Pausa deste blog

mardi 30 novembre 2021

Almeida Garrett - Gozo e dor / Plaisir et souffrance


Almeida Garrett 

(Porto, 4 février 1799 — Lisbonne, 9 décembre 1854) a été un écrivain et dramaturge romantique, orateur, pair du royaume, ministre et secrétaire d'État honoraire portugais.
Grand promoteur du théâtre au Portugal, l'une des plus grandes figures du romantisme portugais, c'est lui qui proposa la construction du Théâtre National de D. Maria II et la création du Conservatoire d'Art Dramatique.
Le mouvement littéraire duquel Almeida Garrett fait partie, propose les contrastes, et s'inspire au travers des caractéristiques telles que,
l'exaltation des sentiments, les thèmes la mélancolie, les passions, sensibilité et sentiments personnels, la souffrance du moi, le rêve et la rêverie, l'amour et le désenchantement., le néant et la mort, la révolte, la nature et le divin...

Dans le poème qui suit, plaisir et souffrance se succèdent alternativement dans un mélange de doute et de bonheur amoureux (avec ma traduction d'amateur en rouge).

Gozo e dor                                             Plaisir et Souffrance

Se estou contente, querida,                         Si je heureux, ma chérie,
Com esta imensa ternura                            Avec cette immense tendresse 
De que me enche o teu amor?                      Qui m'envahit de ton amour?
- Não. Ai não; falta-me a vida;                   - Non. Oh non; la vie me manque;
Sucumbe-me a alma à ventura:                   Mon âme succombe au bonheur:
O excesso de gozo é dor.                                L'excès de plaisir est une douleur.

Dói-me a alma, sim; e a tristeza                   Mon âme me blesse, oui; et la tristesse
Vaga, inerte e sem motivo,                           Vague, inerte et sans but,
No coração me poisou.                                 Dans mon coeur elle a atterri.
Absorto em tua beleza,                                 Absorbé dans ta beauté,
Não sei se morro ou se vivo,                        Je ne sais pas si je meurts ou si je vis,
Porque a vida me parou.                               Car la vie pour moi s'est arrêtée.

É que não há ser bastante                            C'est que personne n'est assez grand
Para este gozar sem fim                                Pour un tel plaisir infini
Que me inunda o coração.                            Qui m'innonde le coeur.
Tremo dele, e delirante                                 J'en tremble, et en délirant
Sinto que se exaure em mim                        Je sens qu'en moi s'épuise
Ou a vida - ou a razão.                                  Ou la vie - ou le discernement
                                                                           (traduction)
Almeida Garrett, in Folhas Caídas



Un autre poème de Almeida Garrett, un homme aux multiples talents, chanté par Rita Ruivo:

Rita Ruivo canta no Fado Menor Versículo o poema 'Este Inferno de Amar' de Almeida Garrett 
Publié par rita ruivo marques . 19 nov. 2013


Este inferno de amar

Este inferno de amar – como eu amo!
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida – e que a vida destrói.
Como é que se veio atear,
Quando – ai se há de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes eu vivi
Era um sonho talvez… foi um sonho.
Em que  paz tão serena a dormi!
Oh! Que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim! Despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… Dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? Eu que fiz? Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei…

Almeida Garrett

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… Dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? Eu que fiz? Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei…

Traduit en français  ICI

Almeida Garrett o apelido que o poeta começou a usar em 1818, 

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, mais tarde 1.º Visconde de Almeida Garrett (Porto, 4 de fevereiro de 1799 — Lisboa, 9 de dezembro de 1854), foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, par do reino, ministro e secretário de estado honorário português.

Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.

"...Iniciador do Romantismo, refundador do teatro português, criador do lirismo moderno, criador da prosa moderna, jornalista, político, legislador, Garrett é um exemplo de aliança inseparável entre o homem político e o escritor, o cidadão e o poeta.
É considerado, por muitos autores, como o escritor português mais completo de todo o século XIX, porquanto nos deixou obras-primas na poesia, no teatro e na prosa, inovando a escrita e a composição em cada um destes géneros literários...."



 

 

dimanche 14 novembre 2021

João de Deus - "A Vida / La Vie"

 

Le poète João de Deus est né à São Bartolomeu de Messines, un village de la commune de Silves, en Algarve (sud du Portugal), le 8 mars 1830.
Ayant fait ses études à Faro, le jeune homme part pour Coimbra (la célèbre ville universitaire du centre du pays) pour poursuivre ses études universitaires. À Coimbra il découvre son goût pour la poésie!


A Vida | Poema de João de Deus com narração de Mundo Dos Poemas 
Publié par Mundo Dos Poemas . 28 déc. 2020

L'auteur de la vidéo écrit:

Poesia e poema de autor português. João de Deus de Nogueira Ramos (São Bartolomeu de Messines, 8 de Março de 1830 — Lisboa, 11 de Janeiro de 1896), mais conhecido por João de Deus, foi um eminente poeta lírico e pedagogo, considerado à época o primeiro do seu tempo, e o proponente de um método de ensino da leitura, assente numa Cartilha Maternal por ele escrita, que teve grande aceitação popular, sendo ainda utilizado. Gozou de extraordinária popularidade, foi quase um culto, sendo ainda em vida objeto das mais variadas homenagens. Foi considerado o poeta do amor e encontra-se sepultado no Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa.
Lemos que
"..Acabados os estudos no Seminário de Faro segue para Coimbra realizando os exames de Latim, Doutrina, Francês, Filosofia, Aritmética e Geometria no Seminário de Coimbra, No ano letivo de 1849 / 1850, agora com 19 anos, matricula-se no 1º ano do curso de Direito na Universidade de Coimbra..." Em Coimbra: Revela-se o poeta!

http://www.in-faro.com/bio_joao_deus.html

João de Deus a écrit de nombreux poèmes, dont voici un exemple, avec ma traduction d'amateur en rouge:

A vida                                        La vie

A vida é o dia de hoje,                     La vie c'est le jour d'aujourd'hui,
A vida é ai que mal soa,                  La vie est un cri s'entend à peine,  
A vida é sombra que foge,              La vie est une ombre qui s'enfuit,
A vida é nuvem que voa;                 La vie est un nuage qui planne;

A vida é sonho tão leve                    La vie est un rêve si léger             

Que se desfaz como a neve,            Qui comme la neige se défait,
E como o fumo se esvai,                  Et qui comme la fumée se dissipe,
A vida dura um momento,               La vie dure un instant,
Mais leve que o pensamento,          Plus légère que la pensée,
A vida leva-a o vento,                        La vie l'emporte le vent,
A vida é folha que cai!                       La vie est une feuille tombée!

A vida é flor na corrente,                  La vie est une fleur sur le courant,

A vida é sopro suave,                         La vie est un souffle délicat,
A vida é estrela cadente,                   La vie est une étoile filante,
Voa mais leve que a ave;                   Elle vole plus légère que l'oiseau;

Nuvem que o vento nos ares,            Le nuage que le vent dans les airs,

Onda que o vento nos mares,            La vague que le vent sur les mers, 
Uma após outra lançou.                    L'un après l'autre a lancé.
A vida – pena caída                            La vie - une plume tombée
Da asa de ave ferida –                        De l'aile de l'oiseau blessé - 
De vale em vale impelida                   De vallée en vallée avançant           
A vida o vento a levou!                       La vie que le vent a emportée!

João de Deus


Je vous invite à une promenade em Algarve!
Voici une petite vidéo récente, qui montre de jolies images du village de São Bartolomeu de Messines, le village natal du poète João de Deus, qui lui rend hommage avec une statue du poète, et la conservation de la maison où il est né.

Vila de São Bartolomeu de Messines - Algarve - 
Portugal Publié par Algarve Meu Algarve . 14 nov. 2021

L'auteur de la video écrit:

A Vila de São Bartolomeu de Messines localiza-se no concelho de Silves, num vale entre o Barrocal e a Montanha do Penedo Grande. Nesta zona predominam os pomares. Ao longo das suas ruas estreitas predominam as casas brancas com açoteias, platibandas e chaminés rendilhadas. Gentílico: Messinense 
A Igreja Matriz de São Bartolomeu de Messines data do séc. XVI, representando a transição do estilo manuelino para o renascentista. No séc. XVIII foi acrescentada uma fachada barroca, destacando-se o contraste entre as paredes brancas e as cantarias em grés vermelho, a pedra original da região. O interior da igreja é constituído por 3 naves com arcos redondos apoiados por colunas salomónicas. 
Nesta vila encontram-se também o Museu do Traje e das Tradições; o Cine Teatro João de Deus; o Mercado Municipal; a Ermida de São Sebastião (data do séc. XVI); a Casa Museu João de Deus (onde o poeta viveu); a Casa onde nasceu João de Deus; o Arco do Remexido; a Casa onde nasceu Maria Antonieta Júdice Barbosa; o Monumento a João de Deus; a Junta de Freguesia; o Jardim Municipal; e nos arredores a Estação Ferroviária de Messines - Alte.




Outros poemas de João de Deus:
https://www.poetris.com/poemas/joao-de-deus/page/2

vendredi 12 novembre 2021

"Alta Vila" de Águeda

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unune rue de la ville de Águeda (image du net)

Le poème de la poétesse portugaise Maria Antónia Pinto de Oliveira Morais entourent les images de la video ci-dessous qui nous montre le joli parc de la ville de Águeda:

Um olhar sobre Águeda || 
Episódio 3 - Parque de Alta Vila 
Publié par Soberania do Povo TV . 7 juin 2021

"Maria Antónia Pinto de Oliveira Morais nasceu em Águeda, em 1935, passando a residir em Lisboa a partir dos sete anos, onde fez os seus estudos... faleceu em 2006"


"..Recorde-se que esta intervenção de requalificação do Parque de Alta Vila veio na sequência da devastação do espaço depois do temporal de janeiro de 2013. Com um investimento total de um milhão e 160 mil euros, a empreitada orientou-se por “um princípio de respeito por todas as pré-existências, construídas e vegetais, e implementa benefícios significativos ao nível da conservação do solo e da água e da recuperação do conjunto histórico, como a igreja ou o coreto”...
Source: https://www.aveiromag.pt/2020/12/04/agueda-parque-de-alta-vila-abre-ao-publico-renovado/



lundi 1 novembre 2021

Virgínia Vitorino - "Renúncia / Renoncer"

Virgínia Vitorino, professeur, romancière, et poétesse portugaise, née en 1895 à Alcobaça (ville portugaise du district de Leiria), et décédée à Lisbonne en 1967.



Virgínia de Sousa Vitorino, mais conhecida por Virgínia Vitorino (Alcobaça, 13 de agosto de 1895 — Lisboa, 21 de dezembro de 1967), foi uma professora, poetisa e dramaturga portuguesa. Recebeu o Prémio Gil Vicente em 1938.


"..Remorso de viver e perder as oportunidades, e, no ápice de acordar pra vida, percebe-se que já é tarde para voltar atrás e mudar a história. O tempo é implacável..."
com a sensibilidade feminina da poetisa portuguesa
Outros poemas da Virgínia Vitorino AQUI

Renúncia

Fui nova, mas fui triste; só eu sei
como passou por mim a mocidade!
Cantar era o dever da minha idade…
Devia ter cantado, e não cantei!

Fui bela. Fui amada. E desprezei…
Não quis beber o filtro da ansiedade.
Amar era o destino, a claridade…
Devia ter amado, e não amei!

Ai de mim! Nem saudades, nem desejos;
nem cinzas mortas, nem calor de beijos…
— Eu nada soube, nada quis prender!

E o que me resta? Uma amargura infinda:
ver que é, para morrer, tão cedo ainda,
e que é tão tarde já para viver!

Virgínia Vitorino

Avec ma traduction d'amateur (en rouge) du poème ci-dessus

Renoncer

J'étais jeune, mais j'étais riste; moi seule sais
comme la jeunesse  m'a devancée!
La chanson était une obligation pour mon âge…
J'aurais du chanter, et je ne l'ai pas fait!

J'étais belle. J'étais aimée. Et je méprisais…
Je n'ai pas voulu boire le filtre de l'anxiété.
L'amour était le destin, la clarté…
J'aurais du aimer, et je ne l'ai pas fait!

Pauvre de moi! Ni nostalgie, ni désirs;
ni cendres mortes, ni la chaleur des baisers…
— Je n'ai rien su, je ne voulus rien retenir!

Et que me reste-t-il? Une amertume sans fin:
de voir qu'il est, pour mourir, trop tôt encore,
et que pour vivre il est déjà trop tard!