Maria da Saudade Cortesão, poétesse née en 1938 à Porto, ville du nord du Portugal; la jeune fille a accompagné son père au Brésil, où elle a connu et épousé Murilo Mendes.
Maria da Saudade Cortesão Mendes
(Porto, 1938 – Lisboa, 25/11/2010)
poetisa e tradutora, filha de Jaime Cortesão e esposa do poeta brasileiro Murilo Mendes.
"Filha de Jaime Cortesão, viveu grande parte da vida no estrangeiro acompanhando seu pai no exílio, primeiro em Paris (1927), depois em Madrid e, por fim, no Rio de Janeiro, onde conheceu o poeta Murilo Mendes com quem veio a casar-se em 1947. Entre 1952 e 1956 viajou pela Europa acompanhando o marido em missões culturais ..."
https://www.publico.pt/2010/11/26/culturaipsilon/noticia/morreu-a-poetisa-saudade-cortesao-1468164
Maria da Saudade Cortesão avec son mari Murilo Mendes
(image du net)
image du net
“…Como poeta publicou seis livros; traduziu “Crime na catedral”, de Eliot (além de Shakespeare e Camus), e publicou muita coisa que ainda está dispersa por jornais e revistas portugueses, brasileiros e italianos….”
PRIMAVERA - Maria da Saudade Cortesão Mendes
A Musa que passava
Não era a que sabias.
Vinha em lua minguante
A espaços vestida
Por espelhos azuis
E narcisos de frio.
Que remanso tão meigo
Em seus peitos havia!
Que miosótis de leite
Em suas veias tíbias,
Três tangentes tocavam
O seu coração dúbio.
Não lhe soubeste o corpo —
Terra da madrugada
Que se dava ferida,
Nem os seus cursos de água.
Olhavas tão ao longe
Enquanto o amor te olhava.
Avec ma traduction d'amateur (printemps en portugais é du genre féminin) :
PRINTEMPS
La Muse qui passait
N'était pas celle que tu connaissais.
Elle arrivait en lune décroissante
Par intervalles habillée
Par des miroirs bleus
Et des jonquilles froides.
N'était pas celle que tu connaissais.
Elle arrivait en lune décroissante
Par intervalles habillée
Par des miroirs bleus
Et des jonquilles froides.
Quelle mare si douce
Qu'il y avait dans ses seins!
Quels myosotis laiteux
Dans ses veines vacillantes,
Trois tangentes qui touchaient
Son coeur indécis.
Tu n'as pas connu son corps —
La terre qui à l'aube
S'offrait avec sa blessure,
Ni ses cours d'eau.
Ton regard se perdait si loin
Pendant que l'amour te regardait.
un autre poème trouvé sur le net:
OFÉLIA
Que perfil perdi no vento
Que rosto perdi na água,
Transparência perturbada,
Íris d’água cor do tempo.
Nunca a figura do sonho
Me pareceu tão velada —
Vejo só a meia-lua
Da sua nuca inclinada.
Edifício d’água e sombra
Que a corrente desmanchava
E em meus cabelos ao sul
As grinaldas desfolhava.
Deixai-me afundar nas frias
Solidões de junco e mágoa,
E de mim própria ausente
Repousar à sombra d’água.
Que rosto perdi na água,
Transparência perturbada,
Íris d’água cor do tempo.
Nunca a figura do sonho
Me pareceu tão velada —
Vejo só a meia-lua
Da sua nuca inclinada.
Edifício d’água e sombra
Que a corrente desmanchava
E em meus cabelos ao sul
As grinaldas desfolhava.
Deixai-me afundar nas frias
Solidões de junco e mágoa,
E de mim própria ausente
Repousar à sombra d’água.
Sobre o pai de Maria da Saudade:
Jaime Zuzarte Cortesão foi um médico, político, escritor e historiador português. Filho do filólogo António Augusto Cortesão, foi irmão do historiador Armando Cortesão e pai da renomeada ecologista Maria Judith Zuzarte Cortesão e da poetisa Maria da Saudade Cortesão, esposa do poeta modernista Murilo Mendes.
Boa noite de paz,querida amiga Ângela!
RépondreSupprimerOlhavas tão ao longe
Enquanto o amor te olhava.
Partindo dos versos acima, percebi a sensibilidade da escritora que não conhecia.
Gosto muito das pastilhas que traz que muito enriquece seus leitores.
Também aprecio aprender coisas novas sobretudo da literatura brasileira e portuguesa.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos com carinho de gratidão e estima
Olhavas tão ao longe
SupprimerEnquanto o amor te olhava.
realmente Rosélia a representação da cena com essas palavras tão singelas, é extraordinariamente poética!
beijinhos amiga,
Bela curiosidade Angela esta ligação da poetisa com o mineiro poeta modernista Murilo Mendes. Duas belas obras para mostrar a força de seu poetizar, num belo trabalho da sua dedicação. Vou ver no Google mais sobre ela.
RépondreSupprimerGrato pela linda partilha.
Carinhoso abraço.
obrigada Toninho,
Supprimerestou a preparar um post sobre o esposo, o poeta Murilo Mendes
Com tão poderosa paternidade a herança tinha que ser preservada.
RépondreSupprimerserá mesmo isso, Pedro
Supprimeruma poetisa que viveu num ambiente cultural espetacular!
Great your post
RépondreSupprimermuito obrigada:)
SupprimerBom dia Angela. Confesso que não sabia, mas através do seu maravilhoso trabalho aprendo cada vez mais. Bom final de semana.
RépondreSupprimerobrigada Luiz,
Supprimertambém tenho aprendido vários assuntos com as suas publicações:)
Maria da Saudade Cortesão. Gosto muito. Primavera está no meu A Mulher e a Poesia desde 2017.
RépondreSupprimerhttp://amulhereapoesia.blogspot.com/search?q=Maria+da+Saudade+Cortes%C3%A3o
Abraço, saúde e boa semana
obrigada Elvira, pois é, eu a pensar
RépondreSupprimer"parece que vi este poema Primavera publicado num blog dos amigos"
então é possível que tenha sido no seu blog :)
Gosto muito dos poemas! :)
RépondreSupprimerR: Por vezes, compramos brincos apenas porque os consideramos bonitos. Mas, depois, não gostamos assim tanto de nos ver com eles. Uma das razões pode estar precisamente na forma dos brincos, que pode não nos favorecer. Para um rosto redondo, os brincos longos e compridos costumam favorecer bastante!
Obrigada por me dar a conhecer Maria da Saudade Cortesão. Gostei dos poemas.
RépondreSupprimerUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Gracias por traernos a una potea tan fantástica.
RépondreSupprimerUn abrazo y feliz día.
Jaime Cortesão foi uma figura notável que enfrentou a ditadura com determinação e imensa coragem.
RépondreSupprimerAfastado das seletas literárias estudantis caiu no esquecimento, assim como a sua família, o que é lamentável.
Gostei dos poemas. Grata. Beijinhos
~~~