samedi 28 juillet 2018

Fernando Pessoa - "O meu olhar / mon regard"



Fernando Pessoa. Le grand poète portugais du XXe siècle (1888-1935) qui s’inventait des doubles, nous offre la création de plusieurs «hétéronymes», chacun avec une personalité différente, à qui il attribue une partie de son oeuvre poétique.
Alberto Caeiro est l'un de ses hétéronymes.
Photos de Fernando Pessoa, source Wikipedia 


J'ai aimé ce travail présenté sur youtube, pour illustrer le poème, je me permets de le partager avec vous !

https://www.youtube.com/watch?v=JmyW1-q1OlM

 Poema "O meu olhar" - Fernando Pessoa 
Publié par Isabel Ferraz Ajoutée le 13 août 2010 

J'ai preparé en rouge ma traduction d'amateur, de ce poème "Mon regard" de Fernando Pessoa, ici sous le nom de Alberto Caeiro, le côté bucolique de Pessoa et l'oeuvre "le gardien de troupeaux", dont voici un extrait:

Mon regard est clair comme un tournesol.
J'ai l'habitude de marcher le long des routes
En regardant à droite et à gauche,
Et de temps en temps en regardant en arrière ...
Et ce que je vois à chaque instant
C'est ce que je n'avais jamais vu auparavant,
Et je m’en rends très bien compte ...
Je connais l'ébahissement essentiel
Qu'aurait un enfant si, à la naissance,
Il aurait la conscience de naître vraiment ...
Je me sens né à chaque instant
À l’éternelle nouveauté du monde ...
Je crois au monde comme à une pâquerette,
Parce que je le vois. Mais je ne pense pas à lui.
Parce que penser c'est ne pas comprendre ...
Le monde n'a pas été fait pour qu’on pense à lui
(Penser c'est être malade des yeux)
Mais pour le regarder et tout en étant d'accord ...
Je n'ai pas de philosophie: j'ai des sens ...
Si je parle de la nature ce n'est pas parce que je sais ce que c'est,
Mais parce que je l'aime, et je l'aime pour cela,
Parce que celui qui aime ne sait jamais ce qu'il aime
Ni il sait pourquoi il aime, ni ce que c’est qu’aimer...
Aimer c’est l'innocence éternelle,
Et l’unique innocence est de ne pas penser.




Et voici le texte original du poème :

O meu olhar é nítido como um girassol

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo…
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender …
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar …
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar…

Alberto Caeiro, in “O Guardador de Rebanhos – Poema II”




Em resposta ao convite da 46ª edição do Poetizando e Encantando, da professora Lourdes, de onde tiro a seguinte imagem que me inspirou para brincar com as palavras !
1ª Imagem- Uma jovem entre as árvores, com uma bicicleta carregada de flores, sente o ar puro da natureza. http://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com/

Livre pensamento

Passos que arrasto encurtam espaços,
e aproximam as flores dos jardins. De mansinho,
erguem-se as cores luminosas de um lindo dia !
São amores cristalinos em manhãs frondosas,
trilhos saudosos de eterna primavera,
as árvores e os frutos, da paz na terra.

Quando olhos lacrimosos pintam quadros irreais,
esqueço as palavras, e sinto livre o pensamento.
Vejo pombas brancas que se escapam de pombais,
terras prometidas, arcas de Noé, amores-perfeitos,
ternos sonhos, empurrados pelo vento.
E agradeço a oportunidade

Dos meros instantes presos na saudade,
à beira dos caminhos, e na luz das ramagens.
Ai surgem adornados castelos de fadas,
por onde prossigo a minha viagem,
escutando o sopro da brisa,
nos murmúrios e encantos da paisagem !

Angela


dimanche 22 juillet 2018

Marco Rodrigues - "Valsa das Paixoes / Valse des Passions"


Bom dia amigos, bem-vindos e bem-vindas ao bloguinho das poesias :)
Em resposta ao convite da prof. Lourdes, que nos convida a brincar com as palavras, escolhi a
2ª Imagem - Um lindo casal com roupas finas, esvoaçantes, dançam e se beijam como se estivessem flutuando entre as nuvens. Ao meu ver, o amor os deixa leve, flutuando entre as estrelas.


Valsa azul

O café da manhã tinha pétalas de rosa!
amores leves unidos na paixão,
lugares distantes, romance,
ritual matrimónio e sedução!

E sentimo-nos filhos do vento
nos céus azuis onde mora o amor,
onde a brisa espalha o nosso sentimento,
tecendo maravilhas ondulantes de luz!

Meu amigo, meu amante, deixei a saudade,
em altares que exaltam o voo das aves,
em cânticos sem barreiras pela cidade

E nos teus braços aperto a felicidade,
numa valsa de emoções que me ensina a coabitar,
em sintonia com o meu sonho, e o noivar!

Angela  

E na oportunidade, ficamos no mundo da dança, também vos convido a ouvir a linda canção "Valsa das Paixões" interpretada pelo Marco Rodrigues e pela Mafalda Arnauth:


Je vous invite à écouter la "Valsa das Paixões" chantée par Marco Rodrigues et par Mafalda Arnauth:
mmmmmmmmmmm 
VALSA DAS PAIXÕES | MARCO RODRIGUES 
Publié par marcorodriguesfados 
Ajoutée le 28 mai 2011 
Espero que gostem, vou colocar a minha tradução de amador para ajudar / je vous présente ma traduction d'amateur pour aider ceux qui ne comprennent pas le portugais:

Valsa das paixões  / Valse des passions

Não sei se me dás o prazer desta dança / M'accorderás tu le plaisir de cette danse 
Não sei se me sinto mais velho ou criança / Je ne sais si je me sens plus vieux ou plus enfant
Não tenho par mas nos teus olhos      / Je n'ai pas de cavalier mais dans tes yeux
Percebo um convite para eu avançar / Je vois une invitation à la danse
Por entre o som da minha voz e da tua / Parmi le son de ta voix et de la mienne
A valsa sai seguindo rua após rua  / La valse continue par les rues
Eu rodo no ar                   / Je tourne dans l'air
E sinto me um rei            / Je me sens comme un roi
A dançar como jamais dancei / Et je danse comme je n'ai jamais dansé
Dançam as paixões      / Dancent les passions
Dança o tempo             / Dance le temps
Dançam as canções      / Dancent les chansons
Dança o vento.             / Dance le vent
Dançar é chamar corpo ao pensamento. / Dancer c'est donner le corps à la pensée
É ir atrás do mar quando o mar vem atrás de nós. / C'est suivre la mer quand elle vient derrière nous
Dançam corações sem abrigo / Dancent les coeurs sans abri
Mas só tu danças comigo     / Mais tu es la seule qui danse avec moi
A lua vai fazer-te uma serenata  / La lune te joue une serenate
Dançam as paixões               / Dancent les passions
E tu vais descobrir a palavra exacta / Et tu vas découvrir le mot correct
Dançam as canções        / Dancent les chansons
O teu prazer:                    /Ton plaisir
A melodia                  / La mélodie
Que dentro de mim já começa a nascer / Qui dans mon corps commence à naître
A roupa que deixamos no chão do quarto  / Les vêtements que nous laisson sur le sol de la chambre
Os beijos gratos que contigo reparto  /  Les baisers nous partageons
A noite, o luar        / La nuit, le clair de lune
O sol da manhã      / Le soleil du matin
E lá fora uma valsa a tocar   / Et dehors une valse qui joue
Dançam as paixões      / Dancent les passions
Dança o tempo            / Dance le temps
Dançam as canções      / Dancent les chansons
Dança o vento.             / Dance le vent
Dançar é chamar corpo ao pensamento. / Danser c'est donner le corps à la pensée
É ir atrás do mar quando o mar vem atrás de nós. / C'est suivre la mer quand elle vient derrière nous
Dançam corações sem abrigo / Dans les coeurs sans abri
Mas só tu mas só tu danças comigo / Mais tu es la seule qui danse avec moi

Dançam as paixões           / Dancent les passions
Dançam as paixões         / Dancent les passions
Dançam as canções          / Dancent les les chansons….

mardi 17 juillet 2018

Cancioneiro - "Porque nao me ves Joana / Pourquoi ne veux-tu pas me voir Joana"



Le “Cancioneiro de Elvas” fait partie d’une série de manuscrits (cancioneiros) Portugais du XVIe siècle. Des poètes talentueux y réunissaient des oeuvres musicales et des poésies, surtout des poèmes d’amour, de la Renaissance. 

Je vous laisse découvrir un poème du manuscrit cité plus haut, chanté par le groupe "Capela Ultramarina":
 
Porque me não vês Joana 
Publié par Fabio Vianna Peres Ajoutée le 29 oct. 2014 Capela Ultramarina "Porque me não ves Joana" Cancioneiro d'Elvas - CME n. 20 fls. 58v-59 Regiane Martinez, soprano Patrícia Nacle, contralto Fábio Vianna Pertes, tenor e guitarra barroca Marília Macedo, flautas Guilherme de Camargo, guitarra barroca 
Ma traduction d'amateur en rouge:

Porque não me vês Joana              Pourquoi ne veux-tu pas me voir Joana
Pois sabes que meu desejo            Car tu sais que mon désir
Cresce quando não te vejo              Grandit quand je ne te vois pas

Cresce se estou na cidade             Il grandit si je suis en ville
E não me deixa no mato               Il me suit dans les champs
Não sei se me resguarde               Je ne sais si je dois me protéger
E de tudo me recato                      Et de tout m’éloigner

Não me custa tão barato               Ce n’est pas si bon marché
O dia em que te não vejo              Le jour que je ne te vois
Que não morra de desejo              Que je meure de désir


Diz a nossa querida Prof. Lourdes : Amigos, chegamos a 44ª edição do poetizando e Encantando. O desafio estimulador e o convite para poetizarmos. 


1ª Imagem- Um casal de lindas crianças que se abraçam docemente!

Abraço infinito

Amor, sente o abraço que acende o dia
vê como brilham os olhos das crianças
que salpicam luzes na pradaria,
fica perto de mim, defende o momento!

Quem se rende ao encanto da manhã,
acolhe as carícias do vento,
e abraça mundos em movimento
que se aconchegam no nosso olhar

São enlaços em forma de corações
alimento do viver que desfaz a tristeza,
que evidencia novos e amorosos seres,
providos de desvelos, e de destreza

São braços que se abrem em emoções,
moldes que transformam o tu e o eu,
por atalho apaixonante e radical,
na única e primeira pessoa du plural!

Angela

mercredi 11 juillet 2018

Noemia de Sousa – “Canção fraterna / chanson fraternelle”



De son nom complet Carolina Noémia Abranches de Sousa Soares, Noemia de Sousa fut une poétesse mozambicaine, née à Lourenço Marques, l’ancien nom de Maputo, la capitale du Mozambique, et décédée le 4 décembre 2002, à Cascais, Portugal
Poétesse engagée, sous le régime colonial

Carolina Noémia Abranches de Sousa Soares nasceu em Lourenço Marques (atual Maputo) em 20 de setembro de 1926 e morreu em Cascais, Portugal, em 4 de dezembro de 2002

Avec ma traduction d'amateur en rouge pour vous faire connaitre cette poétesse qui défendait les faibles et les exploités



Canção fraterna                                 Chanson fraternelle

Irmão negro de voz quente                Frère noir à la voix chaude
o olhar magoado,                               au regard blessé,
diz‑me:                                              dis-moi:
Que séculos de escravidão              Quels siècles d’esclavage
geraram tua voz dolente?                Ont engendré ta voix endolorie?
Quem pôs o mistério e a dor            Qui a mis le mystère et la douleur
em cada palavra tua?                      dans chacune de tes paroles?
E a humilde resignação                   Et l’humble résignation
na tua triste canção?                       dans ta triste chanson?

Foi a vida? o desespero? o medo? Est-ce la vie? le desespoir ? la peur ?
Diz‑me aqui, em segredo,               Dis-le moi, en secret,
irmão negro.                                    frère noir.

Porque a tua canção é sofrimento    Car ta chanson est faite de souffrance

e a tua voz sentimento                      et ta voix est sentiment
e magia.                                            et magie.
Há nela a nostalgia                           Elle englobe la nostalgie
da liberdade perdida,                       de la liberté perdue,
a morte das emoções proibidas,      la mort des émotions interdites,
e a saudade de tudo que foi teu      et la nostalgie de tout ce qui était à toi
e já não é.                                       et qui n’est plus.

Diz‑me, irmão negro,                                    Diz-moi, frère noir,

Quem fez a vida assim...                             Qui est-ce qui te transforma la vie ainsi...
Foi a vida? o desespero? o medo?              Est-ce la vie? le desespoir ? la peur ?

Mas mesmo encadeado, irmão,                  Dans le même enchaînement, mon frère,

que estranho feitiço o teu!                           Quel étrange sortilège est le tien!
A tua voz dolente chorou                            Ta voix endolorie a pleuré
de dor e saudade,                                       de douleur et de nostalgie
gritou de escravidão                                   a crié d’esclavage
e veio murmurar à minha em alma ferida  et est venu murmurer à mon âme blessée
que a tua triste canção dorida                    que ta triste chanson douloureuse
não é só tua, irmão de voz de veludo        n’est pas qu’à toi, mon frère à la voix de velours
e olhos de luar.                                          et aux yeux au clair de lune.
Veio, de manso murmurar                         Elle est venue, doucement en murmurant

que a tua canção é minha                         que ta chanson est aussi la mienne.

- Noémia de Sousa, em "Sangue negro". Moçambique: Associação de Escritores Moçambicanos, 2001, p. 74-75.

Je vous invite à une visite à Lourenço Marques, aujourd'hui Maputo, capitale du Mozambique, l'ancienne colonie portugaise, la ville où est née la poétesse Noémia de Sousa, images d'avant l'indépendance et la guerre:

  
Lourenco Marques 1970 Publié par Fernando Cabral 




Apesar de uma semana muito intensa, deixo a minha participação,  cara Lourdes,  é tarde, sim mas é com muito gosto que respondo ao convite do Poetizando :)

2ª Imagem- Um guif de uma mulher segurando uma lamparina em uma noite onde a neve cai.


Mistérios da noite

Dança meu luar
Para que os sons da noite comecem a sinfonia!
luta, paixão, curiosidade, descoberta,
solidão indefinida, apreensiva ironia

Para que servem as palavras ?
Se em inquietação adormece o dia,
se na doçura de cautelosas sombras,
laços do passado chamam por mim?

Em meu redor,
voam em leveza, pólenes de jasmim,
apressam-se efémeros insetos,
reflexos cintilantes, à luz de uma candeia

Ilusão de águas passadas e praias de areia,
trechos contidos de colorida emoção
esvoaçam neste lugar,
como corujas de olhos atentos e penas macias!

Angela

lundi 2 juillet 2018

Passeio Campestre




Diz a nossa querida Prof. Lourdes :
Amigos, chegamos a 42ª edição do poetizando e Encantando.
O desafio está cada vez mais estimulador para poetizarmos.

http://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com/2018/06/42-edicao-do-poetizando-e-encantando.html

2ª Imagem- Uma pintura de uma jovem com vestes longas sentindo o perfume de uma rosa ,profundamente!
O sentido das rosas

Enquanto o vento for meu amigo,
irei percorrer paisagens lindas de ver
e não deixarei por mãos alheias,
o toque leve das rosas

A paixão corre-me nas veias, disse-me
a pedra murmurante,
que a rosa perfumada não espera,
que beleza não é eterna,
que nem sempre dura a Primavera!

Saberei eu compreender a linguagem
das flores que bordam os caminhos,
quando as descubro por entre a leveza da aragem?
cobertas de pérolas de orvalho
nos risos das manhãs claras

Pintou-as a fada aurora com faíscas de luar
e verteu aromas com sabor a mel
que encerrou no beijo de uma tímida rosa
O reino da terra revela os seus tesouros
de maneira elegante e sedosa!

E os poemas acompanham a roda das estações
na tradição, no granito do lugar
inspiração pura que nos incita a criar,
jardins de amizade nos nossos corações!

Angela