A última nau
Levando a bordo El-Rei
D. Sebastião,
E erguendo, como um
nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao
sol aziago
Erma, e entre choros de
ânsia e de pressago
Mistério.
Não voltou mais. A que
ilha indescoberta
Aportou? Voltará da
sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a
forma do futuro,
Mas Sua luz projeta-o,
sonho escuro
E breve.
Ah, quanto mais ao povo
a alma falta,
Mais a minha alma
atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que
não tem tempo ou ’spaço,
Vejo entre a cerração
teu vulto baço
Que torna.
Não sei a hora, mas sei
que há a hora,
Demore-a Deus,
chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e
a névoa finda:
A mesma, e trazes o
pendão ainda
Do Império.
Fernando Pessoa em "Mensagem"
Ma traduction d'amateur:
Le dernier bateau
Emportant à son bord le Roi Dom Sebastião,
Et en hissant, comme un nom, haut, l’étendard
De l'Empire,
Partit le dernier bateau, sous le soleil amère
Errant, parmi les cris d’angoisse et de prophétique
Mystère.
Il n'est pas revenu. A quelle île inconnue
A-t-il accosté? Reviendra-t-il du sort incertain
Qu'il a connu?
Dieu se réserve le corps et la forme du futur,
Mais Sa lumière se projecte, rêve sombre
Et court.
Ah, plus l'âme au peuple faiblit,
Plus mon âme atlantique se raffermit
Et se répand,
Et en moi, dans un océan qui n'a ni de temps ni d'espace,
Je vois entre le brouillard ta silhouette blême
Revenant.
Je ne sais pas l’heure, mais je sais qu'il y a l’heure,
Que Dieu la retarde, l’appelle l’âme partante
MystèreTu surgis au soleil en moi, et la
brume part:
La même, et de l'Empire tu portes encore
L'étendard.
.D. Sebastião a ganância do Poder acabou por o matar...e tão jovem.
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Saudação poética.
Domingo feliz
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
jovem demais acredito, Ricardo,
Supprimeros jovens não têm medo, a maturidade do cérebro não está completa, e lançam-se de cabeça perdida nas aventuras,
como nos dias de hoje se lançam nas suas motas a 200 kms/h nas estradas, sem pensar que podem morrer ou ficar inválidos,
assim penso que terá acontecido com D. Sebastião e toda a juventude portuguesa que o acompanhou
muitos outros fizeram coisas semelhantes, mas ou correu melhor ou por não se tratar de um rei, não colocaram a independência do país em perigo
Sinto-me uma analfabeta para o comentar nesta publicação! :)
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Existem sonhos por realizar ...
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Beijo e um excelente Domingo. Fique em casa.
analfabeta não, a Cidália tem muito talento e faz poesia com alma e coração :)
SupprimerBela introdução que nos posiciona no tempo e no espaço.
RépondreSupprimerO Rei-Menino talvez mal aconselhado embarca num empreendimento
que nos conduz a sessenta anos com os Filipes de Espanha.
Desde então o "sebastianismo" faz parte do nosso imaginário.
O poema de Pessoa, extraído da "Mensagem", é belo.
Abraço
Olinda
Verdade Olinda, Fernando Pessoa soube muito bem transportar para as páginas dos livros de hoje o sentimento de tragédia que se viveu nessas décadas de luto e de tragédia,
SupprimerImagino que D. Sebastião era demasiado jovem e não tinha maturidade suficiente; colocando-se à frente das tropas na maioria jovens como ele, sendo rei, colocou em perigo a independência do país.
Este homem revolucionou a Língua Portuguesa.
RépondreSupprimerBoa semana
Fernando Pessoa foi espetacular Pedro :)
SupprimerFernando Pessoa é incontornável. O livro "Mensagem" é um livro que vale sempre a pena ler.
RépondreSupprimerUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
É mesmo Graça, imenso talento, grande sensibilidade e imaginação
RépondreSupprimerPessoa é um mundo !
D Sebastião passou a sua juventude, aprendendo a arte de bem pelejar, facto bem assinalado por João Cutileiro.
RépondreSupprimerA Mensagem comove o meu coração bem português...
Não conhecia o poeta popular... É interessante a sua amiração por FPessoa.
Tudo pelo melhor, Angela. Beijinho
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Majo, penso que naquele tempo todos os reis, príncipes, nobres aprendiam a arte de pelejar, a arte da guerra
Supprimeruns melhor do que outros,
D. Sebastião não se saiu lá muito bem, era muito jovem para se meter em aventuras tão perigosas à frente dos exércitos...
Um poema que já conhecia e que gostei de ouvir cantado.
RépondreSupprimerAbraço, saúde e uma boa semana
Também gostei do conjunto, Elvira :)
SupprimerA historia e a poesia diferenciada de Pessoa e o canto da releitura de Zé Ramalho um compositor cantor visionário muito evoluído fez da postagem uma obra prima Angela.
RépondreSupprimerGrato Angela por trazer para nós.
Abraços com carinho.
Beijo e paz amiga
Gostei de descobrir o Zé Ramalho
Supprimere da maneira como interpreta o poema de Pessoa
muito sentido !
Que a gente não perca a capacidade de se encantar com o que é simples!
RépondreSupprimerconcordo Maria, obrigada:)
SupprimerLindos versos de Pessoa
RépondreSupprimerE tal interpretação
De Zé Ramalho em canção
Em que o poema soa
Diverso à luz da coroa
Que Pessoa dá ao fato
Misterioso e abstrato
Do que o guerreiro fez
O Rei sucumbiu, talvez
No mar, na areia ou no mato....
Pessoa para mim é o poeta! Abraço cordial. Laerte.
obrigada Laerte, por esse comentário encantador :)
SupprimerSão sempre inspiradores os versos de Fernando Pessoa.
RépondreSupprimercheirinhos
Rudy
Rudy, agradeço os cheirinhos!
Supprimerbeijinhos com amizade
Sabe quando o comentário se
RépondreSupprimertorna mais importante do que
o texto que o gera? Pois foi
o que você fez comigo.
Adorei o jeito de como você
me falou aquelas coisas.
Eu também me senti feliz,
mas acabei rindo com suas
palavras. Se foi de propósito,
tudo bem. Você conseguiu.
Um beijo.
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SupprimerBem-vindo Sílvio,
Supprimermelhor ver poeta rindo, do que ver poeta triste :)
O mundo está nas mãos daqueles que têm a coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos.
RépondreSupprimerOlá Maria,
Supprimerno caso de D. Sebastião, correu muito mal !
Olá, querida amiga Ângela!
RépondreSupprimerMuito lindo!
Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
Mais a minha alma atlântica se exalta...
Quando chegar a hora... Demore-se Deus e que Ele nos valha!
Suas escolhas são muito bonitas
Esteja bem, amiga, proteja-se!
Beijinhos, saúde e preces
Olá querida Rosélia,
RépondreSupprimercontinuação de melhor saúde e força para os dias mais cinzentos!
que Deus nos valha, sim a todos e a todas :)
Aplausos para este poeta maravilhosa e o seu bom gosto!
RépondreSupprimerAbraços fraternos!