Fernando Pessoa. Le grand poète portugais du XXe siècle (1888-1935) qui s’inventait des doubles, nous offre la création de plusieurs «hétéronymes», chacun avec une personalité différente, à qui il attribue une partie de son oeuvre poétique.
Alberto Caeiro est l'un de ses hétéronymes.
Photos de Fernando Pessoa, source Wikipedia
J'ai aimé ce travail présenté sur youtube, pour illustrer le poème, je me permets de le partager avec vous !
https://www.youtube.com/watch?v=JmyW1-q1OlM
Poema "O meu olhar" - Fernando Pessoa
Publié par Isabel Ferraz
Ajoutée le 13 août 2010
J'ai preparé en rouge ma traduction d'amateur, de ce poème "Mon regard" de Fernando Pessoa, ici sous le nom de Alberto Caeiro, le côté bucolique de Pessoa et l'oeuvre "le gardien de troupeaux", dont voici un extrait:
J'ai l'habitude de marcher le long des routes
En regardant à droite et à gauche,
Et de temps en temps en regardant en arrière ...
Et ce que je vois à chaque instant
C'est ce que je n'avais jamais vu auparavant,
Et je m’en rends très bien compte ...
Je connais l'ébahissement essentiel
Qu'aurait un enfant si, à la naissance,
Il aurait la conscience de naître vraiment ...
Je me sens né à chaque instant
À l’éternelle nouveauté du monde ...
Je crois au monde comme à une pâquerette,
Parce que je le vois. Mais je ne pense pas à lui.
Parce que penser c'est ne pas comprendre ...
Le monde n'a pas été fait pour qu’on pense à lui
(Penser c'est être malade des yeux)
Mais pour le regarder et tout en étant d'accord ...
Je n'ai pas de philosophie: j'ai des sens ...
Si je parle de la nature ce n'est pas parce que je sais ce que c'est,
Mais parce que je l'aime, et je l'aime pour cela,
Parce que celui qui aime ne sait jamais ce qu'il aime
Ni il sait pourquoi il aime, ni ce que c’est qu’aimer...
Aimer c’est l'innocence éternelle,
Et l’unique innocence est de ne pas penser.
Et voici le texte original du poème :
O meu olhar é nítido como um girassol
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo…
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender …
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar …
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar…
Alberto
Caeiro, in “O Guardador de Rebanhos – Poema II”
Em resposta ao convite da 46ª edição do Poetizando e Encantando, da professora Lourdes, de onde tiro a seguinte imagem que me inspirou para brincar com as palavras !
1ª Imagem- Uma jovem entre as
árvores, com uma bicicleta carregada de flores, sente o ar puro da natureza. http://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com/
Livre
pensamento
Passos que arrasto encurtam espaços,
e aproximam as flores dos jardins. De mansinho,
erguem-se as cores luminosas de um lindo dia !
São amores cristalinos em manhãs frondosas,
trilhos saudosos de eterna primavera,
as árvores e os frutos, da paz na terra.
Quando olhos lacrimosos pintam quadros irreais,
esqueço as palavras, e sinto livre o pensamento.
Vejo pombas brancas que se escapam de pombais,
terras prometidas, arcas de Noé, amores-perfeitos,
ternos sonhos, empurrados pelo vento.
E agradeço a oportunidade
e aproximam as flores dos jardins. De mansinho,
erguem-se as cores luminosas de um lindo dia !
São amores cristalinos em manhãs frondosas,
trilhos saudosos de eterna primavera,
as árvores e os frutos, da paz na terra.
Quando olhos lacrimosos pintam quadros irreais,
esqueço as palavras, e sinto livre o pensamento.
Vejo pombas brancas que se escapam de pombais,
terras prometidas, arcas de Noé, amores-perfeitos,
ternos sonhos, empurrados pelo vento.
E agradeço a oportunidade
Dos meros instantes presos na
saudade,
à beira dos caminhos, e na luz das ramagens.
Ai surgem adornados castelos de fadas,
por onde prossigo a minha viagem,
escutando o sopro da brisa,
nos murmúrios e encantos da paisagem !
à beira dos caminhos, e na luz das ramagens.
Ai surgem adornados castelos de fadas,
por onde prossigo a minha viagem,
escutando o sopro da brisa,
nos murmúrios e encantos da paisagem !
Angela