Pausa deste blog

lundi 28 mai 2018

Bocage - "Olha Marilia, as flautas dos pastores / Regarde Marilia, les flutes des bergers"






Bocage, de son vrai nom Manuel Maria Barbosa du Bocage  est né à Setúbal le 15 septembre 1765 et mort à Lisbonne le 21 décembre 1805, est un grand poète portugais du XVIIIe siècle, précurseur du Romantisme au Portugal.




Voici ma traduction (d'amateur) d'un poème où Bocage associe son état d'âme au paysage:

Regarde Marília, les flûtes des bergers
Quel beau son elles ont, comme elles sont ajustées!
Regarde le Tage qui sourit! Regarde: ne sens-tu pas
Les Zéphirs qui jouent parmi les fleurs?

Vois comme là, les Amours en s’embrassant,
Incitent nos baisers ardents!
Les voici, les innocents de fleur en fleur
Les papillons errants aux mille couleurs!

Sur cet arbuste soupire le rossignol;
Lá sur les feuilles la petite abeille se pose.
Ou dans les airs elle tourne en bourdonnant.

Qu’il est gai ce champ! Quel matin éclatant!
Mais ah! Tout ce que tu vois, si je ne t’avais pas vue,
Plus de tristesse que la mort cela m’aurait causé.


Et voici le texte du poème :


Olha Marília, As Flautas Dos Pastores - de Bocage

Olha Marília, as flautas dos pastores,
Que bem que soam, como são cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha: não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?

Vê como ali, beijando-se, os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes
As vagas borboletas de mil cores!

Naquele arbusto o rouxinol suspira;
Ora nas folhas a abelhinha pára.
Ora nos ares sussurrando, gira en bourdonnant.

Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu não te vira,
Mais tristeza que a morte me causara.


Bocage

Sobre Bocage Publié par Luso Livros 
“...Chez Bocage, l'esthétique du mouvement et la philosophie des Lumières sont poussées par moments à leur paroxysme. La recherche du plaisir et la jouissance du temps présent font parfois basculer ses textes vers une pratique libertine de la vie et de l'écriture, qui prend alors une tout autre dimension. Sans perdre de vue la base lyrique et courtoise de l'arcadisme, elle met en scène une liberté de penser et d’agir qui se caractérise le plus souvent par une quête effrénée du plaisir, avec des scènes érotiques voire pornographiques grivoises et drôles...”
Source:https://fr.wikipedia.org/wiki/Lumières_portugaises#L'Arcádia_Lusitana_(1756-1776)_et_la_Nova_Arcádia_(1790-1994)


Querida Prof. Lourdes foi a imagem da linda bailarina que me inspirou para brincar com as palavras!
Com muito gosto respondo ao seu convite:) da 37ª EDIÇÃO DO POETIZANDO E ENCANTANDO
https://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.pt/
1ª Imagem - Uma linda bailarina de braços abertos a dançar.


A bailarina

Desci da minha torre de marfim,
Para pintar quadros de porcelana e de jasmim
Entrelacei os meus sapatinhos de fada,
Tules e cetim de jovem bem comportada!

Envolvo-me por caminhos de névoas brancas
Vestindo redopios de luz e torneadas tranças,
Princesa coroada de estrelas de prata
Mas que o amor fingido, a solidão retrata

Meu amor foi p'ra longe e não voltou!
Em meu redor caem flores de saudade,
Só me responde, o silêncio da cidade

De meus pés em pranto esqueci a dor
Repito o compasso do meu queixume
Afasto ondas bravas do meu ciúme.

Angela

samedi 19 mai 2018

Machado de Assis - "As Rosas / les Roses"


Machado de Assis – poète brésilien

(Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 — Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908)
Joaquim Maria Machado de Assis est un auteur, essayiste, chroniqueur, poète et critique littéraire brésilien reconnu comme l’un des plus grands noms de la littérature du Brésil.
Il est le fondateur de l’Académie brésilienne des Lettres. Wikipédia
Il est né à Rio de Janeiro dans une famille pauvre, d’un père ouvrier mulâtre,et d’une mère d’origine portugaise.

                                                                        Machado de Assis, 1890. Foto: Marc Ferrez.






Parlons de fleurs ! j'ai préparé la traduction d'un joli poème du poète Machado de Assis:

As Rosas / les Roses



Roses qui s’épanouissent,
Comme les premiers amours,
Sous les douces brillances
          
Matinales;

En vain vous arborez, en vain,
Votre grâce suprême
Cela sert de peu ; c'est le diadème
          
De l'illusion.

En vain vous remplissez de parfum l'air du soir;
En vain vous ouvrez le sein humide et frais
Du soleil levant aux baisers amoureux;
En vain vous décorez le front de la douce vierge;
En vain, comme un gage d'affection pure,
          
Comme un lien d'âmes,
Vous passez de la poitrine aimante à la poitrine aimante;
          C'est l
à que sonne l'heure funeste
avec la force de la mort; les jolies feuilles
perdent l’intensité du premier matin,
          
La grace et le parfum.
Et vous roses qu’êtes-vous alors? – Des débris perdus,
Des feuilles mortes que le temps oublie, et répand
Brise d'hiver ou main indifférente.

          
Tel est votre destin,
          
Oh filles de la nature;
          
Malgré votre évidente beauté,
                   
Vous périrez;
          
Mais, pas ... Si la main d'un poète
          
Vous entretient maintenant, Oh roses,
          
Plus vivantes, plus radieuses,
                   
Vous fleurissez.

AS ROSAS

Rosas que desabrochais,
Como os primeiros amores,
Aos suaves resplendores
Matinais;

Em vão ostentais, em vão,
A vossa graça suprema;
De pouco vale; é o diadema
Da ilusão.

Em vão encheis de aroma o ar da tarde;
Em vão abris o seio húmido e fresco
Do sol nascente aos beijos amorosos;
Em vão ornais a fronte à meiga virgem;
Em vão, como penhor de puro afecto,
Como um elo das almas,
Passais do seio amante ao seio amante;
Lá bate a hora infausta
Em que é força morrer; as folhas lindas
Perdem o viço da manhã primeira,
As graças e o perfume.
Rosas que sois então? – Restos perdidos,
Folhas mortas que o tempo esquece, e espalha
Brisa do inverno ou mão indiferente.

Tal é o vosso destino,
Ó filhas da natureza;
Em que vos pese à beleza,
Pereceis;
Mas, não... Se a mão de um poeta
Vos cultiva agora, ó rosas,
Mais vivas, mais jubilosas,
Floresceis.

Machado de Assis, in 'Crisálidas'
, in 'Crisálidas'



https://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.pt/2018/05/36-edicao-do-poetizando-e-encantando.html
A querida prof. Lourdes avisou que 
 Chegamos a 36ª EDIÇÃO DO POETIZANDO E ENCANTANDO!
E convida-nos a brincar aos poetas com imagens que publica
1ª imagem: Foto de uma jovem tristonha sentada com uma rosa despedaçada nas mãos. A foto é em preto e branco, apenas a rosa, na tonalidade rosa claro,



Bem-me-quer.. mal-me-quer ...bem- me-quer.. mal-me-quer
É a roda viva do amor
Que se adivinha numa flor!
Qual será a pétala que me vai corresponder ?

Amor longe não responde
Ao silêncio que esconde
A ausência e a dor.
Pacientemente, vou desfolhando o malmequer...

Foi um feitiço que se apoderou do meu coração
Levando sonhos, e só deixou,
No meu arraial de Madre Dolorosa,
A companhia perfumada de uma rosa,

E me faz ouvir ecos de esperança
Que animam a saudade,
Como murmúrios de uma fonte
De abraços e desejos, que andam a monte!

Angela



Festa da Flor Funchal Madeira 2018 cortejo.
Flower Festival Parade Blumenfestzug Publié par TurTV

vendredi 11 mai 2018

Pedro Abrunhosa . "Tens os Olhos de Deus / Tu as les yeux de Dieu"

D'abord ma participation en réponse à l'invitation de notre amie Lurdes qui nous invite à jouer "aux poètes" (image du blog Poetizando e Encantando):
Em primeiro lugar deixo aqui com muito gosto, a minha participação em resposta ao convite da Prof. Lourdes,
para a 34ª EDIÇÃO DO seu blogue POETIZANDO E ENCANTANDO. Obrigada grande amiga :)
3ª imagem

Mãos que se erguem e nas pontas dos dedos uma linda borboleta que alça voo em tom de liberdade.


O ar faz-se leve
A manhã faz-se serena
São acordes de harmonia
São maravilha terrena!

Voam aromas encantados
Voa o sol da primavera
Brilham orvalhos nos prados
É o nascer do dia!


Liberta-se a borboleta
Quando vistosa e feliz
Carrega nas suas asas
As cores do arco-íris

É vê-la de destino marcado
Por entre misteriosas estradas
Vai procurar as flores,
Suas belas afilhadas!

Angela



De suite, je vous invite aujourd'hui à écouter une jolie melodie poétique chantée par Ana Moura. C'est une jeune chanteuse portugaise qui a beaucoup d'expérience dans l'art de chanter le fado. J'avais déjà considéré cette chanson dans mon autre blog.


Le compositeur, musicien, poète, aussi plein de talent, s'appelle Pedro Abrunhosa. J'espère que vous aimerez l'entendre !
J'ai préparé ma traduction "d'amateur" pour aider ceux qui ne comprennent pas le portugais. Laissons-nous bercer para la mélodie :)

Ana Moura - Tens Os Olhos De Deus

publié par AnaMouraVEVO


Tu as les yeux de Dieu

Tens os olhos de Deus / Tu as les yeux de Dieu

E os teus lábios nos meus / Et tes lèvres sur les miennes

São duas pétalas vivas./ Sont comme deux pétales vives

E os abraços que dás, / Et quand tu me serres dans tes bras,

São rasgos de luz e de paz / Il y a des sillons de lumière et de paix

Num céu de asas feridas, Dans un ciel d’ailes blessées, 
E eu preciso de mais, Et j’en veux encore, 
Preciso de mais. J’en veux encore. 
Dos teus olhos de Deus,/ De tes yeux de Dieu,
Num perpétuo adeus / Dans un perpétuel adieu
Azuis de sol e de lágrimas, / Bleus de soleil et de larmes
Dizes: ‘Fica comigo / Tu me dis « Reste avec moi
És o meu porto de abrigo, / Tu es mon port d’abri
E a despedida uma lâmina!’./ Et l’adieu est comme une lame « ! 
Não preciso de mais,/ Je n’en veux plus 
Não preciso de mais./ Je n’en veux plus. 

Embarca em mim,/ Embarque en moi, 
Que o tempo é curto / Que le temps est court 
Lá vem a noite / Voilá qu’arrive la nuit 
Faz-te mais perto./ Viens plus près
Amarra assim / Ligote ainsi
O vento ao corpo, / Le vent à ton corps,
Embarca em mim / Embarque en moi 
Que o tempo é curto./ Que le temps est court
Embarca em mim. / Embarque en moi.
Tens os olhos de Deus, / Tu as les yeux de Dieu, 
E cada qual com os seus / Et chacun avec les siens
Vê a lonjura que quer, / Voit la distance qu’il veut, 
E quando me tocas por dentro / Et quand je te sens en moi
De ti recolho o alento / De toi je reccueille l’élan
Que cada beijo trouxer./Que chaque baiser apporte. 
E eu preciso de mais, / Et j’en veux encore,
Preciso de mais. /J’en veux encore. 
Nos teus olhos de Deus / Dans tes yeux de Dieu
Habitam astros e céus, / Habitent des astres et des cieux,
Foguetes rosa e carmim,/ Éclairs roses et carmin, 
Rodas na festa da aldeia /Rouages de fête de village
Palpitam sinos na veia / Des carillons dans la veine palpitent
Cantam ao longe que ‘sim!’.Et au loin, chantent que « oui « ! 
Não preciso de mais,/ Je n’en veux plus
Não preciso de mais./ Je n’en veux plus.
Embarca em mim, / Embarque en moi
Que o tempo é curto / Que le temps est court
Lá vem a noite / Voilá qu’arrive la nuit
Faz-te mais perto. / Viens plus près
Amarra assim / Ligote ainsi
O vento ao corpo, / Le vent à ton corps, 
Embarca em mim / Embarque en moi 
Que o tempo é curto./ Que le temps est court
Embarca em mim. / Embarque en moi. 
Embarca em mim. / Embarque en moi.
Embarca em mim. / Embarque en moi.
Embarca em mim. / Embarque en moi.
Embarca em mim. / Embarque en moi.
Embarca em mim, / Embarque en moi
Que o tempo é curto / Que le temps est court 
Lá vem a noite / Voilá qu’arrive la nuit
Faz-te mais perto / Viens plus près
Amarra assim / Ligote ainsi
O vento ao corpo, / Le vent à ton corps, 
Embarca em mim / Embarque en moi
Embarca em mim. / Embarque en moi.
Embarca em mim. / Embarque en moi.
Embarca em mim. / Embarque en moi.




Letra e Música/ Written by Pedro Abrunhosa




lundi 7 mai 2018

Miguel Torga - "ARIANE"


Miguel Torga   (1907 -1995), poète portugais


Alors qu'il pratique la médecine dans diverses régions du Portugal, puis qu'il s'établit à Coimbra ....Miguel Torga amorce sa carrière d'écrivain, publiant pendant de nombreuses années ses ouvrages
Après la publication de son roman autobiographique O Quarto Dia da Criação do Mundo (1939), il est arrêté et incarcéré pendant deux mois de décembre 1939 à février 1940. Son humanisme et son agnostisme apparaissent conjugués dans son œuvre qui pose un regard sensible, mais lucide, sur la condition humaine (Wikipedia)
Voici ma traduction du joli poème sur le désir de liberté ADRIANE  de Miguel Torga (écrit lorsqu'il était en prison):

Ariane est un navire.
Il a des mâts, des voiles et le drapeau à la proue,
Et il est arrivé en un jour blanc et froid,
À ce fleuve Tage de Lisbonne.

Chargé de rêve, il a jeté l’ancre
Dans la clarté de ces barreaux ...
Le cygne de tous, qui est parti, revenu
Uniquement pour ceux qui ont les yeux de la nostalgie...

Deux frégates sont allées voir qui c'était
Un tel miracle: c'était un navire
Qui se balance là et qui m'attend
Parmi les mouettes qui se reunissent sur le fleuve.

Mais c'est moi qui n'ai pas encore pu par mes pas
Quitter cette prison de tout mon corps,
Et lever l'ancre, et tomber dans les bras
D'Ariane, le voilier "


ARIANE, Miguel Torga - Inês Nogueira
Publié par RTP
Ajoutée le 1 avr. 2011
Le texte original:

“Ariane é um navio.
Tem mastros, velas e bandeira à proa,
E chegou num dia branco e frio,
A este rio Tejo de Lisboa.

Carregado de sonho, fundeou
Dentro da claridade destas grades…
Cisne de todos, que se foi, voltou
Só para os olhos de quem tem saudades…

Foram duas fragatas ver quem era
Um tal milagre assim: era um navio
Que se balança ali à minha espera
Entre gaivotas que se dão no rio.

Mas eu é que não pude ainda por meus passos
Sair desta prisão em corpo inteiro,
E levantar a âncora, e cair nos braços
De Ariane, o veleiro”


Miguel Torga

 


"No cativeiro, escreve Torga um dos seus mais belos poemas, um autêntico hino à liberdade, ou melhor, à ânsia de liberdade na ausência dela".