vendredi 21 janvier 2022

Ronald de Carvalho - "Sentido / Le Sens"

"Ronald de Carvalho foi, em conjunto com Luís de Montalvor, diretor do primeiro número da revista literária Orpheu, publicada em Lisboa em Março de 1915, causando enorme polémica..."


J'ai beaucoup aimé découvrir la poésie de de Ronald de Carvalho, poéte brésilien. Le côté artistique de l'art poétique, dans un désir d'évasion..

a primeira parte do poema “A alma que passa”, intitulada ‘Sentido’,

I — Sentido

Fujo de mim como um perfume antigo
foge ondulante e vago de um missal
e julgo uma alma estranha andar comigo,
dizendo adeus a uma aventura irreal.

Sou transparência, chama pálida, ânsia,
última nau que abandonou o cais.
No alvor das minhas mãos chora a distância
proas rachadas, longes de ouro, ideais…

Sonho meu corpo como de um ausente,
náufrago e exsurjo dentro da memória,
acordo num jardim convalescente,

vago perdido em outros num jardim,
e sinto no clarão da última glória
a sombra do que sou morrer em mim…

na última parte do poema, denominada ‘Gênese’

III — Gênese

Antes a alma que tenho andou perdida,
foi pedrouço a rolar pelo caminho,
topázio, opala, pérola esquecida
num bracelete real; foi caule e espinho,

bronze que a mão tocou, áurea jazida
por entre as ruínas de um país maninho,
e refletiu, fatal, o olhar da Vida
no corpo em sangue de um estranho vinho…

Foi casco medieval, foi lança e escudo,
foi luz lunar e errante lanterna,
e depois de exsurgir, triste de tudo

veio para chorar dentro em meu ser
a amarga maldição de ser eterna
e a dor de renascer quando eu morrer…

source:http://sibila.com.br/mapa-da-lingua/a-passagem-de-ronald-de-carvalho-por-portugal/2742

Ronald Arthur Paula e Silva de Carvalho (Rio de Janeiro, 16 de maio de 1893 — Rio de Janeiro, 15 de fevereiro de 1935), foi um poeta e político brasileiro. Colaborou na edição n.º 1 da Orpheu
Filho do engenheiro naval Artur Augusto de Carvalho e de Alice Paula e Silva Figueiredo de Carvalho, Ronald de Carvalho nasce na cidade do Rio de Janeiro.
"No ano de 1914 começa a exercer atividades diplomáticas e estabelece-se em Lisboa – Portugal. Conhece então os membros do grupo modernista desse país e, em 1915, já integrado a esse grupo, participa do lançamento da revista “Orpheu”, marco inicial do modernismo português....

Ao mesmo tempo, o poeta brasileiro contribuiu como colaborador d’A Águia.
A Águia foi uma revista bimensal, e depois mensal, de literatura, arte, ciência, filosofia e crítica social, que se publicou no Porto, entre 1910 e 1932, como órgão do movimento de ação sócio-cultural autodenominado a Renascença Portuguesa.
De volta ao Brasil, publica, em 1919, a obra “Poemas e Sonetos” que revela um certo contato com a estética parnasiana..."

Avec ma traduction d'amateur en rouge:

I — Le Sens 

Je fuis de moi-même comme un vieux parfum
qui s'échappe ondulant et vague d'un missel
et je crois qu'une âme étrange m'accompagne,
en disant adieu á une aventure irréelle.

Je suis transparence , flamme pâle, attirance,
le dernier navire ayant quitté le quai.
Dans l'aube de mes mains pleure la distance
proues fêlées, lointains en or, chimères…

Je rêve que mon corps est celui d'un absent,
naufragé et j'émerge dans ma mémoire,
je me réveille dans un jardin convalescent,

errant perdu en d'autres dans un jardin,
et je ressens dans l'éclat de la dernière gloire
l'ombre de ce que je suis mourir en moi...


Em 29 de fevereiro de 1915, Fernando Pessoa escreveu ao autor, agradecendo o livro que este lhe oferecera e fazendo uma apreciação de Luz Gloriosa:

« O seu livro é dos mais belos que recentemente tenho lido. Digo-lhe isto para que, não me conhecendo, me não julgue posto a severidade sem atenção às belezas do seu Livro. Há em si o com que os grandes poetas se fazem. De vez em quando a mão do escultor faz falar as curvas irreais da sua Matéria. E então é o seu poema sobre o Cais e a sua impressão do Outono, e este e aquele verso, caído dos deuses como o que é azul no céu nos intervalos da tormenta. Exija de si o que sabe que não pode fazer. Não é outro o caminho da Beleza. »
Fernando Pessoa in Correspondência (1905-1922), Lisboa: Assírio & Alvim, 1999, p.150.

A crítica de Fernando Pessoa parece ter influenciado o escritor brasileiro, que iria aderir ao modernismo, destacando-se a sua intervenção na Semana de Arte Moderna. Cinco anos mais novo do que Fernando Pessoa, Ronald de Carvalho viria a morrer, por coincidência, no mesmo ano do escritor português.

Publication du net:
http://geopedrados.blogspot.com/2018/05/o-poeta-brasileiro-ronald-de-carvalho.html

6 commentaires:

  1. Olá Angela
    Venho retribuir a sua gentil visitinha.
    Gostei muito da sua interessante postagem.
    Te desejo um ótimo domingo e abençoada nova semana.
    Um carinhoso abraço.
    Verena.

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  2. Venho aqui e descubro sempre um poeta novo.
    Boa semana

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  3. Os poetas da revista literária Orpheu eram excelentes. Que bom ler aqui estes poemas que desconhecia. Obrigada.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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  4. Boa tarde minha querida amiga Ângela. Através do seu maravilhoso trabalho aprendo e adquiro mais conhecimento.

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  5. Boa noite de paz, querida amiga Ângela!
    "uma alma estranha andar comigo,
    dizendo adeus a uma aventura irreal.

    Sou transparência, chama pálida, ânsia"...

    Gostei muito do poema e do jeito que cria o post informativo sobre literatura.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos carinhosos e fraternos

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  6. Angela, muito apreciei e aprecio teus escritos, adicionados aos poemas em francoise e em português ref. Les Sens. Conhecia tão somente um chamariz que Ronald de Carvalho fêz para o primeiro numero da revista Orpheu.
    Tb conheci sobre o periodo de Ronaldo e Fernando, este nasceu 5 anos mais cedo (1888) e aquele (1893) e tb se foi mais cedo que Fernando alguns meses. Me atentei para esses dados porque sou afeiçoado com a obra de FP, conheço pouco, más me encho de contentamento em poder declamar muitos de seus poemas, incluindo "Mensagens".

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