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samedi 19 novembre 2016

Fernando Pessoa: "A criança que fui chora na estrada/ l'enfant que j'ai été pleure sur la route"



Fernando Pessoa (1888-1935)  - poète portugais

A criança que fui chora na estrada (1933)

voici ma traduction libre de ce joli poème qui porte toute la nostalgie des temps de l'enfance!


L'enfant qui j'ai été pleure sur la route


L’enfant que j’ai été pleure sur la route.
Je l’ai laissé là-bas en devenant ce que je suis;
Mais aujourd’hui, en voyant que ce que je suis n'est rien,
Je veux y retourner chercher celui qu'alors j’étais.

Ah, mais comment puis-je le retrouver? Celui qui
L’aller a échoué a le retour erroné.
Je ne sais plus d’où je viens ni où je suis.
De ne pas le savoir, mon âme en est prostrée.

Si au moins en atteignant ce lieu
Une haute montagne, d’où je pourrais enfin
Ce que j’ai oublié, en le regardant, me le rappeler.

En l’absence, au moins, je saurai qui je suis,
Et en me voyant tel que j’ai été de loin, je trouverai
En moi un peu de ce que j’étais ainsi.





A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.

Ah, como hei de encontrá lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.

Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,

Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.



PESSOA, Fernando. Novas Poesias Inédita

22-9-1933

4 commentaires:

  1. Meu Deus(!...) que maravilha de página. Desde que ando nos blogs não havia achado melhor espaço que este - esta é a minha praia! Parabéns, voltarei sempre por aqui. Sou brasileiro e sigo o Pedro Coimbra. Mas este local me é maravilhoso porque os dois tipos de literatura que mais gosto, se é que letra de fado é literatura, é fado e poesia - e poesia de Fernando, o papa. Dê uma olhada em meu blog e irás constatar. Este fado da Amália é maravilhoso. Eu não o conhecia e nem sabia que existia fado com letra tão extensa - é um poema narrativo. Parabéns! Meu abraço fraterno e minha gratidão pela oportunidade. Laerte(Silo).

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  2. Pois, Fernando Pessoa é igual a todos nós, k "choramos" pelo tempo da nossa infância, mas ele não volta atrás.
    Temos k ter paciência, mas a vida foi, é e será assim para todos, sem piedade. INCLEMENTE!

    Tenho de dizer e lendo o k Laerte escreveu, Fernando Pessoa, não é a "minha praia", aliás, como sabes, eu detesto mar e afins, onde se inclui a praia (risos).

    Beijos, Ângela!

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  3. Cara Angela.
    Que júbilo retornar neste imperdível espaço cibernético poético.
    Folgo saber que estás a apreciar poetas, que são meus patrícios.
    Sempre fico jubiloso quando tu embarcas no vagão do Expresso do Oriente e, mais ainda, deixa registro no livro de bordo.
    Caloroso abraço. Saudações poéticas.
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.

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