Pausa deste blog

jeudi 28 février 2019

Florbela Espanca - "A Flor do Sonho / La Fleur du Reve"



Forbela Espanca (1894-1930) est née à Vila Viçosa, au Portugal. Poète et poétesse d'avant-garde, son écriture est caractérisée par un ton confessionnel fort (ses textes correspondent à une sorte de journal intime, un langage personnel centré sur ses propres frustrations et aspirations), avec un accent érotique féministe sans précédent… (traduit)
Florbela Espanca  (Flor Bela de Alma Conceição Espanca) (1894-1930) nasceu em Vila Viçosa, Portugal. Contista e poetisa de vanguarda, sua escrita é caracterizada pelo forte tom confessional (seus textos correspondem a uma espécie de diário íntimo, uma linguagem pessoal centrada em suas próprias frustrações e anseios), com um acento erótico feminista sem precedentes..
https://www.jornaldopovo.com.br/site/blogs/485/258813/Florbela_Espanca.html
A Flor do Sonho

A Flor do Sonho, alvíssima, divina,
Miraculosamente abriu em mim,
Como se uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína.

Prende em meu seio a haste branda e fina
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim!...
Milagre...fantasia...ou, talvez sina...

Ó flor que em mim nasceste sem abrolhos,
Que tem que sejam tristes os meus olhos
Se eles são tristes pelo amor de ti?!...

Desde que em mim nasceste em noite calma,
Voou ao longe a asa da minh'alma
E nunca, nunca mais eu me entendi…

Florbela Espanca


J'ai illustré mon post avec des photos que j'ai prises dans le nord du Portugal, où les magnolias fleurissent en hiver, et nous offrent ces belles corolles blanches ou roses, sur des troncs dénudés.
Je vous propose ma traduction (d'amateur) du poème ci-dessus:

La fleur du rêve

La fleur du rêve, immaculée, divine,
S'est miraculeusement ouverte en moi,
Comme si un magnolia de satin,
Se serait épanoui sur un mur en ruine.

Il accroche sur ma poitrine la tige douce et fine
Et je ne peux pas comprendre comment, enfin,
Cette fleur si rare s'est ouverte comme cela! ...
Miracle ... fantaisie ... ou peut-être le destin...

Oh fleur qui en moi tu es née sans épines,
Que mal y a-t-il que mes yeux soient tristes?
S'ils sont tristes pour l'amour de toi ?! ...

Depuis que, en moi par nuit calme tu es née

L'envol de mon âme au loin s'est éloigné.
Et plus jamais, plus jamais je ne me suis comprise ...


Escolhi a 1ª PRIMEIRA IMAGEM- Um longo caminho numa paisagem de serrado com sol brilhante.
da 71ª EDIÇÃO DO POETIZANDO E ENCANTANDO
https://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com/2019/02/71-edicao-do-poetizando-e-encantando.html
para responder ao convite a Prof.ª Lourdes Duarte! obrigada amiga!
Foi um semana em que não tive oportunidade de criar um poeminho meu, assim pedi ajuda à Florbela Espanca. Espero que gostem :)

Esfinge

Sou filha da charneca erma e selvagem.
Os giestais, por entre os rosmaninhos,
Abrindo os olhos d’oiro, p’los caminhos,
Desta minh’alma ardente são a imagem.

Embalo em mim um sonho vão,miragem:
Que tu e eu, em beijos e carinhos,
Eu a Charneca e tu o Sol, sozinhos,
Fossemos um pedaço de paisagem!
E à noite, à hora doce da ansiedade
Ouviria da boca do luar
O De Profundis triste da saudade…

E à tua espera,enquanto o mundo dorme,
Ficaria, olhos quietos, a cismar…
Esfinge olhando a planície enorme…
Florbela Espanca, 1923.


mardi 19 février 2019

Judith Teixeira - "Volúpia / Volupté"



2ª Imagem - Um casal namorando com o brilho do sol se pondo iluminando-os lindamente.
A convite da Prof.ª Lourdes, no seu blogue e na 70ª EDIÇÃO DO POETIZANDO E ENCANTANDO



Je vous présente deux poèmes de Judith Teixeira, je les ai trouvés sur le net, j'espere qu'ils vous plairont, sur le sujet de l'amour /passion! suivis de ma traduction d'amateur.

Judith Teixeira fut une romancière et poétesse portugaise, née à Viseu, Portugal, en 1880. Elle est décédée à Lisbonne en 1959. 

Ses écrits d'avant-garde et érotiques pour l'époque, ont suscité de nombreuses réactions polémiques.


No seguimento do post anterior, convido-vos novamente a apreciar a poesia sensual de poetisa portuguese Judith Teixeira, com dois poemas que encontrei na net.
Volúpia

Era já tarde e tu continuavas
entre os meus braços trémulos, cansados...
E eu, sonolenta, já de olhos fechados,
bebia ainda os beijos que me davas!

Passaram horas!.. Nossas bocas flavas,
Muito unidas, em haustos repousados,
Queimavam os meus sonhos macerados,
Como rescaldos de candentes lavas.

Veio a manhã e o sol, feroz, risonho,
entrou na minha alcova adormecida,
quebrando o lírio roxo do meu sonho...

Mas deslumbrou-se... e em rúbidos adejos
Ajoelhou-se... e numa luz vencida,
Sorveu... sorveu o mel dos nossos beijos!

Judith Teixeira, in 'Abril - Madrugada' 

*Rubido - adj. Que tem cor vermelha, rubra.
**Adejos - subst. Voos, voleios,

Volupté


Il était tard et tu étais encore
entre mes bras tremblants et fatigués ...
Et moi, somnolente, les yeux déjà fermés,
je buvais encore les baisers que tu me donnais!

Les heures ont passé! Nos bouches pâles,
Très unies, en goulées détendues,
Embrasaient mes rêves macérés,
comme des lendemains de laves brûlantes.

Le matin s’est levé, et le soleil, féroce, réjoui,
entra dans mon alcôve endormie,
brisant le lis pourpre de mon rêve ...

Puis il s’émerveilla ... et en envols cramoisis,
Il s'agenouilla ... et sous la lumière vaincue,
Il savoura ... savoura le miel de nos baisers!

E o segundo poema de Judith Teixeira:

Mais beijos

Devagar…
outro beijo… ou ainda…
O teu olhar, misterioso e lento,
veio desgrenhar
a cálida tempestade
que me desvaira o pensamento!

Mais beijos!…
Deixa que eu, endoidecida,
incendeie a tua boca
e domine a tua vida!

Sim, amor..
deixa que se alongue mais
este momento breve!…
— que o meu desejo subindo
solte a rubra asa
e nos leve!

Judith Teixeira
Maio – 1925 

Voici ma traduction d'amateur du 2ème poème "Mais beijos", de Judith Teixeira
Mai – 1925

Encore des baisers


Lentement ...
un autre baiser ... ou encore...
Ton regard, mystérieux et lent,
est venu désordonner
la tempête ardente
qui affole ma pensée!

Encore des baisers! ...
Laisse moi, abasourdie,
incendier ta bouche
et commander ta vie!

Oui, mon amour…
laisse-le encore se prolonger
ce bref moment!...
- que mon désir grandissant
déploie son aile vermeil
en nous emportant!


"...A brincadeira tem como objetivo incentivar a o gosto pela poesia, a interação entre amigos, visitando , comentando e seguindo os blogues participantes.
A partir de uma ou mais imagens que indico a cada semana, desenvolve-se a criatividade escrevendo versos, poesias, pensamentos ou mensagens.
É uma brincadeira sem competição, participa-se com o coração e o amor a poesia…. Profª. Lourdes Duarte". E a minha participação:


O amor acorda

O amor acorda porque se faz tarde,
cria maravilhas no leito dos rios,
solta as aves, coloca anjos nas nuvens,
constrói caminhos de versos macios!

Era uma vez… contava-se às princesas,
que viam no sopro do vento, ramos de lírios,
flores de laranjeira, pétalas de açucenas,
e campos, com perfumes de alfazemas.

E vemos magia e encantamento em poemas,
desejos de mãos dadas, coração a bater,
ternuras e carinhos com muita cor,
nas loucuras de um verdadeiro amor!

E vive-se histórias de amor ardente,
intensamente, como o passar do tempo
na imaginação e sonhos do momento,
frescos e leves, como o pensamento!

Angela



Avec mes photos des roses de Braga

samedi 9 février 2019

Judith Teixeira - "Outono / Automne"


Judith Teixeira fut une romancière et poétesse portugaise, née à Viseu, Portugal, en 1880. Elle est décédée à Lisbonne en 1959. 
Ses écrits d'avant-garde et érotiques pour l'époque, ont suscité de nombreuses réactions polemiques.

Judite dos Reis Ramos Teixeira, Judith Teixeira, (Viseu, 25 de Janeiro de 1880 - Lisboa, 17 de Maio de 1959) foi uma escritora e poetisa portuguesa. A sua obra apresentava um erotismo pouco convencional, o que não era muito frequente na poesia da época, e que foi causa de muitas polémicas.
Escolhi este poema "Outono" para vos apresentar esta poetisa.

Outono

Anda o sol amarelo, adoentado                                 
e pelas tardes, quando deixa o céu,                             
vai roxo de tristeza e magoado                                    
cansado do ardor que despendeu.                              

As árvores, num gesto desvairado,                         
têm o ar de alguém que se rendeu                          
à força dum destino desgraçado…                      
- Não é só delas, esse gesto é teu!                         

A ventania veio desgrenhar                              
espectros outonais no teu olhar!                             
- Abre teus braços para o meu carinho.                

Esperemos o Inverno sem temê-lo,                        
e quando a neve rir no teu cabelo,                                            
os meus hão-de ficar da cor do linho!                    

Judith Teixeira
Sol-Posto 
1921
Judith Teixeira - image du net


Voici ma traduction libre et d'amateur, que j'espère pourra aider à la comprehension du poème:
Le soleil apparait jaune, chétif, 
et le soir, lorsqu' il quitte le ciel, 
il s'en va violet de tristesse et de peine 
fatigué de l'ardeur qu'il a démontrée. 

Les arbres, dans un geste frénétique, 
ont l'air de quelqu'un qui s'est rendu 
à la force d'un destin fatidique ... 
- Ce geste qui est aussi le tien! 

Le vent est venu déparailler
les spectres de l'automne dans tes yeux! 
- Ouvre tes bras à mes calins. 

Attendons l'hiver sans frayeur, 
et quand la neige rira dans tes cheveux, 
les miens seront de la couleur du lin!


É com muito gosto que estou participando no Poetizando e Encantando. Já recebemos o novo convite com um conjunto de imagens inspiradoras que devemos selecionar para a nossa participação !
A Profª Lourdes Duartes deseja-nos as boas-vindas no seu blogue da amizade
http://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com/2019/02/69-edicao-do-poetizando-e-encantando.html
de onde copiei a seguinte imagem:
1ª Imagem - Uma jovem protegendo-se da neve que cai ,com uma sombrinha, caminha entre as árvores cujas folhas coloridas espalham-se no chão.
A ausência

Visto o luto da tua ausência
E o meu coração mergulha nas lembranças da saudade.
Pensamentos silenciosos acompanham os meus passos.
O Outono exibe as suas vestes, de brilho e de vaidade.

Ouço os sons da canção do exílio,
No refrão que desliza sobre o mar.
Leio o teu sorriso, adivinho o teu rosto,
No quadro de um céu negro, vazio, e sem luar.

Meu amor, retido em solo inóspito ficaste,
Sob o ruido das armas que estremecem a terra,
E eu carrego a mágoa e a solidão,
A salvo dos cruéis abismos da guerra.

Quando só me respondem as névoas que salpicam a paisagem,
E que se apaga a luz pálida da razão,
Agarro a esperança do teu regresso,
Que me alimenta os dias, e agasalha o coração.

Angela


Trois de mes photos prises dans le parc municipal de Loulé

lundi 4 février 2019

João Rodrigues de Castelo Branco - "Cantiga partindo-se / Chanson du depart"


Je vous presente aujourd'hui le poète portugais João Rodrigues de Castelo Branco. 
Poète des XVe et XVIe siècles (on situe son décès en 1515), il a laissé des oeuvres liées au mouvement littéraire de la Renaissance, où l'on trouve la célébration exaltée de l'amour, la souffrance, et le désir de la mort si l'amour ne peut être partagé, la sublimation du sentiment noble que le poète ressent pour la femme aimée.

Voici ma traduction libre de ce joli poème, j'espère que cela aidera ceux qui ne comprennent pas le portugais, et je m'excuse si l'interprétation n'est pas la plus correcte, car les termes anciens sont assez difficiles!

Chanson du départ

Ma dame, ils partent si tristes.
mes yeux pour toi, mon bien,
que tu n’as jamais vu d’aussi tristes
d’autres yeux pour aucun.

Si tristes, si nostalgiques,
si malades du départ,
tellement fatigués, tellement en larmes,
de la mort si désireux
cent mille fois plus que de la vie.
Ils partent si tristes les tristes,
si las d'attendre tant,
que tu n’as jamais vu d’aussi tristes
d’autres yeux pour aucun
.

Vitorino - 
Vitorino - "Cantiga partindo-se" do disco "Leitaria Garrett" (LP 1984) 
Publié par DoTempoDosSonhos Publicado a 23/03/2012 
Letra de João Roíz de Castel'Branco Musica de Vitorino Piano por Olga Prats Direcção musical e arranjos de Alejandro Erlich -- Oliva Publico na integra. 4/12 

João Rodrigues de Castelo Branco ou Joam Roiz de Castel-Branco, também grafado João Ruiz de Castelo-Branco, foi um militar e nobre português, fidalgo da Casa Real, cortesão e poeta humanista. Poeta que nasceu no decorrer do século XV e terá falecido em 1515 em Castelo Branco (Portugal)
(Wikipedia). 
Poeta renascentista, que deixou obras aliadas ao Renascimento em que a sublimação do amor e do sofrimento encontra o seu desfecho na partida ou na morte, quando o amor não é correspondido.
O seu poema mais conhecido é Cantiga sua partindo-se, poema de amor possivelmente dedicado a uma dama da corte.

Cantiga partindo-se 

Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
tão fora d' esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém

João Rodrigues de Castelo Branco
("Cantiga Partindo-se", Cancioneiro Geral)


Vamos agora poetizar com a Profª Lourdes Duarte. Na 68ª edição do seu Poetizando e Encantando, escolhi uma das imagens que ela colocou para nos convidar a participar no desafio:


A 2ª Imagem- Um guife de uma jovem pensativa, segurando uma rosa negra enquanto o vento sopra folhagens sobre ela.


A rosa negra

Dei-te um abraço,
mas não me convenço da eternidade
e da tranquilidade que a minha alma sente.

Tento sorrir,
E vejo um arco-íris que só abraça o céu.
Enquanto que o mundo cochila, à mercê da intransigência e das agruras da sorte.

Só me resta a cor cinza que pinta os meus dias,
Quando, lentamente, ouço a chuva que cai no meu coração.
A mesma que fecunda a terra e repete o ciclo das sementes.

Mas não vou chorar. A esperança não morre.
Nas pétalas da rosa que me ofereceste, enfrentarei o mau presságio,
E irei ao encontro dos sonhos que poderão encher a tela do nosso destino.

Sei que existem espinhos de dor,
Farei deles espadas que simbolizem a perfeição da minha luta
Para te reencontrar, e abrir o caminho de um grande amor.
Esta é a minha jura, perante a beleza desta flor!

Angela

Fico feliz por ter participado nesta edição. Abraços meus a todos!