lundi 19 octobre 2020

Afonso Celso - "Rosa / Rose"

Afonso Celso
Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, poète, historien, écrivain célèbre, juriste, homme politique brésilien (Ouro Preto 1860 - Rio de Janeiro1938), fils du vicomte de Ouro Preto.
C'est son grand-père portugais, João António Afonso, qui avait quitté le Portugal pour le Brésil, et était devenu brésilien.
Afonso Celso fut membre co-fondateur de l'Académie brésilienne des lettres et fut un grand défenseur de l'abolition de l'esclavage et du régime républicain.

"...Avec la proclamation de la république en novembre 1889, Afonso Celso résolut, par solidarité avec son père, et quoiqu’ayant pris une part active aux campagnes abolitionnistes et républicaines, d’accompagner son père sur le chemin de l’exil, à la suite du départ de la famille impériale pour le Portugal...Revenu au Brésil en 1892, Afonso Celso abandonna la politique pour se vouer à son métier d’avocat, à l’enseignement du droit, aux belles lettres et au journalisme...

Je vous présente deux poèmes de ce grand poète et homme de lettres brésilien (avec ma traduction d'amateur).


 Rosa 

Rosa colhia sozinha                                 Rose cueillait seule 
Lindas rosas no jardim
                         De belles roses dans son jardin 
E nas faces também tinha
                    Et sur les joues elle avait aussi
Duas rosas de carmim. 
                        Deux roses de carmin.

Cheguei-me e disse-lhe: Rosa
            En la voyant je lui dis: Rose
Qual dessas rosas me dás?
                  Laquelle de ces roses tu me donnerais? 
As da face primorosa
                            Celles de tes joues gracieuses
Ou essas que unindo estás?...
            Ou celles que tu es en train d'assembler?...

Ela fitou-me sorrindo,
                         Elle me regarda en souriant, 
Ainda mais enrubesceu;
                     Et plus encore elle rougit;
Depois, ligeira fugindo, 
                      Puis, légère en s'éloignant, 
De longe me respondeu:
                     De loin elle me répondit:

"Não dou-te as rosas das faces
        "Les roses de mes joues je ne te donnerai 
Nem as que tenho na mão:
                Ni celles que j'ai dans ma main: 
Daria, se me estimasses,
                     Je te donnerai, si tu m'estimes,                   
As rosas do coração."                            Les roses que j'ai dans mon coeur."

Afonso Celso 



NA FAZENDA

Dorme a fazenda. Uniformes,
Com seu inclinado teto,
Têm as senzalas o aspeto
De um bando d´aves enormes.

Os cães, no pátio encoberto,
Repousam de orelha erguida;
São como oásis de vida
Da escuridão no deserto.

De vagos tons uma enfiada
Com o torpor luta e vence-o;
É no burel do silêncio
Franja sonora bordada.

Às vezes, da porta estreita
Sai um chorar de criança,
Chamando a mãe que descansa
Morta do afã da colheita.

Talvez no infantil assombro
Já se lhe antolhe mais tarde:
— O eito enquanto o sol arde,
E o peso da enxada ao ombro.

Os cães levantam-se a meio,
Geme a criança um momento
E, a pouco e pouco, em lamento
Sucumbe o isolado anseio.

Longe, na sombra perdido,
Há no perfil de um oiteiro
Algo de estranho guerreiro
Da cota de armas vestido.

Ao lado reluz a linha
De extensa e alvacenta estrada,
Como a lâmina da espada
Que lhe saltou da bainha.

E o disco da lua nova
No lar azul das esferas,
De nuvens que lembram feras,
Como um réptil sai da cova.

Ondula no espaço o fumo
De algum incêndio invisível;
Chora a criança, impassível
Prossegue a noite em seu rumo.

Afonso Celso 

         (De Rimas de outr´ora, 1894)

11 commentaires:

  1. Para dar à minha mulher no domingo que é o nosso vigésimo terceiro aniversário de casamento.

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    1. Parabéns a sua esposa, Pedrão.
      Quanta paciência tem ela com
      você dentro de casa na quarentena,
      hein! (risos).
      Só quem é amigo permite tal brincadeira.
      Beijos e beijos, muitos.

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  2. Olá, querida amiga Ângela!
    Uma rosa apenas e tanta alegria contida no peito de quem a receber.
    A Rosa do coração é uma rosa da amizade.
    Poeta com lirismo acentuado.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

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  3. Muito bom...Gostei de o ler! :)
    -
    Morre lentamente ...

    -
    Beijos, e um excelente dia de Quarta Feira!

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  4. Desconhecia e por isso gostei de ler!!! Bj e belo olhar!

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  5. Belos poemas de um poeta que desconhecia por completo. Grata pela partilha.

    Abraço, saúde e uma boa semana

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  6. Achei o poema "Rosa" delicioso.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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  7. Olá,
    Não conhecia este extraordinário Poeta e fiquei encantada com tão belas poesias.
    Obrigada por partilhar connosco estas preciosidades.
    Fique bem, um abraço!
    Isabel

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  8. Dois belíssimos poemas aqui colho depois de colher linda quadra em meu modesto espaço! Abraço cordial! Gratidão! Laerte.

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  9. Meu Deus como chove aqui
    onde moro...
    Gente, boa noite a todos
    e bom fim de semana.

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  10. Não sendo propriamente um poeta, este poema, a sua obra prima, é realmente um belo exemplo do estilo da penúltima viragem do século.

    Parabéns pela foto.

    Tudo de bom. Beijinho
    ~~~~~~~~~

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