Pausa deste blog

samedi 21 mars 2020

Paulino Cabral - "Já se derrete a neve / la neige fond déjà"


J'ai découvert dans un de mes livres, ce poème do poète portugais Paulino Cabral (1719-1789)


Já se derrete a neve

Já se derrete a neve, e da montanha
Em líquida corrente ao vale desce,
Os campos rega, as margens humedece.
Borrifa a tenra flor, a relva banha.

No monte a brenha, o mato na campanha
No bosque a planta, enfim tudo floresce;
Até no tronco antigo a hera cresce,
E a rude penha novo musgo ganha.

O fresco Abril em toda a parte arvora
O verde pavilhão, em que se esmera
Toda a pompa gentil, que produz Flora.

Tudo alegre se vê; somente austera
Não quis a minha sorte, que até agora
Chegasse para mim a primavera.

Paulino Cabral

Et la traduction d'amateur que j'ai préparé:
La neige fond déjà

La neige fond déjà et de la montagne
Comme un courant liquide à la vallée elle descend,
Elle arrose les champs, les rives elle imprègne.
Elle asperge la tendre fleur, et l'herbe elle baigne.

Dans la montagne la forêt, le maquis dans la campagne
Dans le bosquet la plante, enfin tout fleurit;
Même dans le vieux tronc pousse le lierre,
Et sur l'abrupt rocher croit la mousse nouvelle.

Le frais mois d'avril hisse pour toutes parts
Le pavillon vert, dans lequel s'excelle
Toute la pompe douce que produit la Flore.

Tout ce que l'on voit est gai; austère
Seule ma chance qui n'a pas voulu, jusqu'à présent
Que pour moi arrive le printemps.


Paulino António Cabral de Vasconcelos, melhor conhecido por Abade de Jazente, foi um poeta português, pertencente à arcádia portuense, academia literária constituída por poetas.
Em 1731, ainda menino, requereu Ordens Menores. Mais tarde, por volta de 1735 foi para Coimbra frequentar o curso de Cânones. Saiu formado nemine discrepante em 17 de Junho de 1741.
Paulino foi escolhido para abade da Igreja paroquial de Santa-Maria-de-Jazente, da comarca de Sobretâmega, a uma légua de Amarante e muito perto da sua terra natal, por despacho de 26 de outubro de 1752, de D. Frei José Maria da Fonseca e Évora, que era então Bispo do Porto...
(fonte: Wikipedia)
Serra da Serra da Estrela - Portugal
13/05/2016 - Publié par Portugal Tourism 
A natureza no coração da Serra da Estrela

lundi 9 mars 2020

A saudade


O Poetizando e Encantando está de cara nova, iniciando a segunda edição- nº 01
Sejam todos bem-vindos!
En réponse à l'invitation de Lourdes Duarte, je participe à la deuxième édition du "Poetizando e Encantando": 
(image copiée du site de Lourdes Duarte pour faire référence au post de ce jour)

A saudade

Piso as pedras da calçada,
como o vibrar do tempo que passa,
quando o silêncio entoa no meu peito,
e que não sinto a tua presença,
e que não me satisfaz o teu jeito. 

Tão longe de mim o amor.
Peço à brisa que me responda
onde encontrar os jardins felizes,
risos, abraços, palavras desvairadas,
os mimos, e segredos que me dizes.

Abriu-se o lar vazio e sem brilho.
O sonho me afasta do vento.
A alma sofre só e desolada.
O chá arrefece no seu tempo.
Sinto falta dos passos, nos degraus da escada.

E com o passar dos dias, 
para longe, pela calada,
na travessia do lugar, no final da estrada,
o ar é frio, afastam-se as luzes da cidade,
pousam-se os olhos, sobre os montes da saudade.

Angela 


vendredi 6 mars 2020

Mia Couto - "saudade / nostalgie"


O Poetizando e Encantando está de cara nova, iniciando a segunda edição- nº 01
Sejam todos bem-vindos!
En réponse à l'invitation de Lourdes Duarte, je suggère que l'on lise un poème de Mia Couto sur le thème de la "saudade"


(image copiée du site de Lourdes Duarte pour faire référence au post de ce jour)

Mia Couto, né sous le nom de António Emílio Leite Couto, est un fameux écrivain et poète mozambicain, né à Beira, une ville du Mozambique. Ses parents portugais avaient voyagé du Portugal pour s'installer dans dans la région, au cours du 20e siècle.
Le Mozambique a été une colonie du Portugal jusqu'à l'indépendance, en 1975. De nombreux anciens portugais ont pu continuer leur vie dans le territoire, et prendre la nouvelle nationalité, tout en adoptant les valeurs du nouveau pays.


Saudade

Magoa-me a saudade
do sobressalto dos corpos
ferindo-se de ternura
dói-me a distante lembrança
do teu vestido 
caindo aos nossos pés

Magoa-me a saudade
do tempo em que te habitava
como o sal ocupa o mar
como a luz recolhendo-se
nas pupilas desatentas

Seja eu de novo a tua sombra, teu desejo,
tua noite sem remédio
tua virtude, tua carência
eu
que longe de ti sou fraco
eu
que já fui água, seiva vegetal
sou agora gota trémula, raiz exposta

Traz
de novo, meu amor,
a transparência da água
dá ocupação à minha ternura vadia
mergulha os teus dedos
no feitiço do meu peito
e espanta na gruta funda de mim
os animais que atormentam o meu sono.


Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas
S
SAUDADE - poema de MIA COUTO
Publié par CVasc2012 •20 de abr. de 2013
Nostalgie  (ma traduction d'amateur qui pourra aider ceux qui ne comprennent pas le portugais)
J'ai mal de la nostalgie
du sursaut des corps
se blessant dans la tendresse
j'ai mal du souvenir lointain
de ta robe
tombant à nos pieds


J'ai mal de la nostalgie
du temps lorsque je vivais en toi
comment le sel occupe la mer
comme lorsque la lumière se recueille
dans les pupiles distraites

Que je sois à nouveau ton ombre, ton désir,
ta nuit sans remède
ta vertue, ta carence
moi
qui loin de toi suis fragile
moi
qui ai déjà été l'eau, la sève végétale
je suis maintenant une goutte tremblante, une racine exposée


Apporte
à nouveau, mon amour,
la transparence de l'eau
donne de l'occupation à ma tendresse errante
plonge tes doigts
dans ma poitrine ensorcelée
et chasse dans ma grotte profonde
les animaux qui tourmentent mon sommeil.


Mia Couto, pseudónimo de António Emílio Leite Couto, nasceu na Beira em Moçambique, filho de uma família de portugueses chegados a Moçambique no princípio da década de 50
Mia Couto tem uma obra literária extensa e diversificada, incluindo poesia, contos, romance e crónicas, e é considerado como um dos escritores mais importantes de Moçambique.

(fonte: textos da internet)
O escritor Moçambicano Mia Couto recebeu em 2013 o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa; imagem da entrega do prémio na presença da presidente do Brasil e do presidente de Portugal (fonte da internet).
En 2013, Mia Couto reçoit le Prix Camões, plus haute distinction attribuée à un auteur de langue portugaise pour l'ensemble de son œuvre (information et image du net). 
Ci-dessus, en présence de la presidente du Brésil et du président du Portugal qui lui ont remis le diplôme.