abençoado.
Gosto muito de Ana Paula Tavares, já a publiquei, no entanto, não conhecia este poema.
RépondreSupprimerGostei do seu poema... gosto do seu estilo que denota
grande sensibilidade... parabéns.
Dias bons e inspirados.
Beijinhos
~~~~
Amiga Ângela, você não só poetizou, você nos deu uma aula sobre Ana Paula Ribeiro Tavares que amei conhecer essa mulher poetisa, mais um pouco. Sua poesia linda! Encantadora! majestosa! Parabéns! Abraços
RépondreSupprimerBoa noite, querida amiga Ângela!
RépondreSupprimerHoje, estou com uma indisposição e vou me ater a comentar a poesia da BC.
Muito bonita... os dois últimos versos me leram, querida...
Voltarei pelo demais na postagem no capricho que é sua marca.
Seja muito feliz e abençoada junto aos seus amados!
Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem
😚😍💟
Confesso que não conhecia.
RépondreSupprimerBoa semana
¡Hola Ángela!
RépondreSupprimerTienes un precioso espacio, y los versos son muy bellos y profundos. Felicidades a la autora, aunque no la conozca, e igualmente para ti por saber elegir.
Gracias por compartir algo tan bello.
Te dejo mi gratitud y estima.
Un beso y feliz semana.
Boa tarde, querida amiga Ângela!
RépondreSupprimerUma mulher oferece à noite
o silêncio aberto
de um grito
sem som nem gesto
apenas o silêncio aberto assim ao grito
solto ao intervalo das lágrimas
Estes versos da referida poetisa são lindos...
Tão bonitas são suas postagens, querida!
Do seu poema relido agora, extraio uma beleza sutil; a mulher na sua integra... na sua essência... que expressivo!
Por aqui, se prima a cultura e a beleza das postagens, amiga.
Seja muito feliz e abençoada junto aos seus amados!
Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem
😚😍💟
Olá querida Ângela!
RépondreSupprimerQue bom que você veio e se inspirou belamente na imagem que carrega sentimento de liberdade, jornada e desejos de não parar.
Seus dois últimos versos definem bem, pois é no silencio profundo, que se encontra o esquecido ou perdido.
Linda sua construção e inspiração poética com encanto.
Carinhoso abraço.
Beijo amiga.
Angela!
RépondreSupprimerHomenagem linda a maternidade através de versos tão bem compostos e sentimentais.
Parabéns!
FELIZ DIA DOS NAMORADOS!
“Sou uma só. (...) Sou um ser. E deixo que você seja. Isso lhe assusta? Creio que sim. Mas vale a pena. Mesmo que doa. Dói só no começo.” (Clarice Lispector)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com/2018/06/divulgacao-cultural-78-39-poetizando-e.html
hello,
RépondreSupprimeri'm a new follower of your nice blog, can you follow mine on my blog? many thanks!
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Boa tarde!
RépondreSupprimerChegando com o convite do poetizando.
A poesia encanta... é suave, é agradável.
A poesia é como um doce que a cada mordida
acalma, conforta, anima e aos olhos de
quem ama poesia, deixa o mundo mais alegre e colorido.
Então que seja doce a sua vida, vamos poetizar!
Acabei de postar o poetizando, essas semanas que não estou fazendo outras postagens, anteciparei o poetizando.
Espero que goste das imagens sugeridas.
Seja mais uma vez bem vinda com seu lindo poetar que só nos encanta!
Espero que a sua tarde
seja linda, especial
e que antes da noite
chegar ainda sorria
muito e que tenhas
um lindo e abençoado
fim de semana.
Abraços da amiga Lourdes Duarte.