Pausa deste blog

vendredi 25 septembre 2020

Fernanda de Castro - "Meditação / Meditation"


Fernanda de Castro (1900-1994) 

née à Lisbonne en 1900 et décédée dans la même ville en 1994, elle était écrivain, traductrice, poétesse portugaise.
Fernanda de Castro a consacré "une grande partie de son œuvre littéraire à la littérature destinée aux enfants et aux jeunes ... ayant fondé l'Association nationale des terrains de jeux, une initiative peut-être due au fait qu'elle était, depuis 1922, mariée avec António Ferro lui-même lié aux mouvements du pouvoir politique..."


Elle a été, avec son mari et d'autres, fondatrice de la Société portugaise des écrivains et compositeurs de théâtre.
Dans sa maison du "Bairro Alto" (à Lisbonne) les rencontres littéraires étaient connues, toujours ouvertes à la nouveauté et à une certaine hétérodoxie.
En tant qu'écrivain, elle se consacra à la traduction de pièces de théâtre, à l'écriture de poésie, de romance, de fiction et de théâtre.


Fernanda de Castro 
(1900-1994)

Maria Fernanda Teles de Castro de Quadros Ferro foi uma escritora, poetisa, escritora, tradutora portuguesa
"...dedicou grande parte do seu labor literário à literatura destinada à infância e juventude ….tendo fundado a Associação Nacional de Parques Infantis, facto a que não seria alheio o ser casada, desde 1922, com António Ferro, que, nos anos trinta, se movimenta nas áreas do poder político…." 
Foi juntamente com o marido e outros, fundadora da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses
São conhecidas as tertúlias que reunia na sua casa do Bairro Alto, sempre aberta à novidade e a uma certa heterodoxia.
Como escritora, dedicou-se à  tradução de peças de teatro, a escrever poesia, romance, ficção e teatro. 


Meditação                                                (ma traduction d'amateur)

Fernanda de Castro

Às vezes, quando a noite vem caindo,       Partois, lorsque tombe la nuit,
Tranquilamente, sossegadamente,            Tranquilement, calmement,              
Encosto-me à janela e vou seguindo         Je m'appuie à la fenêtre et je suis
A curva melancólica do Poente.                 La courbe mélancolique du couchant.

Não quero a luz acesa. Na penumbra,       Je ne veux pas de lumière. Dans la pénombre
Pensa-se mais e pensa-se melhor.            On pense plus et on pense mieux.
A luz magoa os olhos e deslumbra,           La lumère blesse les yeux et éblouit,    
E eu quero ver em mim, ó meu amor!        Et je veux voir em moi, oh mon amour!     

Para fazer exame de consciência              Pour l'examen de ma conscience
Quero silêncio, paz, recolhimento             Je veux le silence, la paix, le recueillement
Pois só assim, durante a tua ausência,     Car seulment ansi, pendant ton absence,
Consigo libertar o pensamento.                 Je parviens à libérer ma pensée.

Procuro então aniquilar em mim,                J'essaie alors d'abolir en moi,
A nefasta influência que domina                 L'influence néfaste qui domine
Os meus nervos cansados; mas por fim,    Mes nerfs fatigués; mais à la fin,
Reconheço que amar-te é minha sina.       Je reconnais, que t'aimer est mon destin.

Longe de ti atrevo-me a pensar                   Loin de toi j'ose penser
Nesse estranho rigor que me acorrenta:     À ce rigueur étrange qui m'emprisonne: 
E tenho a sensação do alto mar,                 Et j'ai la sensation de la haute mer,
Numa noite selvagem de tormenta.             Par nuit de tempête déchaînée.

Tens no olhar magias de profeta                Tu as dans ton regard des magies de prophète
Que sabe ler no céu, no mar, nas brasas...Qui sait lire le ciel, la mer, les étincelles
Adivinhas... Serei a borboleta                     Tu devines... Je serais le papillon
Que vendo a luz deixa queimar as asas.    Qui voyant la lumière se laisse brûler les ailes.

No entanto — vê lá tu!— Eu não lamento    Pourtant - vois-tu! - Ni je réclame
Esta vontade que se impõe à minha...         Contre cette volonté qui s'impose à la mienne...
Nem me revolto... cedo ao encantamento... Ni je me révolte... je cède à l'enchantement...
— Escrava que não soube ser Rainha!        -  Esclave qui n'a pas su être Reine!

Meditação 
Poema de Fernanda De Castro com narração de Mundo De Poemas 
Publié par Mundo Dos Poemas •26/07/2020

O Segredo É Amar 
Poema de Fernanda de Castro com narração de Mundo Dos Poemas 
Publié par Mundo Dos Poemas •21/08/2020

O segredo é amar
Fernanda de Castro

O segredo é amar. Amar a Vida
com tudo o que há de bom e mau em nós.
Amar a hora breve e apetecida,
ouvir os sons em cada voz

e ver todos os céus em cada olhar.

Amar por mil razões e sem razão.
Amar, só por amar,
com os nervos, o sangue, o coração.
Viver em cada instante a eternidade
e ver, na própria sombra, claridade.

O segredo é amar, mas amar com prazer,
sem limites, fronteiras, horizonte.
Beber em cada fonte,
florir em cada flor,
nascer em cada ninho,
sorver a terra inteira como o vinho.

Amar o ramo em flor que há-de nascer,
de cada obscura, tímida raiz.
Amar em cada pedra, em cada ser,
S. Francisco de Assis.

Amar o tronco, a folha verde,
amar cada alegria, cada mágoa,
pois um beijo de amor jamais se perde
e cedo refloresce em pão, em água!

Fernanda de Castro, in "Trinta e Nove Poemas"


Alma Serena 
Poema de Fernanda de Castro com narração de Mundo Dos Poemas 
Publié par Mundo Dos Poemas .31/07/2020


Alma serena
Fernanda de Castro

Alma serena, a consciência pura,
assim eu quero a vida que me resta.
Saudade não é dor nem amargura, 
dilui-se ao longe a derradeira festa.

Não me tentam as rotas da aventura,
agora sei que a minha estrada é esta: 
difícil de subir, áspera e dura,
mas branca a urze, de oiro puro a giesta. 

Assim meu canto fácil de entender,
como chuva a cair, planta a nascer, 
como raiz na terra, água corrente.

Tão fácil o difícil verso obscuro!
Eu não canto, porém, atrás dum muro, 
eu canto ao sol e para toda a gente.

J'espère que les poèmes de Fernanda de Castro vous plairont:)
Espero que gostem de ler e ou ouvir os poemas desta poetisa portugesa.

samedi 19 septembre 2020

Euclides da Cunha - "Rimas / Rimes"

Aujourd´hui nous lisons un poème d'Euclides da Cunha.
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha était un poète et écrivain brésilien pré-moderniste. Il est né le 20 janvier 1866, dans l'état de Rio de Janeiro.
Dans une de ses biographie (du net) on peut lire que "... A 46 ans, le 15 août 1909,  Euclides da Cunha a été assassiné (en duel) d'une balle dans la poitrine, par l'amant de votre femme. "


Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha foi um poeta e escritor pré-modernista brasileiro. Nasceu no dia 20 de janeiro de 1866, no arraial de Santa Rita do Rio Negro, município de Cantagalo, no estado do Rio de Janeiro. 
Numa sua biografia (na internet é possível encontrar inúmeras publicações sobre a sua vida), podemos ler que "...Aos 46 anos, Euclides da Cunha foi assassinado (em duelo) com um tiro no peito, no dia 15 de agosto de 1909, pelo amante da sua esposa."

Rimas


Ontem - quando, soberba, escarnecias
Dessa minha paixão - louca - suprema
E no teu lábio, essa rósea algema,
A minha vida - gélida - prendias...

Eu meditava em loucas utopias,
Tentava resolver grave problema...
Como engastar tua alma num poema?
E eu não chorava quando tu te rias...

Hoje, que vivo desse amor ansioso
E és minha - és minha, extraordinária sorte,
Hoje eu sou triste sendo tão ditoso!

E tremo e choro - pressentindo - forte,
Vibrar, dentro em meu peito, fervoroso,
Esse excesso de vida - que é a morte...

Euclides da Cunha

Rimes

Hier - lorsque, hautaine, tu te moquais
De cette passion qui est la mienne - folle - suprême
Et dans tes lèvres, telles des menottes rosées,
Ma vie - frissonnante - tu emprisonnais..

Je méditais sur de folles utopies,
J'essayais de résoudre un grave problème ...
Comment graver ton âme dans un poème?
Et je n’ai pas pleuré quand toi tu riais ...

Aujourd'hui, que je vis de cet amour anxieux
Et tu es à moi - tu es à moi, chance extraordinaire,
Aujourd'hui, je suis triste d'être si heureux!

Et je tremble et je pleure - devinant - fort,
Vibrer, dans ma poitrine, fervente,
Cet excès de vie - qui est la mort ...

(ceci est ma traduction d'amateur)

No blogue da nossa amiga Rosélia, fiquei a conhecer este poeta brasileiro Euclides da Cunha.
E ao ler o poema de Euclides da Cunha, parece-me sentir as "vibrações" poéticas semelhantes ao que encontramos no poema anterior de Bocage, será ilusão?!
O certo é que sim, que encontrei que relativamente a Euclides da Cunha "..A poesia de Euclides está profundamente ligada ao romantismo…"

Euclides da Cunha foi também "o primeiro escritor brasileiro a unir a literatura e a história…" 
Em 1902, cinco anos após o fim do conflito no Arraial de Canudos, Euclides da Cunha publicou sua obra-prima, Os Sertões. No trecho que segue, Euclides da Cunha descreve minuciosamente o homem, 

O sertanejo
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. […] O homem transfigura-se. Empertiga-se […] e da figura vulgar do tabaréu canhestro, reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinária. (CUNHA, Euclides da. Os sertões. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. p. 179-180. Fragmento.)

Selon certaines publications, Euclides da Cunha a été le premier écrivain brésilien qui a uni la littérature à l'histoire.
D'autres expliquent que la poésie d'Euclides da Cunha est profondément liée au romantisme.

Euclides da Cunha est avant tout connu comme un des plus grands écrivains qu’ait produit le Brésil. 
Os Sertões”, paru en 1901, est un récit d’une tragique révolte de paysans du Nord-Est du Brésil contre les authorités locales et le gouvernement du Brésil.




jeudi 10 septembre 2020

Bocage: "Sobre estas duras, cavernosas fragas /sur ces dures et caverneuses escarpes"



Bocage, poète du Romantisme portugais, laissa une oeuvre aux accents violents et passionnés,



Bocage, poète né dans la ville de Setúbal, est connu également pour son ton ironique et pour sa critique sociale.


   

Le romantisme est un mouvement culturel apparu en Europe à la fin du XVIIIe siècle, et qui se caractérise para une volonté de l'artiste d'explorer toutes les possibilités de l'art afin d'exprimer ses états d'âme:

il est ainsi une réaction du sentiment contre la raison, exaltant le mystère et le fantastique et cherchant l'évasion et le ravissement dans le rêve, le morbide et le sublime, l'exotisme et le passé, l'idéal ou le cauchemar d'une sensibilité passionnée et mélancolique (Wikipédia)


Je vous invite à lire ou découvrir un poème de Bocage, sur les excès sentimentaux, l'amour malheureux non réciproque; l'insuffisance de la raison contre le pouvoir de l'amour; où l'amour, la passion sont la présence constante de l'homme;
15 de Setembro de 1765: nasce, em Setúbal, o poeta Manuel Maria Barbosa do Bocage; morreu a 21 de dezembro de 1805, em Lisboa


Sobre estas duras, cavernosas fragas

Sobre estas duras, cavernosas fragas,
Que o marinho furor vai carcomendo,
Me estão negras paixões n'alma fervendo
Como fervem no pego as crespas vagas.

Razão feroz, o coração me indagas,
De meus erros a sombra esclarecendo,
E vós nele (ai de mim!) palpando e vendo
De agudas ânsias venenosas chagas.

Cego a meus males, surdo a teu reclamo,
Mil objetos de horror co'a ideia eu corro,
Solto gemidos, lágrimas derramo.

Razão, de que me serve o teu socorro?
Mandas-me não amar, eu ardo, eu amo;
Dizes-me que sossegue, eu peno, eu morro.

BOCAGE
(1765-1805)

1.pego - mar alto  2.reclamo, apelo, chamada
tema:excessos sentimentais, amor infeliz que não é correspondido; insuficiência da razão contra o poder do amor; amor, paixão são presença constante do homem;


Ci-dessous ma traduction d'amateur:

Sur ces dures et caverneuses escarpes,
Que la fureur marine ronge,
Mes noires passions dans l’âme écument
Comme écument en haute mer les rugueuses vagues

Féroce raison, le coeur tu me le questionnes, 
Élucidant l'ombre de mes erreurs,
Et vous à l'intérieur (hélas!) en tâtant et en voyant
Des angoisses aigues et de vénéneuses plaies.

Aveugle à mes maux, sourd à ta requête,
Mille objets d’horreur avec la pensée je chasse,
Je me lamente, et des larmes je pleure.

Raison, à quoi me sert ton aide?
Tu me dis de ne pas aimer, je brûle, j’aime;
Tu me dis de me calmer, je peine, je meurs.


Caspar David FriedrichLe Voyageur contemplant une mer de nuages, 1817-1818 (Kunsthalle de Hambourg).