Poeta português do Neoclassicismo, António Dinis da Cruz e Silva nasceu em 1731, em Lisboa, e faleceu em 1799, no Rio de Janeiro.
António Dinis estudou Latim e Filosofia no Colégio dos Oratorianos e, em 1747, entrou na Universidade de Coimbra onde estudou Direito, altura em que terá escrito os seus primeiros poemas.
Depois de cursar Direito, seguiu a carreira da magistratura. Foi juiz de fora em Castelo de Vide, em 1759, e juiz auditor militar em Elvas, em 1764. Foi depois nomeado desembargador da Relação do Rio de Janeiro.Poeta do Neoclassicismo, foi um dos fundadores da Arcádia Lusitana ou Olissiponense, que era o designativo da academia de Belas-Artes criada em 1756 na cidade de Lisboa, importante marco introdutório do arcadismo em Portugal, tendo António Dinis adoptado o pseudónimo de Elpino Nonacriense.
O arcadismo foi um movimento literário europeu do século XVIII, também denominado de setecentismo ou neoclassicismo, derivado do espírito iluminista, que buscava basicamente a simplicidade. Em reação contra os excessos do barroco, os árcades resolveram se basear-se nos artistas clássicos antigos.
A principal caracteristica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo o que lhe diz respeito.
O arcadismo exalta uma poesia simples, clara e direta e a necessidade de viver o presente...
RAIAVAM NO HORIZONTE OS RESPLENDORES
Raiavam no Horizonte os resplendores
Da marchetada Aurora, que esparzia
Das soltas tranças sobre a terra fria
Um mimoso chuveiro de mil flores:
Ao mesmo passo Aglaia, os meus amores,
Pelo cume de um monte aparecia,
Enchendo a selva toda de alegria
Com a luz de seus olhos triunfadores.
Vinha tão bela, tão airosa estava,
Que do rosto gentil, gentil postura
A terra e o mesmo Céu se namorava:
Então vi que ante a sua formosura
Cheia de pejo a Aurora se ocultava,
Qual ante a mesma Aurora a Noite escura.
(Avec ma traduction d'amateur)
À l'Horizon rompaient les splendeurs
À l'Horizon rompaient les splendeurs
De l'Aurore miroitante, qui répandait
De ses tresses défaites sur la terre gelée
Une fine pluie de mille fleurs:
Au même rythme Aglaé, mes amours,
Du haut d'une colline apparaissait,
Et elle remplissait de joie toute la forêt
À la lumière de ses yeux triomphants.
Elle venait si belle, et tellement gracieuse,
Que du doux visage et de la douce posture
La terre et même le Ciel se passionnaient:
J'ai vu alors que devant sa perfection
Pleine d'embarras l'Aurore se dérobait,
Comme devant la même Aurore la Nuit obscure.
Corre, já entre serras escarpadas,
Corre, já entre serras escarpadas,
Já sobre largos campos, murmurando.
o Tieté, e, as águas engrossando,
soberbo alaga as margens levantadas.
Penedos, pontes, árvores copada:
quanto topa, de cólera escumando,
com fragor espantoso vai rolando
nos vórtices das ondas empoladas.
Mas quando mais caudal, mais orgulhoso,
as margens rompe, cai precipitado,
atroando ao redor toda a campina.
O próprio retrato é dum poderoso,
pois quanto mais sublime é seu estado
mais estrondosa é a sua ruína.
António Dinis da Cruz e Silva
Olá, querida amiga Ângela!
RépondreSupprimerInteressante, também falo no Arcadismo no meu blog Escritos da Alma.
Gosto do estilo e a simplicidade me encanta.
A sabedoria de se viver o presente seja qual for...
Tenha dias abençoados na nova semana!
Beijinhos
Estou a conhecer aqui.
RépondreSupprimerBoa semana
Uma publicação sublime. Obrigada pela partilha!
RépondreSupprimer.
Tudo parecia mágico, tudo me seduzia.
.
Beijo, e uma ótima semana.
Grata pela partilha de um poeta que desconhecia.
RépondreSupprimerAbraço e saúde
Foi um bom poeta.
RépondreSupprimerMas está muito esquecido.
Ainda bem que aqui o trouxe, pois assim não morre na nossa memória.
Boa semana, amiga Ângela.
Um beijo.
É bom que traga poetas que estão a cair no esquecimento. Obrigada.
RépondreSupprimerUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.