Pausa deste blog

mercredi 11 juillet 2018

Noemia de Sousa – “Canção fraterna / chanson fraternelle”



De son nom complet Carolina Noémia Abranches de Sousa Soares, Noemia de Sousa fut une poétesse mozambicaine, née à Lourenço Marques, l’ancien nom de Maputo, la capitale du Mozambique, et décédée le 4 décembre 2002, à Cascais, Portugal
Poétesse engagée, sous le régime colonial

Carolina Noémia Abranches de Sousa Soares nasceu em Lourenço Marques (atual Maputo) em 20 de setembro de 1926 e morreu em Cascais, Portugal, em 4 de dezembro de 2002

Avec ma traduction d'amateur en rouge pour vous faire connaitre cette poétesse qui défendait les faibles et les exploités



Canção fraterna                                 Chanson fraternelle

Irmão negro de voz quente                Frère noir à la voix chaude
o olhar magoado,                               au regard blessé,
diz‑me:                                              dis-moi:
Que séculos de escravidão              Quels siècles d’esclavage
geraram tua voz dolente?                Ont engendré ta voix endolorie?
Quem pôs o mistério e a dor            Qui a mis le mystère et la douleur
em cada palavra tua?                      dans chacune de tes paroles?
E a humilde resignação                   Et l’humble résignation
na tua triste canção?                       dans ta triste chanson?

Foi a vida? o desespero? o medo? Est-ce la vie? le desespoir ? la peur ?
Diz‑me aqui, em segredo,               Dis-le moi, en secret,
irmão negro.                                    frère noir.

Porque a tua canção é sofrimento    Car ta chanson est faite de souffrance

e a tua voz sentimento                      et ta voix est sentiment
e magia.                                            et magie.
Há nela a nostalgia                           Elle englobe la nostalgie
da liberdade perdida,                       de la liberté perdue,
a morte das emoções proibidas,      la mort des émotions interdites,
e a saudade de tudo que foi teu      et la nostalgie de tout ce qui était à toi
e já não é.                                       et qui n’est plus.

Diz‑me, irmão negro,                                    Diz-moi, frère noir,

Quem fez a vida assim...                             Qui est-ce qui te transforma la vie ainsi...
Foi a vida? o desespero? o medo?              Est-ce la vie? le desespoir ? la peur ?

Mas mesmo encadeado, irmão,                  Dans le même enchaînement, mon frère,

que estranho feitiço o teu!                           Quel étrange sortilège est le tien!
A tua voz dolente chorou                            Ta voix endolorie a pleuré
de dor e saudade,                                       de douleur et de nostalgie
gritou de escravidão                                   a crié d’esclavage
e veio murmurar à minha em alma ferida  et est venu murmurer à mon âme blessée
que a tua triste canção dorida                    que ta triste chanson douloureuse
não é só tua, irmão de voz de veludo        n’est pas qu’à toi, mon frère à la voix de velours
e olhos de luar.                                          et aux yeux au clair de lune.
Veio, de manso murmurar                         Elle est venue, doucement en murmurant

que a tua canção é minha                         que ta chanson est aussi la mienne.

- Noémia de Sousa, em "Sangue negro". Moçambique: Associação de Escritores Moçambicanos, 2001, p. 74-75.

Je vous invite à une visite à Lourenço Marques, aujourd'hui Maputo, capitale du Mozambique, l'ancienne colonie portugaise, la ville où est née la poétesse Noémia de Sousa, images d'avant l'indépendance et la guerre:

  
Lourenco Marques 1970 Publié par Fernando Cabral 




Apesar de uma semana muito intensa, deixo a minha participação,  cara Lourdes,  é tarde, sim mas é com muito gosto que respondo ao convite do Poetizando :)

2ª Imagem- Um guif de uma mulher segurando uma lamparina em uma noite onde a neve cai.


Mistérios da noite

Dança meu luar
Para que os sons da noite comecem a sinfonia!
luta, paixão, curiosidade, descoberta,
solidão indefinida, apreensiva ironia

Para que servem as palavras ?
Se em inquietação adormece o dia,
se na doçura de cautelosas sombras,
laços do passado chamam por mim?

Em meu redor,
voam em leveza, pólenes de jasmim,
apressam-se efémeros insetos,
reflexos cintilantes, à luz de uma candeia

Ilusão de águas passadas e praias de areia,
trechos contidos de colorida emoção
esvoaçam neste lugar,
como corujas de olhos atentos e penas macias!

Angela

15 commentaires:

  1. Para que servem as palavras ?
    ... para fazerem das escolhas ... belas partilhas como esta!!!bj

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  2. aporte en el blog.

    Espero que vuelvas por el blog siempre que lo desees.
    Besos

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  3. Querida Ângela, eu não conhecia Noemia de Sousa e com sua postagem deu para saer que ela tem marcas profundas e culturais que vele ser homenageada. Parabéns!

    Quanto a sua poesia, linda! cada vez mais poetizas lindamente! da gosto vir aqui apreciar seu lindo poetar.

    Mistérios da noite

    Dança meu luar
    Para que os sons da noite comecem a sinfonia!
    luta, paixão, curiosidade, descoberta,
    solidão indefinida, apreensiva ironia

    Uma escolha perfeita para uma linda poesia! Obrigada querida por mais uma vez participar com competência, e este majestoso poetar. Seja sempre bem vinda e muito obrigada por nos da o prazer de vir aqui e nos deleitar na sua maravilhosa composição poética. Abraços, continuação de uma semana feliz.

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  4. Ângela minha querida, que bela homenagem uma mega postagem. E sua poesia, mais uma pérola poética. Parabéns pela linda participação. Abraços, seja feliz.

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  5. Boa noite, querida amiga Ângela!
    Suas postagens são tão abrangentes. Como gosto de estar aqui!
    Gostei muito dos versos que falam das palavras e do silêncio da noite... lindíssimos!
    Realmente, a emoção tem tom colorido e dá vida aos nossos dias.
    Na canção: olhos de luar... belos!
    Tenha dias felizes e abençoados!
    Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem

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  6. Oi Ângela, que bela partilha da poesia sentida e histórica da Noemia, que eu não conhecia. Este lamento da segregação do exílio, do abandono em mares estranhos, que tanto marcou o povo negro Africa e perpetuou-se no Brasil.
    E sua inspiração na noite é de uma beleza fantástica, cada vez mais nos mostra uma elegância poética que agrada ler e se inspirar. E gosto de ler sobre os mistérios da noite com suas criaturas. A noite é uma aliada dos poetas sim.
    Beijo amiga e bom fim de semana de paz e luz.

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  7. Uma poética busca, iluminada pela inspiração.

    Um abraço e bom fim de semana.

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  8. Muito linda a sua participação Angela!
    Bjs e obrigada pela visita.
    Carmen Lúcia.

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  9. Quelle est belle et touchante cette chanson fraternelle

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  10. O fantástico da vida é saber fazer de um pequeno instante, um grande momento e transformar a solidão, a saudade, o desamor, o amor e até mesmo a tristeza em lindos versos, numa composição poética.

    Amiga, estou aqui com mais um convite do poetizando e Encantando. Amanhã, sábado, postarei. Nesta edição as imagens estão doces, ternas, um verdadeiro convite para poetizarmos e deixarmos os nossos pensamentos fluírem, saindo do coração.

    Será um prazer apreciar mais uma vez seu lindo poetar.
    Abraços, lhe espero nesta edição, com mais uma majestosa participação.

    Abraços, feliz fim de semana.
    Da amiga Lourdes Duarte

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  11. Oi Angela
    Tu és uma poetisa iluminada que nos agracia com o elixir da sensibilidade poética e nos arrebata para esse de encantamento e belíssima inspiração
    O poema da Carolina é emocionante
    Beijos e carinhos meus querida amiga

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  12. Olá, miúda!

    Não conhecia a excelente poesia de Noémia de Sousa, poetisa moçambicana, de quem falas aqui.

    Não sei se a escravidão e outras situações, fizeram do povo negro aquilo k ele é e continuará a ser, não sei. Eles são extremamente alegres, em contrapartida, falam mto alto, adoram rádios e óculos escuros. Para serem felizes, precisam de pouca coisa, poucos objetos, contrariamente a nós. Sim, agora, precisam de um telemóvel, topo de gama, de um bom relógio e de roupa comprada na Av. da Liberdade, mas esses são os mais ricos e geralmente angolanos.
    No prédio, onde vivo, a porteira é africana, com 3 crianças e fico de olhos arregalados, qdo vejo a roupa deles estendida. Não usam molas. Da casa vem um cheiro, que demonstra falta de higiene. Como falam mto alto, e a música, aos fins de semana, não para, já foram avisados "n" vezes, mas a "coisa" ainda não entrou naqueles cérebros. Ela, auxiliar de enfermagem num hospital e ele dono de uma oficina de carros. Rondam, ambos, os 30 anos. Já não mudam, está-lhes no sangue.

    Qto à poetisa Ângela, não percebo, pke guardas esse talento pra ti. Felizmente, k te vais expondo no "Poetizando". O teu poema, dedicado à noite e aos seus mistérios, está excecionalmente bem feito, rico e com palavreado do caro -rs. Tu escreves bem prosa, é verdade, mas a poesia não lhe fica nada atrás. Avança, pke sabes aquilo que escreves e que dizes.

    Beijinhos e boa semana.

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  13. Olá Ângela, notei sua falta nesta semana da BC poetizando e vim para ver se estava por aqui.
    Uma semana maravilhosa amiga e que tenha paz e alegria em cada dia.
    Carinhoso abraço de paz.
    Beijo amiga.

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  14. Hoje é só para dizer que já estou de volta.
    Amanhã já haverá comentários.

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  15. Gostei deste post, meus parabéns.

    Arthur Claro
    http://www.arthur-claro.blogspot.com

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