Pausa deste blog

dimanche 27 octobre 2019

Fernando Pessoa - Alberto Caeiro - "Da mais alta janela da minha casa / de la plus haute fenêtre de ma maison"



Para comemorar a
100ª EDIÇÃO DO POETIZANDO E ENCANTANDO

Do blogue da Prof. Lourdes Duarte
a 1ª IMAGEM - Um castelo de areia construído na palma da mão


Dou a palavra ao poeta Alberto Caeiro

Da mais alta janela da minha casa (Poema), de Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa)

Da mais alta janela da minha casa
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a humanidade.
E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.
Ei-los que vão já longe como que na diligência
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo.
Quem sabe quem os lerá?
Quem sabe a que mãos irão?
Flor, colheu-me o meu destino para os olhos.
Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas.
Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.
Submeto-me e sinto-me quase alegre,
Quase alegre como quem se cansa de estar triste.
Ide, ide de mim!
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.
Passo e fico, como o Universo
Alberto Caeiro hétéronyme (double) du poète portugais Fernando Pessoa, né en 1888, à Lisbonne, décédé en 1935. Fernando Pessoa s'entoure de personnage imaginaires pour écrire son oeuvre.

ma traduction d'amateur se fait ainsi:

De la plus haute fenêtre de ma maison
Avec un mouchoir blanc je dis adieu
À mes vers qui partent pour l'humanité

Et je ne suis ni gai ni triste.
C'est le destin des poèmes.
Je les ai écrits et je dois les montrer à tous
Parce que je ne peux pas faire autrement
Comme la fleur qui ne peut pas cacher sa couleur,
Ni la rivière qui ne peut cacher son courant,
Ni l'arbre peut cacher qu'elle donne des fruits.

Les voilà qui s'éloignent comme empressés.
Et moi sans le vouloir, j'éprouve de la peine 
Comme une douleur dans le corps.

Qui les lira?
Qui sait dans quelles mains vont-ils arriver?

Fleur, mon destin est d'avoir été cueillie pour les yeux.
Arbre, mes fruits m'ont été arrachés pour les bouches.
Rivière, le destin de mon eau était de ne pas rester en moi.
Je me soumets et je me sens presque heureux,
Presque joyeux comme quelqu'un qui se fatigue d'être triste.

Partez, quittez-moi!
L'arbre meurt et est dispersée dans la nature.
La fleur se fanne et sa poussière dure toujours.
La rivière coule, se jette dans la mer et son eau est toujours celle qui fut la sienne.

Je passe et je reste, tout comme l'univers.


  Parabéns à Prof. Lourdes Duarte e a todos os participantes! 
(da internet, com moderação)

CARLOS CARLOS PAIÃO - VERSOS DE AMOR 
Publié par Luis Santos Saudoso Carlos Paião, 
um grande abraço onde quer que estejas! RTP 1980

Versos de Amor

Carlos Paião
 Às onze e meia, sai para a rua,
Com o seu fato domingueiro,
Dormindo a aldeia, brilhando a lua,
Num céu de estrelas, conselheiro
Coração quente, timidamente,
À sua porta então chamou
E abriu-se a janela e só para ela,
Triste, cantou...

Versos de amor,
Lindos esses versos de amor
Que fizera em segredo,
A sonhar, quase a medo,
Um viver tentador.
A sua vida por uns versos de amor,
Lindos esses versos de amor
Na mais terna amargura,
O silêncio murmura uma história de amor

A noite imensa, foi mais rainha,
Quando uma lágrima caiu,
Na recompensa, o amor que tinha,
Ela também chorou, sorriu
Foi tão bonito, tinham-lhe dito,
Que amar ás vezes faz doer,
Mas a dor que sentia,
Não lhe doía, dava prazer...

Versos de amor,
Lindos esses versos de amor
Que fizera em segredo,
A sonhar, quase a medo,
Um viver tentador.
A sua vida por uns versos de amor,
Lindos esses versos de amor
Na mais terna amargura,
O silêncio murmura uma história de amor
Na mais terna amargura,
O silêncio murmura uma história de amor.
Os sentimentos, trá--los o vento,
o dia à espera, o tempo a amar
e o beijo que deram emudeceram tanta paixão!
Versos de amor, lindos esses versos de amor
Que fizera em segredo, a sonhar, quase a medo
um viver tentador.
A sua vida por uns versos de amor
Lindos esses versos de amor
Na mais terna amargura,
O silêncio murmura uma história de amor!


dimanche 6 octobre 2019

Na 99ª edicao do Poetizando e Encantando


NA 99ª EDIÇÃO DO POETIZANDO E ENCANTANDO
A 6ª Imagem- Uma jovem, sentada em blocos de nuvens, com ar triste.
inspirou-me para escrever o seguinte texto, 
espero que os nossos amigos e amigas acabem por gostar:

Refúgio

Caiu o pano, e eu te amo
meu mundo, azul, sereno e profundo,
doce como a flor que se desprende
e liberta aromas coloridos em jardins de deleite.

Foram as nuvens brancas em peregrinação
que me acolheram no seu regaço.
Passo a passo, eu me rendo ao seu universo
lácteo, almofadado e acetinado.

Esquecer a inquietação dos oceanos, o bulício
terreno, dos seres frágeis, do desperdício.
Aperta o coração, a alma dói da destruição.
Fechar os olhos, para além da razão.

Passo a palavra ao céu carregado de promessas
de gotas e de orvalhos ordenando-se
na linha do horizonte, vagueando por cima dos montes
em melancólica e delicada expressão.

Angela

Como escreve a Prof. Lourdes Duarte que nos desafia a amar a poesia e a brincar com as palavras,
"...A brincadeira tem como objetivo incentivar o gosto pela poesia, a interação entre amigos, visitando , comentando e seguindo os blogues participantes.
É uma brincadeira sem competição, participa-se com o coração e o amor a poesia...."