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lundi 29 juin 2020

Judith Teixeira: "Bailados do Luar/ Les danses du clair de lune"

Judith Teixeira - poète et écrivain portugaise née à Viseu (ville du Portugal) le 25 janvier 1880. Elle mourut à Lisbonne le 17 mai 1959.

Judite dos Reis Ramos Teixeira, Judith Teixeira, ou Lena de Valois (Viseu, 25 de Janeiro de 1880 - Lisboa, 17 de Maio de 1959) foi uma escritora e poetisa portuguesa.


Je vous invite à lire un de ses poèmes écrit en 1925. Comme la plupart des oeuvres de Judith Teixeira, ses poèmes se caractérisent par leur dimension érotique et sensuelle.

Ma traduction "d'amateur" suit la version originale, pour les personnes qui ne comprennent pas le portugais.

Bailados do Luar / Les danses du clair de lune

Pétalas de rosas
tombam lentamente, silenciosas…
E devagar
vem entrando
a farândola rítmica
e silente
dos góticos bailados do luar!...

Sobre as dobras macias
e assediantes
da seda do meu leito desmanchado,
esguias sombras
adelgaçando afagos,
poisam no meu peito desvestido…
E a boca hipnótica e algente
do meu luarento amante,
vai esculpindo o meu corpo
pálido e vencido!...


No espaço azul e vago,
esvoaça subtilmente
a cálida lembrança
da tua voz!


Busco a verdade viva do teu beijo
e encontro apenas
esta estranha heresia,
crispando o alvo recorte
do meu corpo magoado!...

Estilhaçam-se, vibrando
numa ânsia doentia,
os meus nervos nostálgicos,
irreverentes
empalidecendo
em dolências inocentes
o rubor do meu desejo
insaciado…


As rosas vão tombando lentamente,
devagar,
sobre a carícia dormente
e embruxada…
dos espásmicos beijos do luar…
Oiço a tua voz
em toda a parte!


E perco-me dentro dos meus próprios braços,
tumultuosos e exigentes,
                  a procurar-te!

Judith Teixeira, in 'Antologia Poética' - 1925


Des pétales de rose
tombent lentement, en silence ...
Et tout doucement
voici qui arrive
la farandole rythmique
et silencieuse 
des danses gothiques du clair de lune! ...
Sur  les plis doux 
et harceleurs
de la soie de mon lit défait,
des ombres élancées
affinent les étreintes,
et se  posent sur ma poitrine devêtue ...
Et la bouche hypnotique et glacée
de mon amant du clair de lune,
sculpte mon corps
pâle et vaincu! ...

Dans l'espace bleu et vague,
vole subtilement
la mémoire chaude
de ta voix!

Je cherche la vérité vivante de ton baiser
et je ne trouve
que cette étrange hérésie,
qui impatiente le contour laiteux
de mon corps blessé! ...

En frémissant d'inquiétude malsaine
mes nerfs nostalgiques se brisent en éclats,
irrévérents
et estompent
avec d'innocentes indolences
la rougeur de mon désir 
inassouvi...

Les roses tombent lentement,
tout doucement,
sur la caresse assoupie
et envoûtée ...
par les baisers spasmodiques du clair de lune…
J'entends ta voix
partout!

Et je me perds dans mes propres bras,
tumultueux et exigeants,
                  en te cherchant!

Judith Teixeira, in 'Antologia Poética' - 1925
Neste link, se gostarem da sua poesia, podemos encontrar outros poemas da poetisa Judith Teixeira :
  https://books.google.pt/books?id=uM-cBwAAQBAJ&pg=PA172&lpg=PA172&dq=%22P%C3%A9talas+de+rosas+tombam+lentamente,+silenciosas%22&source=bl&ots=fETfzkzGXg&sig=ACfU3U3Wnh9EOzQZ9NZBLObZEojK1bYNUQ&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwi499zk5qTqAhWGHRQKHVxOCQIQ6AEwCnoECAsQAQ#v=onepage&q=%22P%C3%A9talas%20de%20rosas%20tombam%20lentamente%2C%20silenciosas%22&f=false

Deixei um espaço para a música. Este ano, este tipo de espetáculos estão totalmente proibidos, temos de respeitar as diretivas da DGS! Mas a música é para ser ouvida e para espalhar alegria!


Je vous invite à un moment musical. Rien de tout cela cette année! mais la musique est éternelle et rend heureux! 

Alors écoutons le groupe portugais Santamaria qui a eu beaucoup de succès depuis plusieurs année (ci-dessous en 2010 à Porto)
Santamaria Santamaria - Eu Sei, Tu És (Ao Vivo) 
Publié par Santamaria • 25/11/2010  
Gravado ao vivo Avenida dos Aliados, Porto 8 de Agosto de 2008 


Pour terminer, j'ai aussi sélectionné pour vous faire écouter une participante du concours The Voice Portugal, la jeune portugaise de 16 ans, Filipa Maldonado qui participait au concours The Voice Portugal.

Elle chantait "A máquina" une chanson de Marisa Liz (la chanteuse en mauve qui est membre du jury, et qui la rejoint, un beau moment quand elles chantent ensemble!)
The Voice Publié Par The Voice Portugal  - 03/11/2019  
A concorrente Filipa Moldando cantava "A Máquina" uma canção da Marisa Liz
"...Filipa Maldonado, que máquina! A concorrente de apenas 16 anos virou as 4 cadeiras e deixou os mentores rendidos à versão que fez da canção dos Amor Electro. Sem surpresas, escolheu ficar na equipa da Marisa Liz...."

samedi 6 juin 2020

Jacinta Passos (1914-1973) - "Cantigas das mães/chansons des mamans"

Jacinta Passos (image du net)
"... Jacinta Passos, écrivain et poète brésilienne, est devenue l'une des journalistes les plus actives de Bahia dans les années 40, écrivant sur les sujets qui l'intéressaient le plus, pour lesquels elle s'est battue: la politique, les transformations sociales et la position des femmes dans la société...

Elle a également collaboré avec des journaux et des magazines à Rio de Janeiro et à São Paulo. Membre du Parti communiste brésilien de 1945 jusqu'à sa mort en 1973, elle a consacré une grande partie de sa vie à la lutte clandestine et quotidienne pour un Brésil moins injuste.." (info du net)


"...Jacinta Passos, escritora e poetisa brasileira, tornou-se uma das mais ativas jornalistas da Bahia na década de 40, escrevendo sobre os assuntos que mais a interessavam, pelos quais lutava: política, transformações sociais e posição da mulher na sociedade. Colaborou também com jornais e revistas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Militante do Partido Comunista Brasileiro de 1945 até a morte, em 1973, dedicou grande parte da vida ao trabalho penoso, clandestino e cotidiano de luta por um Brasil menos injusto" (informação da internet)

Cantigas das mães
(para minha mãe)

Fruto quando amadurece
cai das árvores no chão,
e filho depois que cresce
não é mais da gente, não.
Eu tive cinco filhinhos
e hoje sozinha estou.
Não foi a morte, não foi,
oi!
foi a vida que roubou.

Tão lindos, tão pequeninos,
como cresceram depressa,
antes ficassem meninos
os filhos do sangue meu,
que meu ventre concebeu,
que meu leite alimentou.
Não foi a morte, não foi,
oi!
foi a vida que roubou.

Muitas vidas a mãe vive.
Os cinco filhos que tive
por cinco multiplicaram
minha dor, minha alegria.
Viver de novo eu queria
pois já hoje mãe não sou.
Não foi a morte, não foi,
oi!
foi a vida que roubou.

Foram viver seus destinos,
sempre, sempre foi assim.
Filhos juntinhos de mim,
Berço, riso, coisas puras,
briga, estudos, travessuras,
tudo isso já passou.
Não foi a morte, não foi,
oi!
foi a vida que roubou.

Jacinta Passos em "Nossos poemas" - 1942
"...Jacintha Velloso Passos nasceu na fazenda Campo Limpo, município de Cruz das Almas, Recôncavo da Bahia, (Brasil), em 30 de novembro de 1914. Pertencia a família tradicional do lugar. Seu bisavô paterno, Manoel Caetano de Oliveira Passos, conhecido como "o velho", português de aspeto sisudo, no século XIX fora um dos fundadores do arraial de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Cruz das Almas. Themístocles da Rocha Passos, depois de firmar-se na política local, tornou-se figura proeminente na Bahia, durante a monarquia e início da república. O pai de Jacinta, Manoel Caetano da Rocha Passos, nasceu em 1884, portanto ainda durante o império e a vigência da escravidão..." (informação da internet)

Voici ma traduction d'amateur

Chansons des mamans
(pour ma mère)



Le fruit à maturité
tombe des arbres sur le sol,

et le fils après avoir grandi

ne nous appartient pas, non plus.
J'ai eu cinq enfants petits
Et aujourd'hui seule je suis.
Ce n'est pas la mort, mais non,
oh!
c'est la vie qui me les a volés.

Si mignons, si petits,
comme ils ont vite grandi,
mieux aurait été qu'ils restent  bébés
les enfants de mon sang,
que mon ventre a conçus,
que mon lait a nourris.
Ce n'est pas la mort, mais non,
oh!
c'est la vie qui me les a volés.

Une mère vit de nombreuses vies.
Les cinq enfants que j'ai eus
ont par cinq multiplié
mes douleurs, mes joies.
Je voudrais revivre ma vie
car aujourd'hui mère je ne suis.
Ce n'est pas la mort, mais non,
oh!
c'est la vie qui me les a volés.

Ils sont partis vivre leur destin,
cela a toujous été ainsi.
Mes enfants contre moi serrés,
Berceau, rires, choses pures,
disputes, études, pitreries,
tout cela est déjà du passé.
Ce n'est pas la mort, mais non,
oh!
c'est la vie qui me les a volés.


J'avais souhaité publier le poème le 1er juin, date dediée à la Journée Internationale de l'Enfant, mais simplement, j'ai pris du retard!