lundi 8 février 2021

Casimiro de Abreu - "Meus oito anos - Mes huit ans"


Casimiro de Abreu

D'après plusieurs études, Casimiro de Abreu (1839-1860) poète brésilien, fait partie de la seconde génération romantique qui est associée dans plusieurs publications, à l'ultra-romantisme.

Fils du riche commerçant portugais José Joaquim Marques et de Luisa Joaquina das Neves, 
Casimiro José Marques de Abreu,  est né dans l'état de Rio de Janeiro, le 4 janvier 1839.

L'église de São João, où Casimiro de Abreu a reçu le baptême
Igreja de São João, em Barra de São João, onde Casimiro de Abreu foi batizado.

En 1853 son père envoya Casimiro à Lisbonne pour lui faire suivre des études supérieures de commerce, mais c'est la littérature et la poésie qui l'intéressaient le plus. 

Il reste 4 ans dans la capitale portugaise, où il rencontre les intellectuels portugais de l'époque, où il s'imprègne des sentiments et des états d'âme du romantisme, et où il écrit la plupart de ses poèmes. À la fin de ses études, le poète retourne au Brésil, où il mènera sa vie de bohème.
Malheureusement, atteint de tuberculose, Casimiro de Abreu vient à mourir très jeune en 1860.


Casimiro de Abreu est l'auteur du poème "Meus Oito Anos" (mes huit ans), une oeuvre très populaire de la littérature brésilienne.

Pour décrire des souvenirs du lieu de son enfance et la nostalgie des sentiments de liberté et de bonheur d'un temps idyllique, le poète se penche sur le "Saudosismo" (un mot très répandu au Portugal, signifiant le mal du pays, la nostalgie, ou le désir de retourner dans le passé, mais aussi le mouvement littéraire).

 Je traduis la première partie du poème:                          

 Meus Oito Anos                                Mes huit ans

Oh! Que saudades que tenho                    Oh! Comme vous me manquez
Da aurora da minha vida,                         Toi l'aube de ma vie,
Da minha infância querida                       Toi mon enfance chérie 
Que os anos não trazem mais!                  Que les années ne verront plus!  
Que amor, que sonhos, que flores,            Combien d'amours, de rêves, de fleurs,
Naquelas tardes fagueiras                        Dans ces après-midis enjôleurs
À sombra das bananeiras,                        À l'ombre des bananiers,
Debaixo dos laranjais!                             En dessous des orangeraies!

Como são belos os dias                            Comme ils sont beaux les jours
Do despontar da existência!                    De l'éveil de l'existence!
- Respira a alma inocência                     - L'âme exhale l'innocense 
Como perfumes a flor;                            Comme la fleur les parfums;
O mar é - lago sereno,                            La mer est - un lac serein,
O céu - um manto azulado,                     Le ciel - un manteau azuré,
O mundo - um sonho dourado,               Le monde - un rêve doré,
A vida - um hino d'amor!                        La vie - un hymne d'amour!


Ci-dessous, le beau poème en entier

   
MEUS OITO ANOS

Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã.
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberto ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Oh! Que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Casimiro de Abreu


Casimiro José Marques de Abreu poeta da segunda geração romântica brasileira, nasceu na Barra de São João, Estado do Rio de Janeiro, no dia 4 de janeiro de 1839. Era filho do rico comerciante português, José Joaquim Marques de Abreu e da brasileira Luísa Joaquina das Neves.

Em 1853 foi para Lisboa a fim de completar os estudos na área comercial. Foi nesse período de 4 anos na capital portuguesa que Casimiro de Abreu iniciou a sua carreira literária em contacto com os poetas românticos portugueses e adeptos do movimento do “Saudosismo”
Em Lisboa escreveu a maior parte de seus poemas. No dia 18 de janeiro de 1856, sua peça Camões e o Jau, que foi encenada no Teatro D. Fernando, em Lisboa foi recebida com aplausos pela imprensa portuguesa.

Em 1857, Casimiro de Abreu voltou ao Rio de Janeiro, e no Brasil terá começado a levar a vida de boémia que ele apreciava.
Infelizmente em 1860, tendo contraído a tuberculose, faleceu em plena juventude aos 21 anos.







14 commentaires:

  1. Réponses
    1. Pedro,
      Descubro, com alegria, tantos talentos literários e tantos poetas, na grande maioria filhos, netos, bisnetos de portugueses que tanto acarinharam o idioma português, dispersos por vários continentes

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  2. Peço por todas as pessoas que se livrem desse mal ( Corona Vírus ), que Deus ponha a mão sobre cada um e tire essa doença maligna, e que nos afaste cada vez mais desse vírus, peço saúde para a humanidade que juntos com a força da oração nos livraremos juntos desse mal, que nenhuma peste chegará as portas da sua casa. Amém



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  3. Por vezes sinto-me uma analfabeta! :) Adorei a publicação!!
    -
    Alma desassossegada...
    -
    Beijo, e um excelente noite

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    1. Também adorei esse belo poema Cidália
      e foi bom verificar que foi inspirado e escrito em Lisboa :)

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  4. Não conhecia este poeta.
    Gostei de ler, obrigado pela partilha.
    Continuação de boa semana, querida amiga Ângela.
    Beijo.

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    1. Também gostei muito do poema Jaime,
      a Lisboa foi uma cidade inspiradora para esse poeta
      que escreveu as saudades que sentia do Brasil onde nasceu :)

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  5. Grata por esta partilha de um poeta que não conhecia.
    Abraço, saúde e bom fim de semana

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    1. São muitos talentos, que eu também fico feliz por descobrir Elvira:)

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  6. Gonçalves Dias, como eu, nasceu
    no mês de outubro. Eu no dia 2
    e ele, 16 dias depois (18). Não
    sou tão velho quanto o poeta seria
    se a morte não o tivesse levado
    aos 21 anos de idade. Nós, ambos,
    nascemos no Rio de Janeiro.
    Um beijo, minha amiga e muito
    obrigado pelos comentários dos
    quais não abro mão.

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    1. Olá Sílvio, obrigada pela visita
      De Gonçalves Dias, já fiz um post sobre esse poema famoso de saudade também, que ele escreveu quando estudava em Coimbra :

      "Minha terra tem palmeiras,
      onde canta o sabiá..."

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  7. Olá,querida amiga Ângela!
    Você não imagina como gosto do Casimiro e já até postei algo dele no Meu Mundo Azul quando fazia a correlação com os poetas consagrados.
    Minha tia amada morava em Casimiro de Abreu que pertence a São João da Barra.
    Por lá tem pedaços de poema dele espalhados nos pontos turísticos e um museu pequeno mas de valor situado no prédio da antiga Estação Ferroviária já extinta de uso.
    Tenho um post de lá que vou procurar e trazer o link para cá. O blog de viagem está fechado mas poderá ver o museu.
    Gosto muito da poesia Meus Oito Anos pois a idade diz muito para mim, fiz minha primeira Eucaristia.
    Adorei vir aqui para ler, saborear e recordar.
    Esteja bem, amiga, proteja-se!
    Beijinhos

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  8. Olá Rosélia,
    pelo seu texto fiquei a conhecer que deram o nome desse poeta a um município:
    Casimiro de Abreu é um município do interior do estado do Rio de Janeiro

    este poema é muito belo, um hino à palavra saudade,
    e fico feliz que tenha sido escrito em Lisboa
    onde o poeta descreveu de maneira tão expressiva a saudade do tempo da sua juventude, dos seus familiares e dos espaços onde viveu a sua infância
    Beijinhos amiga, vou ler sobre esse museu

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Merci de tout coeur pour vos visites et commentaires!