Pausa deste blog

vendredi 20 septembre 2019

Luiz Goes - "Cantiga do Vagabundo / La Chanson du Vagabond"




Poetizando com a amiga Lourdes Duarte na sua 98ª Edição do POETIZANDO E ENCANTANDO
http://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com/2019/09/98-edicao-do-poetizando-e-encantando.html

selecionando a 3ª imagem da sua postagem - um casal caminha de mãos dadas na orla marítima.
"...A brincadeira tem como objetivo incentivar o gosto pela poesia, a interação entre amigos, visitando, comentando e seguindo os blogues participantes…"

Ondas azuis

As ondas que batem na areia
Marcam o compasso do meu coração
Como novelos que embrulham palavras
Encanto de melodias em diapasão

Imagino o sol da cor das marés
Brinco com o verde que me traz loucura
Num mundo azul de amor e de fé
Mergulha o céu na maior ventura

Nas tuas mãos escrevem promessas
Dedos entrelaçados à luz da paixão
Elos quebrados de sangue e de mágoas
Eis que aparecem as vozes da razão

Brilham mil estrelas no firmamento
Como olhos teus que não me dizem não
Canta o mar em borbulhas de espuma
Doce murmurar em tons de oração

Angela



"...Despertemos os sentidos para a Cantiga de Vagabundo e encontraremos a cristalinidade lírica de uma música coimbrã outra, seja na sonoridade do verbo, seja na textura melódica, ora na tessitura do canto, ora no conforto das guitarras, encontro sublime de palavras e acordes, que as subtilidades da voz de Luiz Goes entretecem de sensibilidade libertadora e de expressividade dramática, exaltante esteticidade que nos assalta e nos comove...
http://guitarradecoimbra.blogspot.pt/2006/05/luiz-goes-trovador-do-tempo-novo.htm
                                                            Guitarra Portuguesa numa ilustração de 1796 (Wikipedia)
Cantiga do Vagabundo / La Chanson du Vagabond

Se queres saber, amor, porque te quero,
pergunta a um velho marinheiro
se uma aventura em cada cais
lhe faz perder o rumo verdadeiro.

Pergunta ao mar, eternamente azul,
a razão de ser da sua cor,
às vezes verde, às vezes cinza…
mas é o céu o seu primeiro amor.

Se queres saber, amor, porque te quero,
pergunta a um velho vagabundo
se tanta estrada, tanta mulher,
matou de vez o seu primeiro mundo.

Pergunta à flor, que a noite emurcheceu,
se quer abrir em nova madrugada,
se o quase nada que a vida lhe deu
a faz morrer na minha mão fechada.

Letra e música: Luiz Goes

Cantiga de Cantiga de um vagabundo
Publicado a 01/12/2016 - Publié par Luiz Goes – Tópico
Provided to YouTube by Thumb Media Music Cantiga de um vagabundo • Luiz Goes 
Voici ma traduction d'amateur:
Si tu veux savoir, mon amour, pourquoi je t’aime,
demande à un vieux marin
si une aventure dans chaque quai
lui fait perdre le cap de son destin.

Demande à la mer, éternellement bleue,
la raison d'être de sa couleur,
parfois verte, parfois grise ...
mais c’est le ciel son premier amour.


Si tu veux savoir, mon amour, pourquoi je t’aime,
demande à un vieux vagabond,
si tant de chemin, tant de femmes,
ont tué à jamais son premier monde.


Demande à la fleur, que la nuit a fanée,
si elle veut s’ouvrir dans une nouvelle aube,
quand le presque rien que la vie lui a donné
la fait mourir dans ma main fermée.

jeudi 5 septembre 2019

Geraldo Bessa Victor - "soneto ao mar africano - sonnet a la mer africaine"



Je vous propose aujourd'hui de lire la traduction d'un poème d'un poète angolais, Geraldo Bessa Victor, né à Luanda en 1917. C'est la traduction que j'ai faite, traduction d'amateur!
Da lusofonia, o poeta, escritor, ensaísta e jornalista angolano Geraldo Bessa Victor nasceu em 1917 em Luanda, e faleceu no ano de 1985, em Lisboa, onde viveu durante a última parte da sua vida.



Soneto ao mar africano 

Ó grande mar, que banhas estas plagas
africanas, em ti ouço recados
dum mundo a outro mundo, nos teus brados
de prantos, risos, orações e pragas!

Na dramática voz das tuas vagas,
escuto os que, nos séculos passados,
choraram nesse canto dos teus fados,
cantaram nesse choro em que te alagas…

Na tua voz eu ouço o branco bravo,
que semeou Portugal nestes recantos
africanos, e ainda o negro escravo

- ao mesmo tempo indómito e servil –
que regou com seu sangue e com seus prantos 

a semente fecunda do Brasil!


Geraldo Bessa Victor

(traduction)
Sonnet à la mer africaine

O grande mer, que baignes ces parages
africaines, en toi j'entends des messages, d'un monde
vers l'autre monde, dans tes cris
de larmes, de rires, de prières, de diableries!

Dans la voix dramatique de tes vagues,
J'écoute ceux, qui au cours des siècles passés,
ont pleuré dans ce lieu de tes destinées,
ont chanté dans ces pleurs où tu t'inondes…

Dans ta voix j'entends le blanc rageur,
qui a semé le Portugal dans ces recoins
Africains, et aussi l'esclave noir

- à la fois indomptable et servile -
qui a arrosé de son sang et de ses larmes
la semence féconde du Brésil!


Geraldo Bessa Victor (image du net)




95ª EDIÇÃO DO POETIZANDO E ENCANTANDO
5ª Imagem- Um casal caminha na areia da praia abraçados 
do blogue da Prof.ª Lourdes Duarte.
"...A partir de uma ou mais imagens que indica a cada semana, desenvolve-se a criatividade escrevendo versos, poesias, pensamentos ou prosas poéticas.
É uma brincadeira sem competição, participa-se com o coração e o amor a poesia…"
Obrigada, querida amiga Lourdes, pelo sempre amável convite! Deixo aqui a minha participação:


Areias macias


Areias macias, mar calmo, tudo ilusão.
As musas calaram a tua voz
e a alegria que nos abria os braços,
foi-se embora, e deixou-nos sós.

Vais partir no navio trazido pelas ondas
deste oceano sem fim e sem dor,
e do sal que já me escorre pelo rosto,
a despedida tem o sabor.

É o peso da saudade de que não gosto
que me aperta a alma,
e que não sei como explicar.
Talvez sintas que é maravilhoso
esquecer o brilho da lua,
viajar e não ficar.

Abraço-me a ti, adivinho que a água é fria,
que não me queres contar.
Se te apetece esquecer este abraço
não são velas que se afastam
é a minha vida, o meu traço.

No areal macio que pisamos,
nas estrelas que não vemos,
já sopram os ventos que levam a minha razão.
Vais partir num navio trazido pelo mar,
são movediças as areias no meu coração.

Angela