vendredi 31 mars 2023

Camilo Pessanha - A boémia não morreu - La bohème n'est pas morte

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Macau em 1870 (Wikipedia)

Camilo Pessanha, poète portugais né à Coimbra en 1867, décédé à Macao en 1926. Dans la colonie portugaise de l'Orient, Camilo y avait été nommé professeur de philosophie dans un lycée.
Poète du symbolisme, grâce à son talent poétique, il déchiffre le monde et montre une vision symbolique au lecteur.


Macau em 1955.(Wikipedia)

Macau, onde viveu Camilo Pessanha, foi colónia portuguesa de  1553 a 1999

Le symbolisme, mouvement littéraire apparu à la fin du XIXe siècle, veut rompre avec les certitudes matérialistes et scientifiques du réalisme, du naturalisme et du positivisme. 
Les symbolistes utilisent des images et des analogies et "passent donc par la suggestion afin d'établir des liens et des correspondances", mettant en valeur l'imaginaire et le domaine de la pensée.
Ainsi le poète exprime les émotions qu'il perçoit.

Camilo Pessanha (Wikipedia)

Camilo de Almeida Pessanha (Coimbra, 7 de setembro de 1867 — Macau, 1 de março de 1926) foi um poeta português, representante do movimento simbolista, considerado o melhor poeta do simbolismo português em Portugal.

Doutor formado na faculdade de Direito em Coimbra, transfere-se para Macau em 1894, onde, foi professor de Filosofia Elementar. Além de escrever poemas, Camilo Pessanha também atuou como advogado.

Em oposição ao racionalismo, ao materialismo, ao realismo ou negando os valores do naturalismo, o simbolismo se caracteriza como uma arte marcada pelo pessimismo em relação à existência, envolvendo aspetos espirituais, místicos, liberdade poética, musicalidade, subjetividade onde o simbolismo "expõe sentimentos e emoções sem uma linha ou lógica de raciocínio.."

A boemia não morreu (Poema), de Camilo Pessanha
Publié par poetico . 20 avr. 2022 Partager


A boémia não morreu.
Eis-nos com os cabelos brancos;
E, todavia, os barrancos
Do seu destino, e do meu,

Se nos quebraram as pernas,
As asas não as partiram,
Em que altos sonhos deliram
As nossas almas eternas.

Depois de tantos baldões,
Devera ter-se ido a fé:
Temos tido pontapé
Das mais caras ilusões...

E não morre a mocidade!
Após enganos, enganos...
Pois só daqui a cem anos
Choraremos de saudade?

Camilo Pessanha


Avec ma traduction d'amateur:

La bohème n'est pas morte.  
Nous voici avec des cheveux blancs;
Et, de ce fait, les ravins
De son destin, et du mien,

Si on nous a cassé les jambes,
Les ailes on ne les a pas brisées,
En de tels rêves élevés  
Nos âmes éternelles délirent.

Après tant de contraintes,
La foi aurait du s'en aller:
Nous avons été bottés
Par les plus chères illusions...

Et la jeunesse ne meurt pas!
Après les duperies, les duperies...
Seulement d'ici cent ans
Pleurerons-nous de nostalgie?


Caminho II | Poema de Camilo Pessanha com narração de Mundo Dos Poemas
Publié par Mundo Dos Poemas Partager


mercredi 8 mars 2023

Poetisas portuguesas - poétesses portugaises

Un hommage à quelques poétesses portugaises des 16e et 17e siècles



Públia Hortênsia de Castro (Vila Viçosa, 1548 - Évora, 1595) 
foi uma das mais notáveis e célebres figuras do humanismo português do seu tempo. Filha de Tomás de Castro e de D. Branca Alves. Dotada de uma erudição ímpar e de um talento precoce extraordinário, impôs–se à estima dos maiores intelectuais do seu tempo.
Foi para Évora e, sob a protecção do seu parente o Arcebispo D. José de Melo, aí se matriculou no curso de filosofia da Universidade. Em 1565, aos 17 anos fez provas de doutoramento na universidade de Évora..



Bernarda Ferreira de Lacerda (Porto, 1595 – Lisboa, 1 de Outubro de 1644) foi uma poetisa portuguesa, autora do poema épico Espanha Libertada (1618).
Filha de Ignácio Ferreira Leitão (Desembargador do Paço, e Chanceler-Mor do Reino) e de D. Paula de Sá e Menezes, nasceu no Porto em 1595. Deu mostras desde cedo de "uma inteligência e capacidade para o estudo pouco vulgares. e seus pais, apercebendo-se disto, proporcionaram-lhe ampla educação, "que a tornou um dos talentos mais enciclopédicos que no país se tem visto.
Foi singular na retórica, poesia, filosofia, matemática, nas humanidades e em música – "tocava muitos instrumentos com perfeição" – e falava várias línguas europeias, para além do hebreu, grego e latim...Numa das suas obras, Soledades de Buçaco (1634), descreve a flora e fauna da mata, pondo em evidência a beleza natural do local..




Maria de Mesquita Pimentel (1586-1663) 
foi uma religiosa cisterciense religiosa nascida em Évora no último quartel do século XVI, poetisa e escritora autora de três livros, em 13 cantos, a trilogia épica da Vida de Cristo.



Mariana de Luna, nasceu em Coimbra, foi uma poetisa portuguesa do século XVII
Mariana de Luna era filha do Dr. Pedro Barbosa de Luna, famoso jurisconsulto e Lente da Universidade de Coimbra, e de sua mulher D. Antónia de Melo e Vasconcelos ou de Vasconcelos e Brito, Senhora do Morgado de Serzedelo, de Alvarenga e do Morgado da Fonte Boa, e irmã do célebre Miguel de Vasconcelos e Brito e de D. Frei Pedro Barbosa de Eça.



Sóror Violante do Céu (Lisboa, 30 de maio de 1601 ou 1607 - 28 de janeiro de 1693)
era uma freira dominicana que na vida secular se chamava Violante Montesino, religiosa e escritora barroca portuguesa. Cultivou a poesia profana, inclusive o lirismo amoroso. Também se dedicou à música como instrumentista.
Após vestir o hábito no Convento de Nossa Senhora do Rosário, passou a investir o seu talento poético na poesia religiosa, revelando-se uma das mais prestigiadas representantes femininas do Barroco português, conquistando inúmeros prêmios e louvores das academias literárias do seu tempo.


Será brando o rigor, firme a mudança,
Humilde a presunção, vária a firmeza,
Fraco o valor, cobarde a fortaleza,
Triste o prazer, discreta a confiança;

Terá a ingratidão firme lembrança,
Será rude o saber, sábia a rudeza,
Lhana a ficção, sofística a lhaneza,
Áspero o amor, benigna a esquivança;

Será merecimento a indignidade,
Defeito a perfeição, culpa a defensa,
Intrépido o temor, dura a piedade,

Delito a obrigação, favor a ofensa,
Verdadeira a traição, falsa a verdade,
Antes que vosso amor meu peito vença.

Violante Montesino

Encontramos o soneto no endereço que segue, com valiosas explicações, bem como outras obras da talentosa poetisa:
http://vialactealiteratura.blogspot.com/2010/01/o-lirismo-barroco-de-violante-do-ceu.html

Avec ma traduction (d'amateur) du sonnet de la poétesse Soeur Violante do Céu

La rigueur sera-t-elle douce, ferme le changement,
La présomption humble, mouvante la fermeté,
Faible la grandeur, lâche la résistance,
Triste le plaisir, discrète la confiance;

L'ingratitude sera-t-elle de ferme mémoire,
Le savoir sera-t-il rude, la rudesse lettrée,
Naïve la  tromperie, sophistique la naïveté,
Âpre l'amour, bénigne l'échappée;

Sera-t-elle méritoire l'indignité,
Le défaut la perfection, une faute la défense,
Intrépide la frayeur
, dure la pitié,

Un délit l'obligation, une faveur l'offense,
Vraie la trahison, fausse la vérité,
Avant que votre amour de mon coeur soit vainqueur.





lundi 6 mars 2023

Luís de Camões - Amor é fogo que arde sem se ver / L’Amour est un feu qui brûle sans qu’on le voit;

 

Luís Vaz de Camões (1524 – 1580) – poète portugais né à Lisbonne


Luís Vaz de Camões considerado um dos mais importantes autores da literatura portuguesa, nasceu no ano de 1524, na cidade de Lisboa. Faleceu nesta mesma cidade a 10 de junho de 1580.

Em 1527, Luiz de Camões mudou-se com a família para Coimbra onde permaneceu na companhia de seu tio, D. Bento de Camões, cónego do convento de Santa Cruz.
Aí o jovem aluno seguiu o curso de artes.
Na universidade de Coimbra matriculou-se em teologia em 1537, mas com pouca vocação para a vida eclesiástica, conseguiu em 1541, licença para deixar as aulas de teologia, e seguir o curso de filosofia.
Luís de Camões ficou muito conhecido como sendo o autor dos Lusíadas, o poema épico sobre as descobertas portuguesas.


"Aos vinte anos, em 1544, encontrou-se pela primeira vez na igreja de Santa Cruz de Coimbra, nas festas da Semana Santa, com D. Catarina de Ataíde, dama da rainha D. Catarina, filha de D. António de Lima, mordomo-mor do infante D. Duarte, e deste encontro nasceu a ardente paixão..."
Podemos ver a vida e a obra de Luís de Camões numa descrição mais detalhada AQUI

 Clip taken from the film 'Camões', 1946, directed by José Leitão de Barros. 
Extrait du filme sur la vie du poète Luís de Camões tourné en 1946

Publié par Prosa e Verso Poemário
Trecho do filme "Camões", filme português, realizado por José Leitão de Barros, que relata a vida e os feitos do grande poeta Luís de Camões. 



"Amor é fogo que arde sem se ver"

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor? 

Luís de Camões

Le poète essaye de donner des définitions de l'amour; nénmoins il se trouve devant les émotions ressenties qui sont contradictoires.

Je vous présente ma traduction d'amateur de ce poème très connu du poète Luís de Camões

L’Amour est un feu qui brûle sans qu’on le voit;
c’est une blessure qui fait mal, sans qu'on la sente;
c’est un contentement toujours insatisfait;
c’est une douleur qui sans avoir mal elle nous tourmente;

C’est un ne vouloir d’autre que de bien aimer;
c’est un solitaire aller parmi les gens;
c’est un jamais se contenter d’être content;
c’est croire que l’on gagne tout en étant perdant;

C’est un désir par sa propre volonté être emprisonné;
c’est servir celui qui vainc, le vainqueur;
c’est avoir pour qui nous tue, de la loyauté;

Mais comment en sa faveur peut-il causer
Dans les coeurs humains de l’amitié,
Si tellement contraire à lui-même est l’Amour?

Luís de Camões est considéré par beaucoup comme le plus grand poète du Portugal et l'une des plus grandes figures de la littérature en langue portugaise.

image Wikipedia