Pausa deste blog

vendredi 27 novembre 2020

Joaquim Pessoa - "Tu ensinaste-me a fazer uma casa - Tu m'as appris à faire une maison"

"Tu m'as appris à faire une maison", je vous présente un poème du poète portugais Joaquim Pessoa.

née le 22 février 1948 à Barreiro (ville du Portugal)

image du net

Tu Ensinaste-me a Fazer uma Casa

Tu ensinaste-me a fazer uma casa:
com as mãos e os beijos.
Eu morei em ti e em ti meus versos procuraram
voz e abrigo.
E em ti guardei meu fogo e meu desejo. Construí
a minha casa.
Porém não sei já das tuas mãos. Os teus lábios perderam-se
entre palavras duras e precisas
que tornaram a tua boca fria
e a minha boca triste como um cemitério de beijos.

Mas recordo a sede unindo as nossas bocas
mordendo o fruto das manhãs proibidas
quando as nossas mãos surgiam por detrás de tudo
para saudar o vento.

E vejo teu corpo perfumando a erva
e os teus cabelos soltando revoadas de pássaros
que agora se recolhem, quando a noite se move,
nesta casa de versos onde guardo o teu nome.

Joaquim Pessoa, in 'Os Olhos de Isa'


Tu m'as appris à faire une maison

Tu m'as appris à faire une maison:
avec les mains et les baisers.
J'ai vécu en toi et en toi mes vers ont cherché
voix et abri.
Et en toi j'ai gardé mon feu et mon désir. J'ai construit
ma maison.
Mais je ne sais plus où sont tes mains. Tes lèvres sont perdues
entre des mots durs et précis
qui ont rendu ta bouche froide
et ma bouche triste comme un cimetière de baisers.

Mais je me souviens de la soif qui unissait nos bouches
qui mordaient le fruit des matins interdits
quand nos mains apparaissaient de partout 
pour saluer le vent.

Et je vois ton corps qui  parfumait l'herbe
Et tes cheveux qui libéraient des volées d'oiseaux
qui maintenant se refugient, quand la nuit se déplace,
dans cette maison de vers où je garde ton nom.


image du net
Joaquim Maria Pessoa (Barreiro, 22 de fevereiro de 1948), conhecido por Joaquim Pessoa, é um poeta, artista plástico, publicitário e estudioso de arte pré-histórica português.



jeudi 5 novembre 2020

Beatriz Brandão - "Voa, suspiro meu, vai diligente / Vole, mon soupir, va diligent"

Beatriz Francisca de Assis Brandão 
(Ouro Preto, 1779 — Rio de Janeiro, 1868)
fille du sargent-major Francisco Sanches Brandão et de Isabel Feliciana Narcisa de Seixas,
image du net

poètesse, traductrice, musicienne et éducatrice, née au Brésil pendant la période coloniale.
C'est son arrière grand-père Francisco Sanches Brandão qui avait quitté la ville de Porto, au Portugal, pour aller vivre au Brésil. 

"Sonnet"

Voa, suspiro meu, vai diligente,
Busca os Lares ditosos onde mora
O terno objeto, que minha alma adora,
Por quem tanta aflição meu peito sente.

Ao meu bem te avizinha docemente;
Não perturbes seu sono: nesta hora,
Em que a Amante fiel saudosa chora,
Durma talvez pacífico e contente.

Com os ares, que respira, te mistura;
Seu coração penetra; nele inspira
Sonhos de amor, imagens de ternura.

Apresenta-lhe a Amante, que delira;
Em seu cândido peito amor procura;
Vê se também por mim terno suspira.

(Beatriz Brandão)

J'ai fait la traduction en amateur, de ce sonnet aux empreintes de lyrisme Romantique, où les sentiments de l'amour sont à l'honneur:


Vole, mon soupir, va diligent, 
Cherche les radieux lieux où vit 
Le tendre objet, que mon âme adore, 
Pour qui tant d'affliction ma poitrine ressent. 

À mon bien-aimé, l'approche doucement; 
Ne dérange pas son sommeil: à l'heure, 
Où sa fidèle Amante de désir pleure, 
Peut-être dort-il paisible et content. 

Avec l'air, qu'il respire, va t'assembler; 
Pénètre son coeur; en lui inspire
Des rêves d'amour, de douces pensées. 

Présente-lui l'Amante, qui délire; 
Dans sa candide poitrine l'amour elle cherche; 
Vois aussi si pour moi, tendre il soupire.



Transcritos de publicações da internet, alguns detalhes da vida de Beatriz Brandão:

Beatriz Francisca de Assis Brandão 
Ou D. Beatriz, como assinava suas obras foi uma poetisa, música, colunista, professora e tradutora que viveu em Minas e no Rio de Janeiro nos séculos XVIII e XIX.
Nascida em 29 de Julho de 1779, na cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto), a poeta era prima de Maria Doroteia de Seixas Brandão, a Marília de Dirceu; 
casou-se com o Alferes Vicente Baptista de Alvarenga e se lhe divorciou em 1839 pelo Juízo Eclesiástico, por ser vítima de maus tratos dele. 
A partir daí, ela se muda para o Rio de Janeiro, onde passa a publicar os poemas que sempre escrevera; contribuiu para os jornais Marmota Fluminense e Guanabara. Após publicar suas obras no Parnaso Brasileiro, ela as compila e publica um livro de poesia - Cantos da mocidade - e, em seguida, um segundo livro: Carta de Leandro a Hero, e Carta de Hero a Leandro, ambos no Parnaso Brasileiro. Ela morre em 05 de fevereiro de 1868, no Rio de Janeiro. É patrona da cadeira nº 38 da Academia Mineira de Letras.


Et encore un deuxième sonnet de Beatriz Brandão:


SONETO

Que tens, meu coração? Porque ansioso
Te sinto palpitar continuamente?
Ora te abrasas em desejo ardente,
Outra hora gelas triste e duvidoso?

Uma vez te abalanças valeroso
A suportar da ausência o mal veemente;
Mas logo esmorecido, descontente,
Abandonas o passo perigoso?

Meu terno coração, ela, resiste,
Não desmaies, não tremas; pode um dia
Inda o Fado mudar o tempo triste.


Suporta da saudade a tirania,
Que ainda verás feliz, como já viste,
Raiar a linda face da alegria.

(Beatriz Brandão)