vendredi 31 décembre 2021

Sophia de Mello Breyner - "Liberdade / Liberté"



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Coro Gulbenkian: Liberdade, poema de Sophia de Mello Breyner
Sortie le 24 avr. 2020
Publié par Fundação Calouste Gulbenkian 
 


LIBERDADE

poema
de Sofia de Mello Breyner


"Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente
Puro espaço e lúcida unidade
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade"




LIBERTÉ 
ma traduction du 
poème de la poétesse portugaise Sofia de Mello Breyner
"Ici sur cette plage Il n'y a aucune trace d'impureté Ici où il y a seulement Des vagues qui se brisent sans répit Espace pur et unité lucide Ici le temps avec passion Trouve sa propre liberté"



dimanche 26 décembre 2021

David Mourão-Ferreira - Prelúdio de Natal / Prélude de Noël

David Mourão-Ferreira, écrivain et poète portugais (1927-1996) né à Lisbonne, fut un des grands poètes de la littérature portugaise du XXe siècle.

David Mourão-Ferreira (image du net)



PRELÚDIO DE NATAL 

Tudo principiava
pela cúmplice neblina
que vinha perfumada
de lenha e tangerinas

Só depois se rasgava
a primeira cortina
E dispersa e dourada
no palco das vitrinas

a festa começava
entre odor a resina
e gosto a noz-moscada
e vozes femininas

A cidade ficava
sob a luz vespertina
pelas montras cercada
de paisagens alpinas.


David Mourão-Ferreira


David de Jesus Mourão-Ferreira foi um escritor e poeta português; nasceu em Lisboa, em 1927 e morreu, também nesta cidade, em 1996.

Avec ma traduction d'amateur (en rouge): 


PRÉLUDE DE NOËL

Tout allait commencer
par la complice brume
qui arrivait embaumée
de bûches et de mandarines

Ce n'est qu'alors qu'on tirait
le tout premier rideau
Et que disperse et dorée
sur l'estrade des vitrines

la fête avait commencé
entre l'odeur de résine
le goût de noix de muscade
et les voix féminines 

La ville se montrait
dans la lumière du couchant
sur les devantures entourée
de paysages alpins.




mardi 30 novembre 2021

Almeida Garrett - Gozo e dor / Plaisir et souffrance


Almeida Garrett 

(Porto, 4 février 1799 — Lisbonne, 9 décembre 1854) a été un écrivain et dramaturge romantique, orateur, pair du royaume, ministre et secrétaire d'État honoraire portugais.
Grand promoteur du théâtre au Portugal, l'une des plus grandes figures du romantisme portugais, c'est lui qui proposa la construction du Théâtre National de D. Maria II et la création du Conservatoire d'Art Dramatique.
Le mouvement littéraire duquel Almeida Garrett fait partie, propose les contrastes, et s'inspire au travers des caractéristiques telles que,
l'exaltation des sentiments, les thèmes la mélancolie, les passions, sensibilité et sentiments personnels, la souffrance du moi, le rêve et la rêverie, l'amour et le désenchantement., le néant et la mort, la révolte, la nature et le divin...

Dans le poème qui suit, plaisir et souffrance se succèdent alternativement dans un mélange de doute et de bonheur amoureux (avec ma traduction d'amateur en rouge).

Gozo e dor                                             Plaisir et Souffrance

Se estou contente, querida,                         Si je heureux, ma chérie,
Com esta imensa ternura                            Avec cette immense tendresse 
De que me enche o teu amor?                      Qui m'envahit de ton amour?
- Não. Ai não; falta-me a vida;                   - Non. Oh non; la vie me manque;
Sucumbe-me a alma à ventura:                   Mon âme succombe au bonheur:
O excesso de gozo é dor.                                L'excès de plaisir est une douleur.

Dói-me a alma, sim; e a tristeza                   Mon âme me blesse, oui; et la tristesse
Vaga, inerte e sem motivo,                           Vague, inerte et sans but,
No coração me poisou.                                 Dans mon coeur elle a atterri.
Absorto em tua beleza,                                 Absorbé dans ta beauté,
Não sei se morro ou se vivo,                        Je ne sais pas si je meurts ou si je vis,
Porque a vida me parou.                               Car la vie pour moi s'est arrêtée.

É que não há ser bastante                            C'est que personne n'est assez grand
Para este gozar sem fim                                Pour un tel plaisir infini
Que me inunda o coração.                            Qui m'innonde le coeur.
Tremo dele, e delirante                                 J'en tremble, et en délirant
Sinto que se exaure em mim                        Je sens qu'en moi s'épuise
Ou a vida - ou a razão.                                  Ou la vie - ou le discernement
                                                                           (traduction)
Almeida Garrett, in Folhas Caídas



Un autre poème de Almeida Garrett, un homme aux multiples talents, chanté par Rita Ruivo:

Rita Ruivo canta no Fado Menor Versículo o poema 'Este Inferno de Amar' de Almeida Garrett 
Publié par rita ruivo marques . 19 nov. 2013


Este inferno de amar

Este inferno de amar – como eu amo!
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida – e que a vida destrói.
Como é que se veio atear,
Quando – ai se há de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes eu vivi
Era um sonho talvez… foi um sonho.
Em que  paz tão serena a dormi!
Oh! Que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim! Despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… Dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? Eu que fiz? Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei…

Almeida Garrett

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… Dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? Eu que fiz? Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei…

Traduit en français  ICI

Almeida Garrett o apelido que o poeta começou a usar em 1818, 

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, mais tarde 1.º Visconde de Almeida Garrett (Porto, 4 de fevereiro de 1799 — Lisboa, 9 de dezembro de 1854), foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, par do reino, ministro e secretário de estado honorário português.

Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.

"...Iniciador do Romantismo, refundador do teatro português, criador do lirismo moderno, criador da prosa moderna, jornalista, político, legislador, Garrett é um exemplo de aliança inseparável entre o homem político e o escritor, o cidadão e o poeta.
É considerado, por muitos autores, como o escritor português mais completo de todo o século XIX, porquanto nos deixou obras-primas na poesia, no teatro e na prosa, inovando a escrita e a composição em cada um destes géneros literários...."



 

 

dimanche 14 novembre 2021

João de Deus - "A Vida / La Vie"

 

Le poète João de Deus est né à São Bartolomeu de Messines, un village de la commune de Silves, en Algarve (sud du Portugal), le 8 mars 1830.
Ayant fait ses études à Faro, le jeune homme part pour Coimbra (la célèbre ville universitaire du centre du pays) pour poursuivre ses études universitaires. À Coimbra il découvre son goût pour la poésie!


A Vida | Poema de João de Deus com narração de Mundo Dos Poemas 
Publié par Mundo Dos Poemas . 28 déc. 2020

L'auteur de la vidéo écrit:

Poesia e poema de autor português. João de Deus de Nogueira Ramos (São Bartolomeu de Messines, 8 de Março de 1830 — Lisboa, 11 de Janeiro de 1896), mais conhecido por João de Deus, foi um eminente poeta lírico e pedagogo, considerado à época o primeiro do seu tempo, e o proponente de um método de ensino da leitura, assente numa Cartilha Maternal por ele escrita, que teve grande aceitação popular, sendo ainda utilizado. Gozou de extraordinária popularidade, foi quase um culto, sendo ainda em vida objeto das mais variadas homenagens. Foi considerado o poeta do amor e encontra-se sepultado no Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa.
Lemos que
"..Acabados os estudos no Seminário de Faro segue para Coimbra realizando os exames de Latim, Doutrina, Francês, Filosofia, Aritmética e Geometria no Seminário de Coimbra, No ano letivo de 1849 / 1850, agora com 19 anos, matricula-se no 1º ano do curso de Direito na Universidade de Coimbra..." Em Coimbra: Revela-se o poeta!

http://www.in-faro.com/bio_joao_deus.html

João de Deus a écrit de nombreux poèmes, dont voici un exemple, avec ma traduction d'amateur en rouge:

A vida                                        La vie

A vida é o dia de hoje,                     La vie c'est le jour d'aujourd'hui,
A vida é ai que mal soa,                  La vie est un cri s'entend à peine,  
A vida é sombra que foge,              La vie est une ombre qui s'enfuit,
A vida é nuvem que voa;                 La vie est un nuage qui planne;

A vida é sonho tão leve                    La vie est un rêve si léger             

Que se desfaz como a neve,            Qui comme la neige se défait,
E como o fumo se esvai,                  Et qui comme la fumée se dissipe,
A vida dura um momento,               La vie dure un instant,
Mais leve que o pensamento,          Plus légère que la pensée,
A vida leva-a o vento,                        La vie l'emporte le vent,
A vida é folha que cai!                       La vie est une feuille tombée!

A vida é flor na corrente,                  La vie est une fleur sur le courant,

A vida é sopro suave,                         La vie est un souffle délicat,
A vida é estrela cadente,                   La vie est une étoile filante,
Voa mais leve que a ave;                   Elle vole plus légère que l'oiseau;

Nuvem que o vento nos ares,            Le nuage que le vent dans les airs,

Onda que o vento nos mares,            La vague que le vent sur les mers, 
Uma após outra lançou.                    L'un après l'autre a lancé.
A vida – pena caída                            La vie - une plume tombée
Da asa de ave ferida –                        De l'aile de l'oiseau blessé - 
De vale em vale impelida                   De vallée en vallée avançant           
A vida o vento a levou!                       La vie que le vent a emportée!

João de Deus


Je vous invite à une promenade em Algarve!
Voici une petite vidéo récente, qui montre de jolies images du village de São Bartolomeu de Messines, le village natal du poète João de Deus, qui lui rend hommage avec une statue du poète, et la conservation de la maison où il est né.

Vila de São Bartolomeu de Messines - Algarve - 
Portugal Publié par Algarve Meu Algarve . 14 nov. 2021

L'auteur de la video écrit:

A Vila de São Bartolomeu de Messines localiza-se no concelho de Silves, num vale entre o Barrocal e a Montanha do Penedo Grande. Nesta zona predominam os pomares. Ao longo das suas ruas estreitas predominam as casas brancas com açoteias, platibandas e chaminés rendilhadas. Gentílico: Messinense 
A Igreja Matriz de São Bartolomeu de Messines data do séc. XVI, representando a transição do estilo manuelino para o renascentista. No séc. XVIII foi acrescentada uma fachada barroca, destacando-se o contraste entre as paredes brancas e as cantarias em grés vermelho, a pedra original da região. O interior da igreja é constituído por 3 naves com arcos redondos apoiados por colunas salomónicas. 
Nesta vila encontram-se também o Museu do Traje e das Tradições; o Cine Teatro João de Deus; o Mercado Municipal; a Ermida de São Sebastião (data do séc. XVI); a Casa Museu João de Deus (onde o poeta viveu); a Casa onde nasceu João de Deus; o Arco do Remexido; a Casa onde nasceu Maria Antonieta Júdice Barbosa; o Monumento a João de Deus; a Junta de Freguesia; o Jardim Municipal; e nos arredores a Estação Ferroviária de Messines - Alte.




Outros poemas de João de Deus:
https://www.poetris.com/poemas/joao-de-deus/page/2

vendredi 12 novembre 2021

"Alta Vila" de Águeda

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unune rue de la ville de Águeda (image du net)

Le poème de la poétesse portugaise Maria Antónia Pinto de Oliveira Morais entourent les images de la video ci-dessous qui nous montre le joli parc de la ville de Águeda:

Um olhar sobre Águeda || 
Episódio 3 - Parque de Alta Vila 
Publié par Soberania do Povo TV . 7 juin 2021

"Maria Antónia Pinto de Oliveira Morais nasceu em Águeda, em 1935, passando a residir em Lisboa a partir dos sete anos, onde fez os seus estudos... faleceu em 2006"


"..Recorde-se que esta intervenção de requalificação do Parque de Alta Vila veio na sequência da devastação do espaço depois do temporal de janeiro de 2013. Com um investimento total de um milhão e 160 mil euros, a empreitada orientou-se por “um princípio de respeito por todas as pré-existências, construídas e vegetais, e implementa benefícios significativos ao nível da conservação do solo e da água e da recuperação do conjunto histórico, como a igreja ou o coreto”...
Source: https://www.aveiromag.pt/2020/12/04/agueda-parque-de-alta-vila-abre-ao-publico-renovado/



lundi 1 novembre 2021

Virgínia Vitorino - "Renúncia / Renoncer"

Virgínia Vitorino, professeur, romancière, et poétesse portugaise, née en 1895 à Alcobaça (ville portugaise du district de Leiria), et décédée à Lisbonne en 1967.



Virgínia de Sousa Vitorino, mais conhecida por Virgínia Vitorino (Alcobaça, 13 de agosto de 1895 — Lisboa, 21 de dezembro de 1967), foi uma professora, poetisa e dramaturga portuguesa. Recebeu o Prémio Gil Vicente em 1938.


"..Remorso de viver e perder as oportunidades, e, no ápice de acordar pra vida, percebe-se que já é tarde para voltar atrás e mudar a história. O tempo é implacável..."
com a sensibilidade feminina da poetisa portuguesa
Outros poemas da Virgínia Vitorino AQUI

Renúncia

Fui nova, mas fui triste; só eu sei
como passou por mim a mocidade!
Cantar era o dever da minha idade…
Devia ter cantado, e não cantei!

Fui bela. Fui amada. E desprezei…
Não quis beber o filtro da ansiedade.
Amar era o destino, a claridade…
Devia ter amado, e não amei!

Ai de mim! Nem saudades, nem desejos;
nem cinzas mortas, nem calor de beijos…
— Eu nada soube, nada quis prender!

E o que me resta? Uma amargura infinda:
ver que é, para morrer, tão cedo ainda,
e que é tão tarde já para viver!

Virgínia Vitorino

Avec ma traduction d'amateur (en rouge) du poème ci-dessus

Renoncer

J'étais jeune, mais j'étais riste; moi seule sais
comme la jeunesse  m'a devancée!
La chanson était une obligation pour mon âge…
J'aurais du chanter, et je ne l'ai pas fait!

J'étais belle. J'étais aimée. Et je méprisais…
Je n'ai pas voulu boire le filtre de l'anxiété.
L'amour était le destin, la clarté…
J'aurais du aimer, et je ne l'ai pas fait!

Pauvre de moi! Ni nostalgie, ni désirs;
ni cendres mortes, ni la chaleur des baisers…
— Je n'ai rien su, je ne voulus rien retenir!

Et que me reste-t-il? Une amertume sans fin:
de voir qu'il est, pour mourir, trop tôt encore,
et que pour vivre il est déjà trop tard!


dimanche 24 octobre 2021

Murilo Mendes - "NOTURNO RESUMIDO - RÉSUMÉ NOCTURNE"


Après avoir publicé un poème de Maria da Saudade Cortesão dans le post précédent, voici la poésie de son mari le poète brésilien Murilo Mendes.


"Murilo Monteiro Mendes (Juiz de Fora, Minas Gerais 13 de maio de 1901 — Lisboa, 13 de agosto de 1975) foi um poeta e prosador brasileiro, expoente do surrealismo no movimento modernista brasileiro.."

Pour situer l'oeuvre du poète, 
j'ai cherché une définition du modernisme, un mouvement artistique qui a "atteint son apogée dans les premières décennies du XXème siècle... Il regroupe, en effet, une multitude de mouvements littéraires et artistiques avant-gardistes, parmi lesquels le post-impressionnisme, le cubisme, le dadaïsme, le surréalisme, le futurisme, le vorticisme, l'imagisme et l'expressionnisme..."


Né à Juiz de Fora (Minas Gerais), fils d’Onofre Mendes et d’Eliza de Barros Mendes, Murilo Mendes poète brésilien ira vivre en 1920 à Rio de Janeiro, où il commence sa carrière littéraire.
Les années 1940 et 1950, Murilo Mendes les passe dans plusieurs pays d' Europe. Au Portugal ses séjours seront de plus en plus longs, et d'après plusieurs publications, ce pays serait devenu sa seconde patrie, cela du aussi à son mariage avec la poétesse portugaise Maria da Saudade Cortesão.
Murilo Mendes "est mort le 13 août 1975 à Estoril (Lisbonne), au Portugal, dans ce pays qu’il a choisi d’aimer et où il est resté."
Le poète et écrivain dediera au Portugal son livre "Janelas Verdes"
https://ulysseias.ilcml.com/fr/terme/mendes-murilo-2/

Je vous invite à connaître ou à lire un de ces poèmes:

NOTURNO RESUMIDO

A noite suspende na bruta mão
que trabalhou no circo das idades anteriores
as casas que o pessoal dorme comportadinho
atravessado na cama
comprada no turco a prestações.

A lua e os manifestos da arte moderna
brigam no poema em branco.

A vizinha sestrosa da janela em frente
tem na vida um camarada
que se atirou dum quinto andar.
Todos têm a vidinha deles.

As namoradas não namoram mais
porque nós agora somos civilizados,
andamos no automóvel gostoso pensando no cubismo.

A noite é uma soma de sambas
que eu ando ouvindo há muitos anos.

O tinteiro caindo me suja os dedos
e me aborrece tanto:
não posso escrever a obra-prima
que todos esperam do meu talento.

Murilo Mendes

J'écris en rouge ma traduction d'amateur de ce poème de Murilo Mendes:

RÉSUMÉ NOCTURNE

La nuit suspend dans sa main rugueuse
qui a travaillé dans le cirque des âges précédents
les maisons où les gens dorment sagement
en travers du lit
acheté chez le turc en mensualités.

La lune et les manifestes d'art moderne
se disputent dans le poème vide.

La voisine charmante de la fenêtre d'en face
a dans sa vie un camarade
que s'est jeté du cinquième étage.
Chacun a sa petite vie.

Les copines ne sortent plus avec nous
car maintenant nous sommes civilisés,
nous roulons dans une belle voiture en pensant au cubisme.

La nuit est un amoncellement de sambas
que j'écoute depuis de nombreuses années.

L'encrier qui tombe me salit les doigts
et cela m'embête tellement:
je ne peux pas écrire le chef-d'oeuvre
que tous attendent de mon talent.


Encontramos que :
"o sobrenome Mendes se espalhou, desde os primeiros anos de colonização do Brasil, por seu vasto território. Em Minas Gerais, mais especificamente na região de Juiz de Fora, estabeleceu-se a importante família de Francisco Mendes de Carvalho, que deixou numerosa descendência de seu casamento com Ana Mendes de Carvalho. Entre esses descendentes, destaca-se o filho dr. Onofre Mendes, nascido em 1873, empresário que foi homenageado com o nome de uma rua em Juiz de Fora. Destaque também para o neto Murilo Mendes, renomado poeta brasileiro, nascido em Juiz de Fora em 1901.."

mardi 12 octobre 2021

Maria da Saudade Cortesão - "Primavera / Printemps"

Maria da Saudade Cortesão, poétesse née en 1938 à Porto, ville du nord du Portugal; la jeune fille a accompagné son père au Brésil, où elle a connu et épousé Murilo Mendes.

image du net

Maria da Saudade Cortesão Mendes 
(Porto, 1938 – Lisboa, 25/11/2010) 
poetisa e tradutora, filha de Jaime Cortesão e esposa do poeta brasileiro Murilo Mendes.
"Filha de Jaime Cortesão, viveu grande parte da vida no estrangeiro acompanhando seu pai no exílio, primeiro em Paris (1927), depois em Madrid e, por fim, no Rio de Janeiro, onde conheceu o poeta Murilo Mendes com quem veio a casar-se em 1947. Entre 1952 e 1956 viajou pela Europa acompanhando o marido em missões culturais ..."

https://www.publico.pt/2010/11/26/culturaipsilon/noticia/morreu-a-poetisa-saudade-cortesao-1468164

Maria da Saudade Cortesão avec son mari Murilo Mendes
(image du net)

image du net

“…Como poeta publicou seis livros; traduziu “Crime na catedral”, de Eliot (além de Shakespeare e Camus), e publicou muita coisa que ainda está dispersa por jornais e revistas portugueses, brasileiros e italianos….”
https://domtotal.com/blogs/carlosavila/476/2015/01/a-musa-de-murilo/

PRIMAVERA - Maria da Saudade Cortesão Mendes

A Musa que passava
Não era a que sabias.
Vinha em lua minguante
A espaços vestida
Por espelhos azuis
E narcisos de frio.

Que remanso tão meigo
Em seus peitos havia!
Que miosótis de leite
Em suas veias tíbias,
Três tangentes tocavam
O seu coração dúbio.

Não lhe soubeste o corpo —
Terra da madrugada
Que se dava ferida,
Nem os seus cursos de água.
Olhavas tão ao longe
Enquanto o amor te olhava.


Avec ma traduction d'amateur (printemps en portugais é du genre féminin) :

PRINTEMPS

La  Muse qui passait
N'était pas celle que tu connaissais. 
Elle arrivait en lune décroissante 
Par intervalles habillée 
Par des miroirs bleus 
Et des jonquilles froides.

Quelle mare si douce
Qu'il y avait dans ses seins!
Quels myosotis laiteux
Dans ses veines vacillantes,
Trois tangentes qui touchaient
Son coeur indécis.

Tu n'as pas connu son corps —
La terre qui à l'aube
S'offrait avec sa blessure,
Ni ses cours d'eau.
Ton regard se perdait si loin
Pendant que l'amour te regardait.



un autre poème trouvé sur le net:

OFÉLIA 

Que perfil perdi no vento
Que rosto perdi na água,
Transparência perturbada,
Íris d’água cor do tempo.

Nunca a figura do sonho
Me pareceu tão velada —
Vejo só a meia-lua
Da sua nuca inclinada.

Edifício d’água e sombra
Que a corrente desmanchava
E em meus cabelos ao sul
As grinaldas desfolhava.

Deixai-me afundar nas frias
Solidões de junco e mágoa,
E de mim própria ausente
Repousar à sombra d’água.


Sobre o pai de Maria da Saudade:
Jaime Zuzarte Cortesão foi um médico, político, escritor e historiador português. Filho do filólogo António Augusto Cortesão, foi irmão do historiador Armando Cortesão e pai da renomeada ecologista Maria Judith Zuzarte Cortesão e da poetisa Maria da Saudade Cortesão, esposa do poeta modernista Murilo Mendes.

samedi 25 septembre 2021

Gabriel Fernandes da Trindade: DUETO CONCERTANTE

 


Gabriel Fernandes da Trindade, était violoniste, chanteur et compositeur, né en 1790 au Brésil durant la période coloniale. L'étude des oeuvres de ces artistes atteste le haut niveau atteint par ces artistes dans la colonie portugaise d'Amérique du Sud.

Je vous invite 'a écouter un duo de ce compositeur:
Gabriel Fernandes da Trindade (c.1790-1854) 
DUETO CONCERTANTE
no. 1 
-Allegro moderato 
-Andante sostenuto 
-Allegro vivace
Maria Ester Brandão, 1o violino 
Koiti Watanabe, 2o violino

Le Duo est une pièce musicale à deux parties simultanées, destinée à être interprétée par deux solistes, avec ou sans accompagnement


Publié par Eduardo Linzmayer . 27 mai 2018
Imagem do Paço Imperial é um edifício histórico localizado na atual Praça XV de Novembro, no centro da cidade do Rio de Janeiro, construído no século XVIII para residência dos governadores da Capitania do Rio de Janeiro. 
Vemos as semelhanças com o Terreiro do Paço de Lisboa!
Em 1808, com a chegada ao Rio de Janeiro da família real portuguesa, o edifício tinha sido promovido a Paço Real.


"Gabriel Fernandes da Trindade (Vila Rica, 1799/1800 - Rio de Janeiro, 23/08/1854) foi um violinista, cantor e compositor mineiro e brasileiro, atuante no Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX. Autor de canções e de duetos para dois violinos, compôs as mais antigas obras camerísticas brasileiras conhecidas e pertenceu à primeira geração de compositores brasileiros que teve obras impressas em vida, conhecido também como autor de modinhas
Gabriel Fernandes da Trindade nasceu na freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, em Vila Rica (atual Ouro Preto). Filho do músico José Fernandes da Trindade e de Quitéria Coelho de Almeida..."
Em WIKIPEDIA
 
Conhecido também como autor de “modinhas”,

samedi 11 septembre 2021

O Hino da Independência do Brasil - 1822

L'Hymne de l'Indépendance du Brésil -1822

Pour faire un bref résumé historique, je rappelle le voyage de la cour portugaise, lorsque, en 1808, le roi D. João VI quitta Lisbonne avec sa famille et toute l'aristocratie portugaise et l'appareil d'état à bord d'une trentaine de navires pour aller règner sur le Portugal et ses colonies à partir de Rio de Janeiro.

La traversée de l'Atlantique était une épopée risquée pour l'époque, mais la famille royale et les dignitaires du pays emportant de nombreux trésors, échappaient ainsi aux armées françaises de Napoléon qui envahissaient le Portugal.
D. João VI dut retourner au Portugal, mais il laissa au Brésil son fils Pedro de Alcantara, comme régent. Ce dernier, pour éviter le cahos et une possible guerre civile, devant la pression des mouvements revolutionnaires/indépendantistes/libéraux/sépartistes, declara l'indépendance du Brésil en 1822.
D. Pedro I impereur du Brésil, est connu au Portugal comme D. Pedro IV.

https://fr.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%A9pendance_du_Br%C3%A9sil#/media/Fichier:Pedro_Am%C3%A9rico_-_Independ%C3%AAncia_ou_Morte_-_Google_Art_Project.jpg

D. Pedro se fait couronner 1er impereur du Brésil et composa lui-même la musique d'un hymne de l'Indépendance sur des paroles du poète Evaristo da Veiga. D. Pedro était bon chanteur, musicien et compositeur!

C'est la déclaration d'indépendance du pays envers le Portugal que les brésiliens commémorent le 7 septembre.

Je vous présente aujourd'hui, pour ceux qui ne connaissent pas, et pour ceux qui aiment écouter cette belle composition musicale qui est l'Hymne de l'Indépendance du Brésil:

Hino da Independência do Brasil
- Formato de Alta Definição. (Orquestra da OSESP)
Letra de: Evaristo Ferreira da Veiga e Barros
Música de: S.M, o Imperador Dom Pedro de Bragança ( do Brasil e IV de Portugal).

No vídeo do Youtube, encontramos a seguinte explicação:

Dom Pedro I é o autor da melodia do Hino da Independência, sendo que a letra foi escrita por Evaristo da Veiga.
"...em 1822, o Hino original tinha a melodia de Marcos Portugal, aproveitando versos de Evaristo da Veiga. Só a partir de 1824, a melodia composta pelo Imperador substituiu a de Marcos Portugal, sendo executada até 1831, quando retornou à versão anterior de Marcos Portugal. Em 1922, nas comemorações do Centenário da Independência do Brasil, a versão de Dom Pedro I voltou à cena. Anos mais tarde, o então Ministro da Educação, Gustavo Capanema, nomeou uma comissão composta por Villa-Lobos, Assis Republicano, Luís Heitor e Francisco Braga, para estabelecer a versão oficial dos Hinos brasileiros. Assim oficializou-se o Hino da Independência, tal como foi escrito pelo Imperador D. Pedro I e por Evaristo da Veiga, e como é conhecido até nossos dias.

Já podeis, da Pátria filhos,                Vous pouvez, fils de la Patrie,
Ver contente a mãe gentil;                Voir heureuse la mère gentil;
Já raiou a liberdade                            La liberté rayonne déjà
No horizonte do Brasil.                     À l'horizon du Brésil
Já raiou a liberdade                            La liberté rayonne déjà
Já raiou a liberdade                            La liberté rayonne déjà
No horizonte do Brasil.                      À l'horizon du Brésil 

Brava gente brasileira!                        Courageux Brésiliens!
Longe vá, temor servil:                       Loin s'en va, la peur servile:
Ou ficar a pátria livre,                         Ou avoir la patrie libre,  
Ou morrer pelo Brasil.                        Ou mourir pour le Bresil.
Ou ficar a pátria livre                          Ou avoir la patrie libre,
Ou morrer pelo Brasil.                        Ou mourir pour le Brésil. 

Os grilhões que nos forjava                 Les chaînes qui nous ont forgées
Da perfídia astuto ardil,                       De la finaude et astucieuse rouerie,
Houve mão mais poderosa:                 Il y eut main plus puissante:
Zombou deles o Brasil.                        D'elles se moqua le Brésil.
Houve mão mais poderosa                  Il y eut main plus puissante
Houve mão mais poderosa                  Il y eut main plus puissante
Zombou deles o Brasil.                        D'elles se moqua le Brésil

Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.
Vossos peitos, vossos braços
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.
Do universo entre as nações
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

(Avec un peu plus de temps, je terminerai ma traduction en rouge!)

L'auteur des paroles était le poète Evaristo da Veiga né à Rio de Janeiro en 1799. 
Poète, journaliste, politicien, fils de Francisco Luís Saturnino da Veiga qui avait quitté le Portugal pour le Brésil à l'âge de 13, et qui  était devenu maître d'école à Rio de Janeiro.

Evaristo Ferreira da Veiga e Barros (Rio de Janeiro, 8 de outubro de 1799 — Rio de Janeiro, 12 de maio de 1837) foi um poeta, jornalista, político e livreiro. Ótimo estudante que no Rio de Janeiro de D. João VI aprendeu francês, latim, inglês, cursou aulas de retórica e poética e estudou filosofia.


Conta entre os precursores do Romantismo no Brasil. Filho de um português mestre-escola, Francisco Luís Saturnino da Veiga, chegado ao Brasil aos 13 anos, soldado miliciano na paróquia de Santa Rita, no Rio de Janeiro, depois nomeado professor régio de primeiras letras na freguesia de São Francisco Xavier do Engenho Velho.
Evaristo ficou conhecido por ter sido o autor da letra do "Hino à Independência", cuja música se deve a D. Pedro I.